INFRAESTRUTURA

Obras na Epig e no Eixão geram insegurança em vias do DF

Intervenções na Epig e no Eixão causam desvios que trazem riscos e complicam a vida dos motoristas. Governo local garante que os trabalhos seguem em ritmo acelerado e devem ser concluídos até meados de 2026

Cerca de R$ 160 milhões serão investidos nas obras na Epig, que começaram em abril de 2023 -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
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Cerca de R$ 160 milhões serão investidos nas obras na Epig, que começaram em abril de 2023 - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Em diversos pontos da capital, o trânsito está alterado há meses por conta de reformas em algumas das principais vias da cidade. Apesar da expectativa de bons resultados após a conclusão dos trabalhos, muitos motoristas têm se queixado dos transtornos e do risco causados pelas interdições em ruas movimentadas. A Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig) e a rodovia DF-002, popularmente conhecida como Eixão, estão entre as mais afetadas, com obras ocorrendo desde abril de 2023 e novembro de 2024, respectivamente. 

A Secretaria de Obras do Distrito Federal (SODF) informa que a intervenção na Epig deve ser concluída em meados de 2026. Com cerca de R$ 160 milhões investidos, os transtornos têm incomodado moradores, mas a SODF garante que os trabalhos seguem em ritmo acelerado. No Eixão Norte, o Governo do Distrito Federal (GDF) informou, em novembro do ano passado, que a conclusão é esperada entre o fim deste ano e o começo do próximo. 

Os impactos são maiores para as pessoas que usam as vias com maior frequência. Motorista de aplicativo, Felipe Fernandes vem de São Sebastião ao Plano Piloto todos os dias para trabalhar, mas se incomoda muito quando passa pelo Eixão. Mesmo com sinalização indicando o desvio, ele reclama que é difícil vê-la, especialmente à noite, por ficar em um lugar escurecido pelas árvores. 

"Essa obra vem prejudicando o nosso traslado há muito tempo. Seria ideal finalizarem o quanto antes. Tem muita colisão, já vi várias, mas, graças a Deus, nunca aconteceu comigo. É escuro, um lugar bem ermo e você só vê a sinalização em cima. Virou um grande afunilamento, não é mais aquela via expressa do que era antes, está bem ruim mesmo", criticou.

O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) comenta que, apesar dos acidentes relatados ao Correio, mantém dados apenas do número de acidentes fatais, que ainda não foram registrados na Epig e no Eixão desde o começo das obras. 

Desatenção

Motorista há cerca de três décadas, Leonardo Fernandes, 56, diz que já viu vários acidentes. Ele acredita que as pessoas estão mais desatentas no trânsito, o que resulta em mais acidentes. "Quando dirijo, eu tenho que focar em me proteger de pessoas que estão desatentas. Muita gente dirige sem cuidado, às vezes até olhando para o celular ou sob o efeito de álcool. Eu mantenho distância, porque não quero virar só mais um número em uma estatística negativa", disse.

Leonardo explica que a desatenção, combinada aos desvios causados pelas obras, gera um perigo ainda maior. Para ele, muitos condutores desatentos entram muito rápido nas vias e só percebem a interdição das obras em cima da hora, o que leva a manobras bruscas e coloca outros motoristas em risco.

Incômodos

Thales Yoshida, 36, mora no Sudoeste e, constantemente, observa infrações no trânsito, os chamados "gatos", na Epig, onde há obras. "Ontem (segunda-feira), o motorista à minha frente fez a inversão de pistas ali no meio, porque não tem nada separando as pistas, nada que impeça uma situação dessa. Eu buzinei, o carro da outra pista buzinou. Alguém mais distraído poderia ter batido", contou.

Quem anda a pé também é afetado pelo trecho em obras. Mickaella Karolina, 23, funcionária de uma pizzaria no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), conta que enfrenta dificuldades para voltar para casa de ônibus na Epig. "A parada principal quase não tem iluminação. De noite, quando temos que sinalizar para o ônibus parar, precisamos acender a lanterna do celular, na maioria das vezes, para que o motorista nos veja", relatou.

De acordo com Mickaella, que trabalha há cinco anos no estabelecimento, a sinalização horizontal na pista é um fator que prejudica a rotina de quem se movimenta pelo trecho. "A faixa de pedestre está muito apagada. Isso faz com que muitos veículos não parem. Esses dias uma senhora quase foi atropelada atravessando na faixa. O carro simplesmente não parou", disse.

"O ideal seria que todas as condições de segurança fossem integralmente preservadas durante as obras. Como isso nem sempre (ou melhor, quase nunca) é possível, é preciso fazer intervenções como, por exemplo, redução de velocidade, criação de desvios e, principalmente, destinação de espaços seguros para a circulação de pedestres", explica Paulo Cesar Marques, professor de Engenharia de Tráfego na Universidade de Brasília (UnB) sobre as medidas de segurança adotadas nas obras. 

Ele explica que o sistema de sinalização brasileiro tem um subsistema de sinalização temporária, caracterizada pela cor laranja, destinada para as situações provisórias, como a execução de obras. Apesar desse cuidado, Marques acredita que muitas vezes os executores das obras negligenciam o uso da sinalização temporária. 

*Estagiário sob supervisão de Eduardo Pinho

 

  •  21/03/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Obras no Setor de Indústrias Gráfica.
    21/03/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Obras no Setor de Indústrias Gráfica. Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  •  21/03/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Obras no Setor de Indústrias Gráfica.
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  •  21/03/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Obras no Setor de Indústrias Gráfica.
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  •  21/03/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Obras no Setor de Indústrias Gráfica.
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  •  21/03/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Obras no Setor de Indústrias Gráfica.
    21/03/2025. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Obras no Setor de Indústrias Gráfica. Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
Henrique Sucena
postado em 26/03/2025 04:00