
O incentivo à cultura é uma das marcas de Ceilândia e não dá para falar sobre o assunto sem citar o projeto Jovem de Expressão que, há mais de 17 anos, proporciona, de forma gratuita, a inserção desse público em diversas atividades. Rayane Soares é uma das pessoas que viu sua história mudar de rumo, por causa do projeto.
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Há 10 anos, ela conheceu o Jovem de Expressão enquanto estava atrás de cursos na área da fotografia. "Se fosse buscar no mercado, seria muito caro e eu não daria conta de pagar", comenta. Só que a conexão foi além e, após terminar o curso oferecido, Rayane acabou se envolvendo com o projeto e se tornou uma das coordenadoras.
Apesar de não morar em Ceilândia, ela conta que a região se tornou sua "primeira casa", muito por causa do Jovem de Expressão. "Todo o meu ciclo social está concentrado em Ceilândia. Além disso, ela se diferencia muito das outras regiões, por causa da diversidade cultural que existe aqui", avalia.
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"Gosto muito de encontrar meus amigos na Feira de Ceilândia, para almoçar e conversar. Além disso, a Casa do Cantador é um ponto muito bom, por ser um dos projetos, se não o único, de Niemeyer fora de Brasília", acrescenta.
Segundo Rayane, uma de suas ligações mais fortes com Ceilândia é a galeria de arte urbana que ela ajudou a construir, a Risofloras. "É a primeira e única, por enquanto. É marcante porque fui uma das fundadoras, então, quando eu estiver mais velha e outras galerias forem criadas por aqui, vou me lembrar desse legado que ajudei a iniciar", observa.

Acolhedor
Assim como o Jovem de Expressão, a Casa Akotirene também acolhe a comunidade, conforme explica a fundadora do projeto, Joice Marques. "O espaço nasceu da necessidade de termos um local para a gente se organizar enquanto movimento de mulheres negras", comenta. "Desenvolvemos inúmeras atividades para a comunidade, principalmente de formação profissional e educação, atendendo desde crianças, adolescentes, jovens, enfim, pessoas de todas as idades", acrescenta.
Joice disse que, no início, não imaginava que o espaço ia ser tão potente e tão importante para Ceilândia. "A gente fica muito feliz de ver o quanto a gente tem contribuído de forma muito positiva para a nossa comunidade. É uma honra, com certeza, estar aqui em Ceilândia, poder somar com a cidade e com essa gente, que é maravilhosa e aguerrida", ressalta.
Isso, segundo ela, faz com que as histórias da Casa Akotirente, a de Ceilândia e a dela própria se misturem. "Eu até falo que o que eu tenho com Ceilândia é muito pessoal. Como mulher nordestina, aqui em Ceilândia me sinto muito em casa. A identidade da região faz eu me sentir viva, abraçada e acolhida", descreve.
A visão de Joice para o futuro de Ceilândia é de valorização. "Espero que a gente possa ter mais oportunidades, que as nossas crianças e os nossos adolescentes possam ter espaços de acolhimento e de formação", afirma. "Também quero que esses estereótipos negativos que são colocados, em relação a Ceilândia, sejam quebrados", deseja.