
O Mês da Mulher vai além de homenagens. A data representa um momento para refletir sobre o contexto histórico e as conquistas femininas até os dias de hoje. Este ano, a data inspirou órgãos públicos e instituições culturais de Brasília a promover exposições gratuitas que reforçam a ocupação de espaços, a visibilidade de histórias antes silenciadas e a necessidade contínua de questionar as desigualdades que ainda persistem.
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Dessa forma, a Câmara dos Deputados apresenta a exposição Pequim 30 e a Igualdade de Gênero no Parlamento Brasileiro, que revisita os 30 anos da IV Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada na capital da China pela ONU.
A mostra faz um panorama das conquistas femininas no Brasil, incluindo o direito ao voto, em 1932, a aprovação da CLT, em 1943, que reconheceu direitos trabalhistas das mulheres, e a promulgação da Constituição Federal de 1988, que formalizou a igualdade de direitos entre homens e mulheres.
No Salão Negro do Congresso Nacional, a exposição Arte e Alma Feminina reúne obras de 46 artistas mulheres. O evento conta com 40 quadros, dois mobiliários e quatro esculturas, que celebram a presença feminina na arte e na cultura.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apresenta a exposição Não é sobre o que vestimos, que questiona a ideia de que a roupa da vítima pode justificar crimes sexuais. A mostra expõe peças inspiradas nas vestimentas reais de mulheres que sofreram violência, em casos investigados pela PCDF. O que evidencia que o abuso não tem relação alguma com a roupa, e, sim, com a cultura de violência.
Ao Correio, a diretora do DPE, Ana Carolina Litran, reforçou a mensagem da exposição. "Nenhum comportamento, roupa ou circunstância justifica um ato de violência. É um momento para questionar a cultura que relativiza o abuso e responsabiliza quem sofre ao invés de quem agride".
A advogada Gabriela Castelo, de 31 anos, relatou sua reação ao ver os manequins. "Eu nem precisei ler a respeito para saber sobre o que se tratava. Que horror! Eu fiquei impactada! Havia roupas de crianças, adolescentes e idosas". Entre as peças, um uniforme escolar e a vestimenta recatada de uma senhora chamaram a atenção. "O fato de ser curto ou não, obviamente, não faria diferença, mas percebemos que, independentemente da roupa, os assédios continuam acontecendo pelo fato de ser mulher e vulnerável", acrescentou.
A enfermeira Patrícia Rodrigues, 32, elogiou a iniciativa da exposição. "Nós, mulheres, achamos que o que a gente veste, o que a gente fala e como a gente se porta dá liberdade para algum homem fazer o que quer com a gente. Mas isso não é sobre a gente. Podemos fazer o que quisermos, pois somos livres".
O Museu das Mulheres, primeiro do Brasil dedicado exclusivamente à produção artística feminina, apresenta a exposição Acervo do Museu das Mulheres: Primeiras Aquisições. A mostra reúne obras de artistas consagradas e pioneiras da cena artística de Brasília. As linguagens artísticas variam entre gravuras, esculturas, pinturas, fotografias, objetos, desenhos e performances audiovisuais.
No ParkShopping, a fotógrafa Tainá Frota apresenta a exposição Mulher Presente, composta por retratos de 12 personalidades femininas que simbolizam a pluralidade de gênero. A artista, que há anos se dedica a fotografar mulheres, expõe sobre os padrões de beleza impostos pela sociedade e busca, por meio de suas imagens, destacar a singularidade de cada uma delas.
O Hospital Regional de Santa Maria traz a exposição fotográfica itinerante Celebrando as Mulheres: Cuidado e Protagonismo na Saúde. A mostra, idealizada pela assistente social Beatriz Liarte, destaca o trabalho feminino na área da saúde, desde gestoras e profissionais médicas até equipes terceirizadas que realizam o atendimento e limpeza hospitalar. A exposição também estará disponível no Hospital Cidade do Sol.
A Biblioteca Demonstrativa do Brasil (BDB), vinculada ao Ministério da Cultura, abre suas portas para a exposição Memórias Femininas da Construção de Brasília. A mostra presta tributo àquelas que participaram da edificação da capital federal.
E a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) sedia duas exposições: Elas & Elas na Arte, que reúne criações de 10 artistas visuais de diferentes regiões do país radicadas em Brasília, e Mulheres, organizada pela Embaixada da Eslováquia no Brasil, que apresenta 11 biografias de mulheres de origem judaica ligadas à Eslováquia, contando sobre representatividade e memória.
A doutora em ciências sociais pela Universidade de Salamanca, Veirislene Lavor, explicou a importância dessas iniciativas para o combate à violência de gênero, especialmente em uma sociedade machista e patriarcal. "Obviamente, uma ação não vai mudar um cenário social complexo, mas contribui muito para repensar a necessidade de mudança. Ser mulher no Brasil é lutar todo dia, de alguma forma, para não morrer!".
Por meio da arte, da história e da denúncia, essas exposições sublinham a conscientização sobre as lutas e conquistas na busca por igualdade de gênero. Mais do que reconhecer os direitos já alcançados, essas mostras reafirmam a necessidade de continuar lutando.
Programação
Até quarta-feira (19/3) Exposição Pequim 30 e a Igualdade de Gênero no Parlamento Brasileiro, no corredor Tereza de Benguela, na Câmara dos Deputados.
Até quinta-feira (20/3) Exposição Memórias Femininas da Construção de Brasília, na Galeria da Biblioteca Demonstrativa.
Até terça-feira (25/3) Exposição fotográfica Celebrando as Mulheres: Cuidado e Protagonismo na Saúde, no Hospital Regional de Santa Maria e no Hospital Cidade do Sol de 26 de março a 1º de abril.
Até sexta-feira (28/3) As mostras Elas & Elas Na Arte e Mulheres, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Até domingo (30/3) Exposição Arte e Alma Feminina, no Salão Negro do Senado Federal.
Até domingo (30/3) A mostra Acervo do Museu das Mulheres: Primeiras Aquisições, na galeria do terceiro andar do Museu Correios (Setor Comercial Sul).
Até segunda (31/3) Exposição Mulher Presente, no 1º Piso do ParkShopping, próximo à Praça Central.
Até segunda (31/3) Exposição Não é sobre o que vestimos, nos corredores do Departamento de Polícia Especializada (DPE).
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Machado