
Uma investigação levou a polícia a desmembrar um esquema de corrupção envolvendo servidores do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF). Na manhã de ontem, agentes da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) cumpriram quatro mandados de busca e apreensão contra um técnico e um analista de atividade em trânsito.
A apuração começou a partir de denúncias registradas na Ouvidoria do DF, que apontavam para a participação de dois servidores que estariam emitindo Autorizações para Transferência de Propriedade do Veículo (ATPV-e) sem a exigência de documentação obrigatória. Em troca, os investigados cobrariam valores indevidos dos interessados, estabelecendo um sistema paralelo de atendimento ilegal, apontam as investigações.
Ao longo das diligências, a polícia descobriu que o esquema ia além da cobrança indevida de valores, mas indicava a inserção de dados falsos em sistema de informações, condescendência criminosa e advocacia administrativa.
Ação
Os dois servidores facilitavam serviços para proprietários de agências de veículos, sem seguir os normativos legais. De acordo com o delegado Fernando Cocito, chefe da 18ª DP, os suspeitos recebiam aproximadamente R$ 50 por cada documento emitido de maneira irregular. Além disso, parte dos investigados estaria envolvida diretamente na compra e venda de veículos, acumulando benefícios financeiros indevidos ao burlar procedimentos internos de fiscalização.
"As informações encaminhadas à 18ª DP revelaram que quase metade das emissões realizadas por um dos investigados apresentavam irregularidades graves, incluindo a ausência de documentos essenciais e a inexistência de registros processuais. Além disso, identificamos 14 transações envolvendo compra e venda de veículos por um dos suspeitos, o que reforça os indícios de atividade econômica irregular por parte do servidor", afirmou o delegado.
Os quatro mandados de busca foram cumpridos nas sedes do Detran de Brazlândia e do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), no Incra 9 e na Ponte Alta do Gama. Durante as buscas, foram apreendidos documentos, computadores, celulares e dispositivos eletrônicos que podem conter provas adicionais sobre o esquema. Os materiais serão encaminhados para análise pericial.
Na casa de um dos servidores, no Incra 9, a polícia encontrou uma plantação de maconha, algumas porções da droga e apetrechos, como balança de precisão. Pela natureza da droga e por não ter apuração anterior de tráfico, não houve indiciamento. Segundo a apuração preliminar, a droga seria do filho do servidor.
A 18ª DP segue com as investigações para reunir mais provas e esclarecer a extensão dos supostos crimes.
O que diz o Detran
Em nota, o Detran-DF informou que acompanha e colabora com as investigações da PCDF, mas mantém o sigilo necessário para preservar o andamento do inquérito. "(O órgão) esclarece que o(s) servidor(es) envolvido(s) será(ão) imediatamente afastado(s) de suas funções. O caso já está sob análise da Corregedoria, que adotará as medidas disciplinares cabíveis", frisou.
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