DECISÃO

Justiça suspende remoção e protege comunidades Indígenas do Noroeste

Em 27 de fevereiro, a Terracap realizou uma operação no Noroeste com o objetivo de desobstruir áreas destinadas à execução de uma obra. A Defensoria Pública da União (DPU) determinou por meio de liminar, a proibição de qualquer ato de remoção

DPU suspende remoção forçada e protege comunidades Indígenas do Noroeste
 -  (crédito: Ed Alves )
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DPU suspende remoção forçada e protege comunidades Indígenas do Noroeste - (crédito: Ed Alves )

A justiça determinou, nesta sexta-feira (28/2), por meio de liminar, a proibição de qualquer ato de remoção ou constrangimento às comunidades indígenas do Setor Noroeste de Brasília até que uma solução definitiva seja alcançada, garantindo a participação dos indígenas no processo de resolução da questão fundiária.

Em 27 de fevereiro, a Terracap realizou uma operação no Noroeste com o objetivo de desobstruir áreas destinadas à execução de uma obra. O local da intervenção está próximo a uma ocupação de famílias indígenas, o que gerou grande revolta entre os moradores da região. Em entrevista ao Correio, as famílias denunciaram que, apesar de tentarem estabelecer um diálogo com as autoridades, não foram ouvidas e acabaram sendo atingidas por spray de pimenta durante a ação.

A Defensoria Pública da União (DPU) relatou que, embora tenha buscado uma solução conciliatória desde 2019, as negociações não avançaram, e em fevereiro de 2025 a Terracap, com o apoio da Polícia Militar do Distrito Federal, iniciou ações de remoção forçada, desmatamento e abertura de vias nas terras habitadas pelos indígenas. A Defensoria sustenta que essas ações violam direitos constitucionais e internacionais dos povos indígenas.

A decisão judicial foi tomada em caráter cautelar e permanecerá válida até que uma nova análise seja feita. A liminar tem como objetivo proteger as comunidades indígenas e assegurar sua participação no processo de solução fundiária e territorial, conforme os direitos previstos pela Constituição e pelas normas internacionais de proteção aos povos indígenas.

A ação civil pública foi ajuizada pela Defensoria Pública da União (DPU) contra a União, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Distrito Federal e a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap).

Atualmente, a comunidade afetada é composta por 15 famílias, em sua maioria formadas por mulheres e crianças. Revoltados, os moradores denunciam que as empresas responsáveis pela obra não apresentaram a documentação necessária para dar início aos trabalhos na área, o que tem gerado ainda mais tensão e indignação entre os envolvidos.

 

 

Mariana Saraiva
postado em 28/02/2025 22:31 / atualizado em 05/03/2025 16:17