BARBÁRIE

Empregada baleada por delegado tem alta do hospital

Oscelina Moura de Oliveira estava internada desde de janeiro, quando foi baleada pelo delegado Mikhail Rocha Menezes

Oscelina teve alta nesta terça-feira (25/2) -  (crédito: Divulgação/IgesDF)
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Oscelina teve alta nesta terça-feira (25/2) - (crédito: Divulgação/IgesDF)

A empregada doméstica que foi baleada pelo delegado Mikhail Rocha Menezes em 16 de janeiro teve alta do Hospital de Base nesta terça-feira (25/2). Oscelina Moura de Oliveira, 45 anos, foi vítima da fúria do homem que, no mesmo dia, atirou contra ela, contra a própria mulher, Andréa Rodrigues Machado, 40, e contra a enfermeira Priscilla Pessoa, 45.

Oscelina foi atingida no abdômen e perdeu um rim. Após passar por três procedimentos cirúrgicos, ela recebeu alta. A empregada doméstica ainda não consegue caminhar sozinha e está com uma bolsa de colostomia. “Vou continuar vindo ao hospital para acompanhamento no ambulatório. O doutor até brincou com meu marido, dizendo que agora sou mais dele. Tenho uma bolsinha para minhas necessidades, mas se tudo der certo, logo me verei livre dela”, contou.

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Renato Lins, chefe do Trauma do Hospital de Base, explica que o tratamento de Oscelina não terminou. "Ela precisará de um novo procedimento para a retirada da bolsa, mas, neste momento, o melhor é que ela tenha um tempo de recuperação fora do ambiente hospitalar”, disse. Lins lembrou como foi receber o caso da mulher. “Soubemos do acontecimento pela televisão, antes mesmo de receber a paciente. No momento da chegada, ela estava em estado grave. Fizemos o primeiro atendimento, solicitamos exames complementares, incluindo tomografia de abdome, e identificamos a necessidade imediata de uma cirurgia devido à gravidade das lesões encontradas”, relatou.

De acordo com o médico, as lesões em vários órgãos exigiram cuidados intensivos no pós-operatório. “O trabalho em conjunto foi essencial. Desde o primeiro atendimento até a recuperação, tivemos uma equipe multidisciplinar envolvida: cirurgiões, intensivistas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros. A passagem dela pela UTI foi fundamental, pois, após uma cirurgia grande, o paciente passa por uma fase de piora antes de começar a melhorar”, disse.

Ainda segundo Lins, a estrutura do hospital foi essencial para o sucesso do tratamento. “Precisamos realizar reintervenções cirúrgicas e tivemos salas disponíveis sempre que necessário. Esse suporte completo fez toda a diferença na recuperação dela”, reforçou, orgulhoso do sucesso.

Milagre

Oscelina relembra como tudo aconteceu no dia do crime. “Quando cheguei ao trabalho, pela manhã, eu tinha tomado o café com o meu filho, que precisei levar comigo naquele dia. De repente, escutei os gritos da minha patroa batendo na porta e pedindo socorro. Eu saí desesperada e, quando vi, ele já tinha baleado ela. Logo depois, ele virou a pistola para mim e apontou para as minhas costas. Eu tentei fugir para onde meu filho estava escondido, mas só escutei o tiro e senti a pancada nas costas e depois a dor queimando”, lembrou.

Foi o filho de Oscelina que socorreu a mãe como pôde. “Deus usou ele naquele momento. Ele pegou a blusa de frio dele e colocou nos ferimentos para estancar o sangue. Eu fiquei lá até meu esposo chegar. Meu filho perguntou: 'Mamãe, o que eu faço?' e eu disse: 'Vai lá, pega o telefone na bolsa, preciso ligar para o seu pai.'”

Davi Roque Ribeiro, 52 anos, marido de Oscelina, recebeu a ligação e entrou em desespero. “Você não tem ideia do que eu passei. É como se eu estivesse vivendo na Terra, mas meu corpo estivesse fora dela. Foi uma sensação muito estranha, uma mistura de dor profunda por ela e revolta. Foi um momento de terror”, afirmou Davi.

O Corpo de Bombeiros Militar do DF prestou os primeiros socorros e levou Oscelina de helicóptero ao Hospital do Paranoá, por ser o mais próximo de onde ela estava. Porém, após perceberem que o caso era muito grave, decidiram levá-la para o Hospital de Base, gerido pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), que possui um serviço multidisciplinar exclusivo dedicado à cirurgia do trauma.

Oscelina lembra o momento em que voltou a ter consciência do que estava acontecendo. “Quando acordei, estava na UTI, e perguntei o que tinha acontecido, pois lembrava da cena do tiro. Meu marido me contou e eu agradeci a Deus por estar viva”, disse.

Angústia

Para Davi, o segundo dia de internação foi o mais difícil. “Quando vim visitá-la, fui recebido pela equipe médica, que me explicou que a situação era muito grave e de alto risco. Eles me perguntaram se eu estava preparado para vê-la e me ofereceram acompanhamento psicológico. Mas eu quis enfrentar a situação sozinho. Quando entrei no quarto e a vi muito inchada, foi um choque. Seu rosto estava irreconhecível. Naquele momento, temi perde-la."

Com a recuperação e a alta de Oscelina, a felicidade toma conta da família. “O dia mais feliz, sem dúvida, foi hoje, na alta dela. É uma alegria imensa, e estou sem palavras para descrever. Só gratidão!”, emocionou-se Davi, que elogiou o atendimento recebido no Hospital de Base.

“Da equipe médica à zeladoria, o atendimento foi maravilhoso. Estou aqui dentro há 40 dias acompanhando minha esposa e só tenho elogios. Todos são muito educados, carinhosos e trabalham com amor. No Hospital de Base, a equipe não trabalha apenas por profissionalismo, mas com dedicação e coração, e isso faz toda a diferença para o paciente e para a família também”, garantiu Davi.

*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)

 

Mila Ferreira
postado em 25/02/2025 19:41