
Na primeira visita ao Brasil do primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o embaixador português Luis Faro Ramos deu início às comemorações dos 200 anos das relações diplomáticas entre Portugal e Brasil, na última quarta-feira, em tarde de sol e calor transcorrida nos jardins da embaixada, cenário que não poderia ter sido mais perfeito para celebrar dois tesouros da alma portuguesa: a arte e o vinho.
Embalados, juntos, eles se apresentaram diante dos olhos de autoridades e de grande número de representantes da comunidade luso-descendente, que puderam apreciar a mais recente obra da artista plástica portuguesa Joana Vasconcelos, de 53 anos, famosa por esculturas monumentais, que concebeu um garrafão de ferro fundido com quase 6 metros de altura. A peça contemporânea da artista, que já expôs na Bienal de Veneza de 2013, veio desmontada de Portugal para ser erguida aqui.
Pavillon de Vin faz companhia para outras esculturas e azulejos que ornamentam o espaço paisagístico da embaixada — território português perfeitamente integrado no cerrado brasileiro. Além dessa obra, Joana Vasconcelos expõe também 15 livros com desenhos, textos e colagens de sua autoria, que foi batizada de Fascinação, "não por acaso uma canção imortalizada por Elis Regina", ressaltou o embaixador Luis Ramos. A mostra abrirá ao público em 8 de março.
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Castas portuguesas
Dentro do garrafão, foram transplantadas 30 mudas de duas das mais importantes castas portuguesas: a branca Alvarinho, estrela do leve, jovial e refrescante vinho verde de boa acidez, e a tinta Touriga Nacional, natural do Dão, primeira região a receber status de área demarcada em 1908. Coube ao enólogo português Miguel Almeida, que atua na empresa brasileira Miolo Wine Group desde 2004, eleger as variedades autóctones. "Como neste país abençoado tudo cresce rápido, lá para a primavera brasileira, outono português, devemos fazer a primeira vindima e ter já vinho nosso para provar", estima Luis Faro Ramos, com otimismo.
O embaixador apresentou o enólogo português de 45 anos ao primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, que quis saber sobre o trabalho no Brasil. "Conversamos sobre as duas colheitas de uvas por ano que se faz no Vale do São Francisco, e ele considerou impactante", revelou Miguel Almeida. Com formação em enologia em Portugal e na Alemanha, Miguel assina alguns vinhos feitos na região de Campanha (fronteira do Rio Grande do Sul com Uruguai) como Quinta do Seival Castas Portuguesas e atualmente, trabalha na unidade da Miolo no Nordeste, em Petrolina.