
O incêndio que destruiu 30 barracos na Quadra 406 do Recanto das Emas, deixando 22 famílias desabrigadas, gerou cenas de desespero e lágrimas entre os moradores, que viram suas casas e pertences serem consumidos pelas chamas. Populares contam que perderam documentos, roupas, eletrodomésticos e sonhos. As famílias têm recebido assistência da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab) e Defesa Civil.
Natália Silva de Araújo, 28 anos, desempregada, uma das vítimas do incêndio, descreveu o momento de pânico ao perceber as chamas se alastrando rapidamente. “A gente estava bem ali na frente conversando, quando vimos o fogo começar. Se alastrou rápido e não deu tempo de salvar quase nada, somente minha cama e a geladeira. Pensei apenas em tirar as minhas filhas dali. Foi desesperador", disse ao Correio, com lágrimas no olhos.
A mulher lamentou a tragédia e enfatizou que estava com o coração partido, por ter perdido tudo. "O material escolar das minhas filhas, roupas, fraldas tudo foi consumido. Agora, estou sem rumo, sem saber para onde ir e o que devo fazer”, destacou Natália, que mora no local há quatro anos com o marido Gabriel, 28 e as filhas Isis, 2, e Laura, 6.
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Outro relato é de Elisabete Cristina da Silva, 33 anos, feirista, que também perdeu tudo no incêndio. Ela conta que ouviu gritos perto da sua casa e foi correndo para a rua ver o que havia acontecido. “Quando percebemos, o fogo já tinha tomado conta de tudo. Ninguém morreu, mas perdemos nossos animais, que estavam presos e não puderam fugir”, contou. Ela ainda ressaltou que espera ações do governo em prol dos moradores. "Queremos que eles nos ajudem de verdade. Recebemos uma promessa de remoção para uma área na quadra 113, mas isso nunca se concretizou”, reclamou.
Maria Erinalva Alves, 49 anos, desempregada, também compartilhou sua angústia. Ela conta que chegou no local há 24 anos, pois era vítima de violência doméstica e fugiu do ex-companheiro. A mulher não estava na hora do incêndio, mas relata que ao ver as notícias e receber ligações sobre o incêndio, correu para casa desesperada. “Eu sentei e chorei. Meu barraco estava fechado e perdi todas as coisas que tinha. Não era muito, mas conquistei com muito suor. Agora, ficamos sem saber o que fazer”, desabafou.
Medidas
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, anunciou uma série de medidas emergenciais para auxiliar as famílias atingidas pelo incêndio no Recanto das Emas, nesta sexta-feira (21/2). Entre as ações, o governador garantiu a ampliação do cheque moradia, com o repasse de R$ 15 mil para cada família afetada, o auxílio-aluguel, distribuição de cestas básicas e oferta de refeições diárias.
Segundo informações dos agentes da Sedes, as famílias afetadas receberão auxílios emergenciais do governo, incluindo o Auxílio Calamidade e o Auxílio Vulnerabilidade, cada um no valor de R$ 408. O Auxílio Excepcional, conhecido como Auxílio Aluguel, também será disponibilizado mensalmente para os que precisarem. No entanto, nenhuma das vítimas aceitou ser levada para um abrigo provisório, optando por ficar em casas de parentes e amigos enquanto aguardam soluções definitivas.
A vice-governadora Celina Leão afirmou que o governo pretende aproveitar a situação para reorganizar a área e impedir novas ocupações irregulares. “Se não organizarmos agora, o problema vai voltar. Estamos trabalhando para realocar as famílias que têm direito a uma moradia digna, evitando que outros incidentes como esse aconteçam”, declarou.