
O Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas — evento que reúne, até quinta-feira (13/2), representantes eleitos para os 5.568 municípios do Brasil — trouxe um aumento significativo no movimento de restaurantes e hotéis em Brasília, além de intensificar o trânsito na região central. Enquanto cidadãos enfrentaram entraves na rotina, estabelecimentos na capital comemoraram a alta na clientela.
Beto Pinheiro, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Distrito Federal (Abrasel-DF), afirmou que o setor sentiu a diferença. "A cidade está lotada e isso movimenta todo o trade turístico. Todos os hotéis, bares e restaurantes, principalmente da área central, estão cheios. Esses eventos injetam bastante dinheiro na nossa economia. O movimento aumenta entre 50% e 100%", calculou.
De acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar-DF), está difícil encontrar vagas nos hotéis, principalmente no Plano Piloto. "Também percebemos que, na segunda e na terça-feira, o movimento foi muito alto nos bares e restaurantes da cidade", avaliou o presidente, Jael Antônio da Silva.
- Encontro de prefeitos causa congestionamento no Eixo Monumental
- Lula reúne prefeitos em busca de aproximação
- Engarrafamento no Eixo Monumental complica trânsito na região central
Setor agitado
Responsável pelo setor de reservas do Grand Bittar, no Setor Hoteleiro Sul, Gabrielly Ferreira disse que todos os seis empreendimentos da rede estão com 100% de ocupação, e que era esperado que ocorresse um aumento na procura, mas não nessa magnitude. "Tanto que, entre janeiro e fevereiro, costumamos dar férias coletivas, pelo fato desses meses serem um período de baixa temporada. E, para dar conta, tivemos que chamar extras, principalmente camareiras e equipe de apoio", detalhou a gestora.
Bruno Oliveira, supervisor de reservas do Mercure Brasilia Lider Hotel, no Setor Hoteleiro Norte, também comemorou a alta demanda. "Tivemos um aumento, sim. Em média, a ocupação foi quase total", relatou. "Estávamos esperando (essa procura), mas não que chegasse a 100% de ocupação. Depois de nos informarmos sobre o tema, a expectativa girou em torno disso." Segundo ele, o efetivo deu conta de atender todos os hóspedes e não foi preciso contratar nenhum funcionário temporário.
No Lake's, tradicional restaurante da capital, o movimento cresceu cerca de 20% nos últimos dias. A presença de clientes de fora do Distrito Federal foi perceptível. "Tem pessoal do Rio, do Amazonas e de outros estados. Está bem variado", comentou Zeli Ribeiro Costa, dono do empreendimento. Mesmo com o fim do evento, marcado para hoje, o proprietário acredita que o movimento seguirá forte nos próximos dias. "Tem uns que vêm e vão embora no mesmo dia, mas outros têm contatos com deputados e senadores, e acabam ficando mais um ou dois dias", disse.
É o mesmo pensamento de Lucas Cardoso, gerente do Fausto & Manoel da 406 Sul. Segundo ele, na terça-feira à noite, o movimento foi 40% maior do que o normal, por causa do encontro dos prefeitos. "Quando ocorrem eventos como esse, a movimentação costuma ser grande. A expectativa é para que siga desta forma até sexta-feira e, quem sabe, no fim de semana também."
Hospitalidade
O secretário administrativo da prefeitura de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, Eduardo Momba, 40 anos, está na cidade desde segunda-feira. Devido à superlotação, teve dificuldades para encontrar hospedagem próxima ao evento e acabou se hospedando em Águas Claras, a aproximadamente 20km do centro da capital. "Essa é minha primeira vez aqui, e me surpreendi. Gostei muito da cidade, dos bares, da hospitalidade. Ouvi comentários de que Brasília era cara, mas, para mim, os preços são justos e a qualidade do serviço é muito boa", argumentou.
Acompanhando Momba, estava a secretária de Obras do município gaúcho, Karina Pamobrancher, 31, que tem aproveitado a estadia, e contou que tudo superou suas expectativas. "Em todos os lugares por onde passei, as pessoas foram muito receptivas, sempre nos indicando pontos turísticos."
Impacto no trânsito
O motorista Roberto Pereira, 34, enfrentou o engarrafamento que se formou no Eixo Monumental e questionou a escolha do local para um evento desse porte. "Não tem estacionamento aqui. Deveria ter sido feito, pelo menos, em um local que nos desse segurança, mas sem parar a cidade", afirmou o morador da Estrutural.
O impacto também foi sentido por motoristas de aplicativo, que viram a demanda por corridas aumentar, mas tiveram que lidar com atrasos e dificuldades no deslocamento. "Levei uma hora para chegar daqui ali", relatou Carlos Santos, 29, morador de Santa Maria. Ele contou que, mesmo com o aumento de passageiros, a falta de rotas alternativas dificultou o trabalho
Colaborou Carlos Silva
Saiba Mais

Carlos Silva
RepórterFormado em Jornalismo na Universidade de Brasília (UnB). É repórter na editoria de Cidades do Correio Braziliense. Tem interesse em jornalismo de dados e temas ligados à segurança pública.

Letícia Guedes
RepórterBrasiliense nascida em 2003, jornalista formada pela Universidade Paulista e pós-graduanda em Jornalismo Investigativo. Como estagiária, atuou na produção do Repórter DF, antigo jornal local da TV Brasil, e na Revista do Correio. Atualmente, é repórter d