Economia

Brazlândia é responsável por 20% das exportações de morangos brasileiros

Dados da primeira edição do Boletim do Comércio Exterior do Distrito Federal revelam que, nos três primeiros meses de 2024, o cultivo da região representara cerca de 20% das exportações brasileiras do produto

Os morangos produzidos em Brazlândia estão conquistando o mercado internacional, com destaque para Portugal e Panamá. Dados da primeira edição do Boletim do Comércio Exterior do Distrito Federal — produzido pelo Instituto de Planejamento e Desenvolvimento do Distrito Federal (IPEDF) — revelam que, nos três primeiros meses de 2024, a produção local representou, no período, cerca de 20% das exportações brasileiras da planta. Isso colocou o DF como o terceiro maior vendedor para os dois países.

O estudo também mostra que a capital federal se firmou como um dos principais polos produtores, com um papel crescente nas exportações brasileiras de morango — uma hortaliça que, comumente, é confundida com fruta.

O aumento na produção e envio de morangos ao estrangeiros colocou Brazlândia em evidência por ser a região administrativa que concentra a produção local. Entidades de desenvolvimento rural, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) têm sido essenciais no apoio técnico aos produtores da região, segundo representantes do setor. Os dois órgãos oferecem orientações sobre práticas agrícolas sustentáveis e aumento de produtividade.

O chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Hortaliças, Italo Ludke, disse que há, na região administrativa, um acordo de cooperação técnica, em caráter de exclusividade, com o Viveiro Brazplant, para a produção de mudas de alta qualidade. "Em breve, elas devem estar disponíveis para o Distrito Federal", adiantou.

Por outro lado, de acordo com o pesquisador da Embrapa Ricardo Borges Pereira, a empresa tem mantido uma estreita relação com produtores locais de morango para que eles possam melhorar seus processos de plantio e os resultados obtidos. "É uma etapa fundamental para uma determinada região", ressaltou.

Otimistas

Marilene Maria de Souza, 66 anos, é produtora rural no Assentamento Betinho, em Brazlândia. Ela decidiu trabalhar com a hortaliça após ver que era um produto "muito valioso". "No início, comprava para revender. Só que, há 10 anos, comecei a produzir por conta própria", conta.

Segundo ela, a ideia é nunca mais tirar o morango da produção. "Quero cultivar pelo resto da minha vida. Depois comecei com esse cultivo, minha renda aumentou cerca de 30%", calcula. Questionada porque o morango de Brazlândia é tão famoso, ela comenta que o motivo é o cuidado com a planta. "É porque nós, produtores de Brazlândia, tratamos o morango com muito carinho. Sem contar que a maioria é de produção orgânica, ou seja, não utilizamos agrotóxicos", esclarece.

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Boa parte do que Marilene aponta está corroborado no boletim divulgado pelo IPEDF. O documento destaca que o setor agropecuário tem mostrado sinais de crescimento expressivo, com destaque especialmente para o morango.

De acordo com o diretor-presidente do instituto, Manoel Barros, o levantameto é inédito e responde a uma demanda dos produtores locais, que pediam uma análise oficial do desempenho das vendas locais para clientes estrangeiros . "Conhecer o perfil dos produtos exportados e dos parceiros comerciais internacionais é vital para orientar políticas públicas de apoio e incentivo direcionados aos produtos com potencial de exportação, alcançando novos espaços no mercado internacional", destaca.

Balança comercial

Embora as exportações gerais do DF tenham sofrido uma queda no primeiro trimestre de 2024 — totalizando US$ 49,6 milhões, uma redução de 51,8%, em comparação ao ano anterior —, nichos como do morango mantêm um desempenho positivo e destacado nas vendas.

A balança comercial do DF também apresentou uma redução significativa no déficit, com uma queda de 73,7% em relação ao mesmo período de 2023, atingindo US$ 285,6 milhões. As importações somaram US$ 335,1 milhões, com destaque para as compras públicas do governo federal.

Além disso, o estudo revelou um aumento nas importações de produtos agropecuários, que subiram 168% em relação ao ano anterior. A indústria de transformação tem sido a maior responsável pelas exportações do DF, representando 78,9% das vendas externas. No entanto, o mercado ainda enfrenta desafios relacionados à diversificação da pauta comercial.

*Estagiária sob a supervisão de Manuel Martínez

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