ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Presidente do Iphan critica Ibaneis pelo 8 de janeiro: 'Omissão'

Leandro Grass falou durante cerimônia de recuperação de patrimônio cultural no Palácio do Planalto

O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, criticou a gestão do Governo do DF, nesta quarta-feira (8/1), durante discurso no Palácio do Planalto. Ele participou da cerimônia de reintegração das obras de arte destruídas na tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023.

"Em 2022, fui candidato a governador, perdi e vi o golpismo sendo gestado diariamente aqui (no DF), com a omissão de quem deveria cuidar da segurança da nossa cidade. Se o resultado eleitoral aqui (no DF) fosse outro, talvez não houvesse o 8 de janeiro. Mas, assim quis a história", criticou.

Grass foi derrotado pelo atual governador do DF, Ibaneis Rocha, no primeiro turno das eleições de 2022. Ele ficou sem segundo lugar, com 26% dos votos válidos. Grass chegou a ser condenado a inelegibilidade de oito anos, por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF, em março do ano passado, que considerou que o ex-candidato divulgou notícias falsas do opositor. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) derrubou a decisão por falta de provas.

"Vi a minha cidade experimentar a maior tragédia, desde a ditadura militar. Sentimos como se a nossa casa e aquilo que nos pertence tivesse sendo roubado, destruído. Doeu muito", lamentou Grass, que também recordou memórias da infância.

"Me preparando para estar aqui visitei as minhas memórias e de vários brasilienses e pessoas que têm relação com essa cidade, que nasceu para simbolizar a democracia. Lembrei da infância brincando de subir na estátua da Justiça, escorregar de papelão no gramado do Congresso, visitar com os familiares os palácios da Alvorada e do Planalto. A pipoca que a gente comia aqui na Praça [dos Três Poderes], do algodão doce. A adolescência em uma cidade livre, que a gente podia andar de bicicleta de uma forma segura [...] Tudo isso me fez amar Brasília e amar a liberdade que só a democracia nos proporciona", declarou.

O presidente do Iphan finalizou o discurso falando sobre as obras de arte recuperadas do 8 de janeiro: "Cuidar do povo, do país, da cultura e da democracia é um ato de amor. Por isso, não é possível reconstruir o Brasil com ódio, com rancor, agressão. Mas, sim, com empatia, generosidade e diálogo. Nós não estamos aqui para agredir quem nos agrediu, mas para fazer um gesto de respeito e afeto por aquilo que nos representa e contribuir para nos fazer sentir um só povo, o nosso patrimônio cultural", finalizou.

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