Educação

Volta às aulas: alta de preços preocupa pais e aquece comércio de papelarias

Às vésperas do início do ano letivo nas escolas públicas e particulares, pais e filhos saem às compras e reclamam dos preços. Produtos importados foram afetados pela alta do dólar, e os nacionais, pela inflação, segundo a Fecomércio

O ano letivo nas escolas particulares e públicas do Distrito Federal se aproxima e, com ele, as papelarias estão cheias de pais e filhos, comprando o material escolar para a volta às aulas. A alegria das crianças com os itens novos é, muitas vezes, um peso no bolso de seus pais, que notam o aumento dos preços de cadernos, mochilas e itens de papelaria.

O presidente da Fecomércio, José Aparecido da Costa Freire, que também preside o Sindicato das Papelarias do Distrito Federal (Sindipel), conta que este mês é o mais movimentado para o setor. "A gente fala que o Natal da papelaria é em janeiro e fevereiro, em função da volta às aulas", comparou. 

Segundo ele, a alta do dólar no final do ano passado certamente reflete nos preços dos produtos importados, enquanto os nacionais são afetados pela inflação. "Se o dólar não cair, quando as papelarias forem repor materiais, o custo é mais caro, então, consequentemente, os preços aumentam". A prévia da inflação de 2024, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), foi de 4,71% e o dólar fechou o ano cotado a R$ 6,18.

Solange Alfinito foi às compras para garantir o material para o primeiro ano de ensino médio da filha Rebeca, de 15 anos e achou tudo caro. "Os valores estão mais altos, ainda mais se for atender algum motivo específico de gosto", conta Solange. Rebeca, que estuda no Colégio Marista Asa Sul, disse que os cadernos chegam a custar R$ 60. "Eu notei que em loja física os preços estão maiores, principalmente esses cadernos inteligentes, que viraram moda", relatou a estudante.

Cursando o terceiro ano do ensino médio no Colégio Sigma, Letícia, 16, acompanhou a mãe, Carine Reis, à papelaria perto da casa delas. "Vi cadernos de quase R$ 200", apontou a mãe que, neste ano, vai  comprar os cadernos inteligentes (personalizados, que permitem trocar as folhas e a capa) porque a lista de materiais é pequena. 

O universitário Thales Lessa, 23, aproveitou o pequeno movimento de domingo na Kalunga do Shopping ID para adquirir itens da lista escolar da prima, Júlia, 10. "As coisas estão bem mais caras desde que eu estudava", disse. 

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Dólar

Na Feira dos Importados, vendedores perceberam os efeitos da escalada do dólar em 2024 nos preços dos materiais escolares. "Aumentou bastante, kits de mochila, lancheira e estojo, que custavam R$ 670, passaram para R$ 739", conta Gustavo Sérgio, 18, funcionário de uma loja de mochilas na feira. Ele diz que, para manter o fluxo de clientes, são feitas promoções na loja. "A gente coloca os descontos principalmente nos kits, que são muito vendidos".

Aproveitando o fim de semana para comprar os itens da lista das filhas, o agente de aeroportos Heraldo Pereira, 39, encontrou descontos melhores na feira. "Em comparação com Santa Maria, onde moramos, o preço aqui está melhor e tem mais variedades", avaliou.

Heraldo compra mochilas a cada semestre, para que elas não fiquem muito estragadas ao final do ano. Sofia escolheu a de borboletas. "Eu fiquei muito apaixonada por ela, achei muito linda!", disse. Lara, a mais nova, se apaixonou pela de unicórnios. "Eu amo unicórnios, tenho até um ursinho de unicórnios!".

Equipe reforçada

Na Casa do Colegial, na 509 sul, a quantidade de funcionários mais que triplicou no mês de janeiro. "Normalmente operamos com oito ou 10 pessoas na equipe, agora estamos com mais de trinta", conta a gerente Socorro Mamede, 54. Além do reforço na equipe, houve mudança nos horários de funcionamento da loja. "Este mês abrimos de domingo a domingo, pensando nos pais que não têm tempo de fazer as compras de material durante a semana", explicou a gerente. 

Na Kalunga do Shopping ID, a gerente Lilian Silva, 30, relatou que a loja contratou novos funcionários desde dezembro para atender à alta demanda . "O movimento é muito grande e queremos trazer um bom atendimento". Ela conta que janeiro tende a ser mais movimentado que o período de retorno às aulas de agosto, quando ocorre a troca de um material ou outro. 

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