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O Brasil enfrentou uma epidemia de dengue no ano passado, e para o pesquisador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde Pública da Fiocruz Brasília, Cláudio Maierovitch, as perspectivas para 2025 não são animadoras. O pesquisador participou do CB.Debate Dengue: uma luta de todos, realizado na tarde desta quinta-feira (30/1) no auditório do Correio Braziliense.
Maierovitch destacou a necessidade de mobilização para enfrentar uma possível crise e reforçou a importância da organização dos serviços de saúde. “Estamos no começo da epidemia de 2025, infelizmente não será um ano tranquilo. Neste período, precisamos agregar todas as forças que temos e trabalhar para aquela preparação que pode não estar completa, especialmente em relação à organização dos serviços de saúde”, alertou.
O especialista ressaltou que, além das medidas preventivas já conhecidas, é essencial garantir que a população tenha acesso fácil ao atendimento médico e saiba como agir diante dos sintomas da doença. “Acho que agora temos as tarefas de sensibilização da população para as atividades de prevenção, mas, especialmente, de organização da rede de saúde, para que as pessoas tenham acesso fácil, saibam onde procurar, quando procurar e o que fazer no caso de qualquer sintoma”, afirmou.
“O quadro típico começa com febre alta, seguida de dores no corpo, mal-estar e, muitas vezes, manchas pelo corpo. Isso já é um alerta de que a pessoa pode estar com dengue. A partir daí, deve começar a se hidratar intensamente, com 4, 5, até 6 litros de água por dia enquanto durar os sintomas”, recomendou.
Além disso, Maierovitch explicou que a forma grave da doença pode se manifestar justamente quando o paciente acredita estar melhorando. “A dengue grave costuma dar os primeiros sinais quando a pessoa pensa que está melhorando. A febre baixa, ela acha que está melhorando, mas, depois, pode surgir um mal-estar muito intenso, dor na barriga, queda de pressão, tontura, falta de ar. Nesses casos, é fundamental procurar imediatamente um serviço de saúde para ser hidratado de forma mais intensa e acompanhado de perto”, concluiu.
Cenário
Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) indicam uma redução de 95,4% nos casos prováveis de dengue em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre 29 de dezembro e 18 de janeiro, foram registrados 1.421 casos prováveis, enquanto no mesmo intervalo de 2024 esse número chegou a 29.510.
A faixa etária mais afetada pela doença é a de 20 a 29 anos, com 343 notificações, seguida pelo grupo de 30 a 39 anos. Além disso, as mulheres lideram a incidência, com uma taxa de 45,5 casos por 100 mil habitantes.
O CB.Debate Dengue: uma luta de todos discute o cenário da doença em 2025 e os caminhos para evitar uma nova epidemia. O evento, que ocorreu na tarde desta quinta-feira (30/1), reúne autoridades e especialistas para traçar um panorama da dengue no Distrito Federal e Entorno.