![Samuel foi morto em um ataque brutal. Quatro estão presos - (crédito: Redes sociais) Samuel foi morto em um ataque brutal. Quatro estão presos - (crédito: Redes sociais)](https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/png/2025/01/29/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_29_at_14_08_55_16x9-45527926.png?20250129235458?20250129235458)
“Pegaram meu filho na porta da minha casa. Eu estava na cozinha e não percebi. Ele sabia que ia morrer, mas preferiu me poupar e carregar tudo só”, disse a mãe de Samuel Soares Marques, 14 anos, que pediu para não ter o nome revelado. O estudante foi brutalmente assassinado por traficantes da facção Comboio do Cão (CDC) após a suspeita de que ele teria desviado dinheiro de uma distribuidora de bebidas controlada pelo grupo. Quatro pessoas estão presas.
Em entrevista exclusiva concedida ao Correio, a mãe de Samuel relembrou dos últimos momentos com o filho e a luta para afastá-lo do mundo do crime. O homicídio ocorreu em 7 de janeiro, no Recanto do Jacaré, em Samambaia Norte. No dia, os criminosos buscaram Samuel em casa, no Recanto das Emas, por volta de 12h, horário incomum de saída do estudante, segundo a mãe.
“Levaram ele na porta de casa. Mas ele (Samuel) sabia o que ia acontecer. Meu filho nunca saía sem o celular e a blusa de frio. Naquele dia, não levou nada. Antes de sair, disse que ia comer. Mandei ele preparar um arroz, e ele concordou. Quando chamei de novo, ele não respondeu”, relatou.
Pouco depois de duas horas da saída, Samuel teve o corpo encontrado em uma área de mata em Samambaia. O menor estava com uma das mãos decepadas e o pescoço degolado. A mãe do garoto só soube do falecimento no dia seguinte, quando policiais bateram na porta da casa dela. “Falaram que meu filho estava no IML. Eu achei estranho porque ele não apareceu para jantar e não costumava passar a tarde na rua. Ele dormia de dia e saía à noite”.
A execução
Em 11 de janeiro, os policiais da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) prenderam dois dos cinco envolvidos na execução de Samuel. Na delegacia, os presos contaram uma versão contraditória para tentar despistar as investigações. Alegaram que levaram Samuel para um banho de cachoeira em Samambaia, onde uma discussão teria resultado na tragédia.
A polícia descartou essa versão e concluiu que os criminosos levaram Samuel diretamente para a área de mata, onde ele foi morto. A conclusão dos investigadores reforça o depoimento da mãe, que informou que o filho jamais sairia de casa sem os pertences e, por isso, o estudante tinha noção do que estava por vir.
Quatro dias antes do crime, a mãe de Samuel desabafou com ele. “Eu chorei e pedi que ele saísse dessa vida, pois o meu maior medo era alguém tirá-lo de mim. Ele sabia que seria morto, mas não me contou. Preferiu carregar tudo sozinho. Ele pode ter errado, mas porque precisavam fazer essa monstruosidade? Por que essa maldade?”, questiona a mulher.
Nesta quarta-feira (29/1), a polícia deflagrou uma operação para prender os outros três envolvidos: William Silva Miranda, vulgo “Chuchu” ou “Papai”, 30 anos, o líder do tráfico da área, dono da distribuidora e o mandante do assassinato; Matheus Cruz Souza, vulgo “Suetam”, 21; e Ruan Felipe Barbosa, vulgo “Zaroio”, 20.
Matheus e Ruan foram capturados, mas William segue foragido. As investigações revelam que partiu de “Chuchu” a ordem para a execução. Ao saber da prisão dos assassinos, a mãe os reconheceu como amigos de Samuel. “Eu não deixava na minha casa, mas descobri que eram os próprios amigos do Samuel. Me dói porque me falaram que eles andavam juntos, iam para festas e eram da mesma torcida organizada. É muito triste, é muito doloroso”, desabafa.
Luta
Samuel era querido e tido como engraçado pelos colegas de classe da escola onde estudava, na 801 do Recanto das Emas. Nos últimos oito meses, a mãe percebeu que o filho estava se envolvendo com o crime e lutou para afastá-lo das más influências e fazê-lo voltar à escola.
“Sempre o ensinei sobre o certo e errado. Dizia para nunca mexer nas coisas alheias. Fiz o que pude. Eu passava o dia trabalhando para sustentá-lo e só o via quando eu chegava ou até mesmo um ou dois dias depois”, desabafa a mãe, emocionada.