Saúde

Correio promove debate sobre a dengue com autoridades e especialistas

Nova versão da doença, o sorotipo Tipo 3 causa problemas mais graves em pessoas que já contraíram o vírus

"É necessário melhorar a qualidade do parto, fazendo com que esse momento seja mais humanizado, com o apoio total à gestante, seja no pré-natal e no pós-parto inicial"
 Jonas Brant, epidemiologista -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
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"É necessário melhorar a qualidade do parto, fazendo com que esse momento seja mais humanizado, com o apoio total à gestante, seja no pré-natal e no pós-parto inicial" Jonas Brant, epidemiologista - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A identificação do novo sorotipo Tipo 3 da dengue em Goiás acende um alerta entre infectologistas e autoridades do Distrito Federal. Para discutir o tema, o Correio promove hoje (30/1), a partir das 14h30, o debate "Dengue: uma luta de todos". No evento, especialistas convidados vão trocar ideias sobre o cenário da doença no ano de 2025 e os caminhos que devem ser tomados para que a epidemia do ano passado não se repita. 

De acordo com dr. Manuel Palacios, infectologista do Hospital Anchieta, a chegada do novo sorotipo Tipo 3 da dengue em Goiás pode representar riscos adicionais para o Distrito Federal. "A gravidade se dá devido à possibilidade de infecções mais graves em pessoas que já foram infectadas anteriormente por outros sorotipos", explicou ao Correio

 O especialista explica que o vírus pode apresentar sintomas mais agressivos que os demais. "A preocupação em relação ao sorotipo 3 é devido ao fato de ser considerado como um dos mais virulentos, ou seja, com capacidade de causar manifestações mais graves da doença", ressaltou.

No ano passado, o Distrito Federal vivenciou os maiores índices de infecção de dengue de sua história. Ao todo,  278 mil casos foram registrados com 440 óbitos em decorrência da doença. Entretanto, no início desse ano, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) divulgou que houve uma redução de 97,5% em comparação ao mesmo período do ano passado, com 8.828 possíveis casos da doença. 

Ediva Reis, de 45 anos, relata como foi o período em que esteve com dengue. "Fiquei muito ruim por causa da dengue. Tive muitas dores no corpo, dores nos olhos e nas articulações. Foi um período muito difícil", afirma Ediva. Após o período em recuperação, Ediva tomou medidas para se proteger "Reforcei o monitoramento para evitar água parada e comecei a passar repelente", finaliza.

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Jonas Brant, sanitarista e professor da UnB, cita algumas das dificuldades no enfrentamento à dengue. "A população encontra alguns empecilhos para acessar Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e essas unidades não classificam os pacientes como de alto risco, o que ocasiona demora no atendimento e o paciente acaba desistindo." Jonas também chama atenção para o número de agentes de combate à dengue: "No Distrito Federal, temos um número muito pequeno em comparação à amplitude da doença. O ideal era aumentar ainda mais os agentes para possibilitar um maior número de visitas em casas", completa Jonas.

O Governo do Distrito Federal (GDF) tem investido em novas tecnologias para diminuir os casos de dengue na capital. Para combater o mosquito, foram montadas mais de 2 mil armadilhas do tipo ovitrampas, foram instaladas estações disseminadoras em pontos-chaves para o combate ao mosquito. Jonas avalia positivamente a implementação das tecnologias no combate ao mosquito "Temos estações disseminadoras, que são armadilhas que a fêmea do mosquito, ao pousar, seja contaminada com um vermicida e ela leva esse agente para outros focos do mosquito, impossibilitando o desenvolvimento dessas larvas. É importante que o foco seja nas ações de bloqueio", afirma.

O ciclo do mosquito da dengue depende muito da água, por isso, o acúmulo de lixo e mudanças climáticas tendem a acompanhar o número de casos. "A exemplo do que aconteceu no ano passado, tivemos um aumento da temperatura e uma antecipação das chuvas no final do ano. O aumento de temperatura e a quantidade de chuvas acelerou o ciclo do mosquito da dengue. Outro cenário que teve muito impacto foi a quantidade de lixo. Recipientes como baldes e outros contribuem para a proliferação do mosquito", completa Jonas. 

Desde 2023, o Brasil implementou a vacinação contra a dengue. Apenas para este ano, foram compradas cerca de 9 milhões de doses. Apesar disso, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta sobre a baixa adesão ao imunizante. "(A vacina) É a parte fundamental para o combate à doença. É esperado que a cobertura vacinal cresça muito nos próximos anos. As vacinas têm que ser aplicadas em grandes quantidades para gerar imunidade na população, o que vai dificultar a transmissão da doença", explica Jonas.

Os convidados do CB.Debate são: 

Abertura:

Celina Leão, vice-governadora do Distrito Federal; Douglas Figueredo, diretor-presidente da Geap Saúde; Lucilene Florêncio, secretária de Saúde do Distrito Federal; e Swedenberger Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Saúde. 

1° Painel:

Rivaldo Venâncio, secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente; Fabiano dos Anjos, subsecretário de Vigilância à Saúde (SVS) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal; Jonas Brant, professor da Universidade de Brasília; e André Bon, iinfectologista do laboratório Exame Medicina Diagnóstica/Dasa.

2° Painel:

Carla Pintas, professora de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília; Claudio Maierovitch, pesquisador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde da Fiocruz Brasília; e Lívia Vinhal, coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde

Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

 


PENDURICALHO: Painelistas do CB.Debate

Os convidados do CB.Debate são: 

Abertura:

Celina Leão, vice-governadora do Distrito Federal; Douglas Figueredo, diretor-presidente da Geap Saúde; Lucilene Florêncio, secretária de Saúde do Distrito Federal; e Swedenberger Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Saúde. 

1° Painel:

Rivaldo Venâncio, secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente; Fabiano dos Anjos, subsecretário de Vigilância à Saúde (SVS) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal; Jonas Brant, professor da Universidade de Brasília; e André Bon, iinfectologista do laboratório Exame Medicina Diagnóstica/Dasa.

2° Painel:

Carla Pintas, professora de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília; Claudio Maierovitch, pesquisador do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde da Fiocruz Brasília; e Lívia Vinhal, coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde

Luiz Fellipe Alves
Davi Cruz*
DC
postado em 30/01/2025 06:07