O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) manteve a prisão de João Paulo de Oliveira Costa Pereira, 33 anos, acusado de esfaquear a ex-companheira, 29, e dopar os dois filhos, de 5 e 9 anos, na segunda-feira (13/1), em Ceilândia.
O juiz responsável pelo caso também prorrogou as medidas protetivas em favor da vítima, mesmo com o acusado preso. A mulher foi atingida por três golpes de facada e recebeu alta nesta quarta-feira (15/1). À reportagem, mais cedo, a vítima disse que está bem. “Graças a Deus, não corremos risco de vida e estamos em processo de recuperação”, contou.
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Em depoimento à polícia, o agressor alegou que cometeu o crime por estar “remoendo” supostas traições e afirmou que “o cão atentou”.
Durante o interrogatório com os policiais civis, João Paulo confessou a tentativa de feminicídio e disse ter dopado os filhos para que não presenciassem a briga. Segundo o relato, ele utilizou o medicamento Rivotril, o qual costuma tomar seis gotas para dormir, mas decidiu administrar três gotas para cada criança, por considerar o remédio “muito forte".
João Paulo relatou que após fazer com que as crianças adormecessem, deixou ambas deitadas na cama da vítima.
Ele contou ainda que se escondeu no vão da cama, aguardando o retorno da mulher, que não estava em casa. O agressor relatou que assim que ela entrou no quarto, agrediu a vítima e desferiu os golpes de faca.
Veja o vídeo do suspeito fugindo após ter cometido a tentativa de feminicídio.
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O crime
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), João Paulo utilizava tornozeleira eletrônica, mas havia violado as medidas cautelares ao romper o dispositivo, deixando-o na casa da mãe. Ele relatou que chegou à residência da vítima quando ela estava ausente e chamou as crianças, que abriram o portão.
Ao retornar, a mulher encontrou dificuldades para entrar em casa, já que o filho mais velho era quem abria o portão. Sem sucesso, a vítima acionou um chaveiro para ajudá-la. Após entrar, percebeu que as crianças estavam adormecidas sobre a cama. Desesperada, ela ligou para o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), quando foi surpreendida pelo agressor, que desferiu golpes de faca contra a ex. Mesmo ferida, ela conseguiu fugir e pedir ajuda a uma vizinha.
À reportagem, a testemunha, que preferiu não se identificar, descreveu os momentos de desespero. "Eu estava lavando a louça quando ouvi gritos na rua. Ela veio até mim pedindo ajuda, dizendo: 'Não me deixe morrer'", relatou. "Eu deixei ela sentada aqui e fui estancando o sangramento com toalhas. Eles estavam juntos há muito tempo, mas ela era muito reservada. Eu sabia que ele já havia sido preso outras vezes por agressão", acrescentou.
Após o ataque, João Paulo fugiu para uma barbearia e, de lá, solicitou um carro de aplicativo com destino à casa dos pais, no Riacho Fundo. A equipe de inteligência da PMDF rastreou a corrida e comunicou para viaturas que estavam perto do local, que interceptaram o veículo em Samambaia. No momento da abordagem, ele vestia roupas ensanguentadas. A reportagem apurou que o acusado se mostrou frio e sem arrependimento.