Para resgatar uma parte importante da história da construção de Brasília e contribuir para a preservação do projeto original do arquiteto e urbanista Lucio Costa, a exposição 'Memórias Avulsas' reúne itens da época da construção da capital. Instalada no prédio da presidência da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), a mostra traz equipamentos e fotografias de mais de meio século, que transportam o visitante para tempos distantes, nos primeiros passos da capital do Brasil.
A exposição foi montada por funcionários da Novacap, que formaram uma comissão para a criação de um museu da companhia. "O problema do brasileiro é que ele não quer olhar para trás, para nossa história", avalia o presidente da comissão, o técnico em edificações Claudimar Miranda.
Ele conta que os itens foram achados em diversos setores dos blocos. "Fomos de sala em sala, perguntando para os funcionários e coletando o nosso acervo", relembra. "Para mim, a importância dessa iniciativa é demonstrar que Brasília não foi construída de qualquer jeito. Tem um objetivo, história e arquitetura por trás, que não podem se perder, ainda mais para a nova geração", diz Claudimar.
Ao lado dele, outro funcionário da Companhia e integrante da Comissão, o técnico na área de recursos humanos José Alberto Barros acrescenta que a exposição é uma forma de garantir, por meio das relíquias, a preservação da cidade. "Por meio da Novacap, temos o objetivo de fazer com que Brasília nunca seja alterada no Plano Piloto, que foi tombado. A gente sabe que existem muitas tendências de fazer isso e queremos resgatar o passado e mostrar que a capital não pode ser mudada em seu projeto original", explica José.
Ambos detalham que o nome Memórias Avulsas foi escolhido pela forma com a qual o acervo foi coletado, em vários locais e de diferentes anos, muitos sem uma ligação entre si. "Há coisas aqui que achamos dentro de armários, sujas e empoeirados. É história da empresa e do país. Isso tudo precisa ser conservado", afirma Claudimar.
A iniciativa é em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF), o Arquivo Público e o Museu da Memória Candanga.
Acervo
Ao todo, são 90 fotografias e 162 objetos, como mapas, materiais de cartografia e máquinas de escrever.
Um dos itens mais antigos é o Mapa do Novo Distrito Federal. O documento, de 1958, mostra as fazendas do Distrito Federal da época. Feito à mão e a lápis, o traçado de quase 70 anos carrega as marcas de borracha usada pelo cartógrafo que o confeccionou e desenhou linha por linha, após visitar aquele território que se tornaria o DF.
As fotos são emocionantes. As imagens transportam o visitante para pontos turísticos da cidade quando eram apenas estruturas em construção. Ao seu redor, não há as vias — que hoje ficam tão lotadas nos horários de pico — apenas estradas de terra.
Entre os objetos, chama atenção um mecanismo que simulava o impacto do peso dos veículos na Ponte JK e um antigo monitor com a imagem projetada.
Novacap
Criada antes de Brasília, a Novacap foi estabelecida em 19 de setembro de 1956, pelo então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira.
A Companhia viu Brasília nascer e acompanha, ao longo das décadas, a cidade crescer cada vez mais. Seu primeiro presidente, Israel Pinheiro da Silva, foi também prefeito do Distrito Federal. Um grande pioneiro da siderurgia no Brasil, sua história é contada nas paredes da exposição, que retratam desde sua infância à sua participação política no país e na capital.
Serviço
Exposição Memórias Avulsas
» Local: Novacap (Setor de Áreas Públicas, lote B S/N SAI Sul)
» Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
» Classificação indicativa: livre
» Agendamento/responsável: 3403-2448, Claudimar de Souza
» Entrada franca