MANIFESTAÇÃO

Comunidade da Estrutural se reúne em protesto contra a violência doméstica

O caso que motivou o protesto foi o feminicídio de Ana Moura, 27 anos, a primeira vítima do crime em 2025 na Estrutural. O ato público teve como objetivo expressar a insatisfação da comunidade diante dos recorrentes casos de violência doméstica e feminicídio

 Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural      -  (crédito:  Mariana Campos/CB/D.A Press)
Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural - (crédito: Mariana Campos/CB/D.A Press)

Centenas de pessoas se reuniram, na tarde deste sábado (11/01), na Igreja Católica de Santa Luzia, na Estrutural, para participar do manifesto "Por Ana e por todas as mulheres". O ato público teve como objetivo expressar a insatisfação da comunidade diante dos recorrentes casos de violência doméstica e feminicídio.  

O caso que motivou o protesto foi o feminicídio de Ana Moura, 27 anos, a primeira vítima do crime em 2025 na Estrutural. Ana foi brutalmente assassinada a facadas pelo marido, na frente dos filhos pequenos, no pátio da delegacia local. O crime chocou a população e escancarou falhas na proteção às mulheres em situação de vulnerabilidade.  

A assistente social e idealizadora do evento, Irene Nascimento, 42 anos, destacou a importância do movimento. “Esse ato surgiu a partir do assassinato brutal da Ana Moura, que era moradora da Estrutural. Em razão desse ocorrido, do sentimento de revolta e da busca por justiça, nós, mulheres da comunidade, nos unimos para realizar este protesto. É um ato em memória da Ana, mas também um alerta sobre o feminicídio, a necessidade de respeito às mulheres e a luta contra qualquer tipo de violência. Estamos aqui para dizer basta”, declarou Irene.  

  •  Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural
    Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural Mariana Campos/CB/D.A Press
  •  Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural
    Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural Mariana Campos/CB/D.A Press
  •  Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural
    Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural Mariana Campos/CB/D.A Press
  •  Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural
    Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural Mariana Campos/CB/D.A Press
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    Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural Mariana Campos/CB/D.A Press
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    Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural Mariana Campos/CB/D.A Press
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    Manifesta....o contra o feminic..dio em Santa Luzia, na Estrutural Mariana Campos/CB/D.A Press

Entre os participantes, estava a advogada Raeny Cristina Lopes, 32 anos, acompanhada da filha, Giovana Garcia, de 12 anos. Raeny distribuía folhetos com orientações sobre como identificar a violência doméstica e onde buscar ajuda. “Nós percebemos, junto com a população, o aumento expressivo nos casos de feminicídio. Por isso, decidimos apoiar essa causa e levar informações para as mulheres em situação de violência, para que elas conheçam seus direitos e saibam onde procurar ajuda”, explicou Raeny.

Apesar da pouca idade, Giovana demonstrou compreensão sobre a importância do ato. “Achei muito legal a união de todos para discutir causas importantes para as mulheres. Nós precisamos ser mais reconhecidas pelos homens”, afirmou a jovem.  

A secretária de Justiça e Cidadania do DF, Marcela Passamani, também esteve presente, apresentando à comunidade o programa social “Direito Delas”, que oferece suporte às vítimas de violência doméstica e dependência emocional. “O primeiro feminicídio do ano aconteceu aqui na Estrutural, o que reforça a urgência de relembrarmos as políticas públicas e de continuarmos a luta pelo fim do feminicídio. Este ato é um símbolo de união e revolta contra a realidade de mulheres que ainda morrem apenas por serem mulheres”, disse a secretária. “Estamos aqui na administração da Estrutural com o projeto Direito Delas, que oferece atendimento psicológico, assistência social e apoio jurídico, para acolhermos e ajudarmos essas mulheres a reconstruírem suas vidas”, concluiu Marcela. 

O caso 

Após ser esfaqueada, Ana Moura foi socorrida por populares, que procuraram ajuda na 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural). O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) prestou os primeiros socorros à jovem, que estava em parada cardiorrespiratória. Ela, no entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu, após quase 40 minutos de tentativa de reanimação.

Na segunda (6/1), o acusado do crime, Jadyson Soares da Silva, 41, foi preso na Rodoviária de Formosa, no Entorno do Distrito Federal. Ana já havia registrado ao menos cinco ocorrências policiais por agressão física e ameaça por parte do companheiro.

Demandas da comunidade  

Durante o ato, os manifestantes apresentaram uma série de reivindicações para prevenir novos casos e apoiar as vítimas de violência. Entre as principais demandas, destacam-se:  

1. Celeridade e rigor nas investigações e julgamento  

   A população exige que o responsável pelo crime seja exemplarmente punido, com um processo célere e justo, reafirmando o compromisso do sistema de justiça com a defesa das mulheres.  

2. Ampliação das políticas de proteção às mulheres  

   - Casa da Mulher Brasileira na Estrutural: Um espaço voltado para acolhimento, assistência psicológica, capacitação profissional e empregabilidade, fortalecendo a autonomia feminina.  

   - Núcleo de Defensoria Pública: A instalação de uma unidade na região é urgente, considerando que o núcleo mais próximo, localizado na Asa Norte, é de difícil acesso para muitos moradores da Estrutural.  

3. Melhorias nos serviços de saúde  

   - Centro de Atenção Psicossocial (CAPS): A criação de unidades específicas para saúde mental e dependência química é fundamental, dada a crescente demanda entre jovens que enfrentam automutilação e ideação suicida, além do impacto do uso de drogas na comunidade.  

   - Unidade de Pronto Atendimento (UPA): A morte de Ana, enquanto aguardava transporte para o hospital, evidenciou a necessidade urgente de um serviço de saúde de emergência na região.  

4. Educação para a igualdade de gênero  

   - Implementação de programas nas escolas locais para promover a igualdade de gênero e prevenir a violência doméstica desde a infância.  

5. Melhoria da infraestrutura de segurança 

   - Delegacia equipada com heliporto: Para garantir atendimento rápido e eficaz em emergências, oferecendo suporte imediato às vítimas.  

6. Divulgação de políticas públicas existentes  

Muitas mulheres desconhecem os serviços e direitos disponíveis. Campanhas informativas são essenciais para garantir que as vítimas saibam onde buscar ajuda.

 

Mariana Saraiva
postado em 11/01/2025 20:05
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