Argemiro Antônio da Silva, 62 anos, procurado pela polícia depois de fugir do Complexo Penitenciário da Papuda na semana passada, atuou em um roubo a banco junto a um dos maiores ladrões de instituições bancárias do país: Fredson Guimarães da Silva, que chegou a ser procurado em cinco estados do país entre 2011 e 2014.
Em 2014, ele, Argemiro e mais oito pessoas arquitetaram um roubo a uma agência do Banco do Brasil localizada na cidade de Itapirapuã (GO). Houve troca de tiros com a polícia e Fredson e mais quatro pessoas morreram após o confronto.
Investigado desde 2011 pela polícia goiana, Fredson ostentava uma vasta ficha criminal por roubos a bancos. Segundo a polícia, ele deixou rombos milionários nos estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Minas Gerais e Goiás. Junto a uma quadrilha especializada, agia com armas de grosso calibre, com mais de um carro e intimidação à população e à polícia.
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A aproximação e o contato entre Argemiro — fugitivo da Papuda —com Fredson não é clara para a polícia. O Correio apurou, mediante processos judiciais, que os dois atuaram juntos em um roubo em Itapirapuã (GO), em dezembro de 2014 (leia Roubo em Goiás).
Em fevereiro de 2014, meses após o roubo, Fredson chegou a ser preso pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO), no Setor Itamaraty, em Anápolis. No momento da prisão, ele apresentou documentos em nome de outra pessoa. À época, a polícia informou que Fredson e o bando invadiram as casas de dois funcionários de um banco de Acreúna, o mantiveram reféns por 12 horas e obrigaram as vítimas a sacar dinheiro do cofre da agência.
Roubo em Goiás
Fredson, Argemiro e mais oito pessoas, incluindo Argemiro Filho, filho do idoso, formaram uma quadrilha para roubar o banco do Brasil da cidade goiana. Na madrugada de 3 de dezembro de 2014, o bando levou mais de R$ 113 mil da agência.
Para o roubo, a quadrilha transportava duas espingardas calibre 12, balaclavas, cartuchos e artefatos explosivos. De acordo com o documento judicial, parte do grupo seguiu para o banco, onde explodiram os caixas eletrônicos com bombas e efetuaram disparos de armas de fogo contra residências, lojas e a agência prisional próximas ao banco.
A outra metade do bando seguiu para a frente do Destacamento da Polícia Militar da cidade. No destacamento, os criminosos estacionaram os carros, acenderam os faróis altos e apontaram armas para o batalhão. Segundo as investigações da época, o ato serviu como forma de intimidação, a fim de evitar que a PM se aproximasse.
Após a empreitada criminosa, todos fugiram em mais de um carro. Policiais militares montaram uma barreira na rodovia GO-070. Parte dos envolvidos que estavam em um dos veículos se depararam com o ponto de bloqueio e abriram fogo contra as equipes. Houve troca de tiros e Fredson Guimarães foi baleado e morreu, assim como outros quatro integrantes da quadrilha.
Ainda em fuga, os assaltantes entraram em uma estrada vicinal, que liga o distrito de Colônia de Uvá aos assentamentos do MST denominados "São Carlos" e "Laginha", local onde se dividiram em dois grupos, abandonaram os veículos e entraram na mata.
Por volta de 1h do dia 4 de dezembro de 2014, os policiais viram um Crossfox em atitude suspeita. Ao ser abordado, o motorista confessou que iria resgatar os comparsas escondidos na mata. Posteriormente, um outro carro conduzido por Argemiro Filho foi parado pelas equipes, depois de uma perseguição. No carro, um Pálio, estavam, além de Argemiro, o pai dele, e outros dois envolvidos no roubo. À polícia, o filho disse que foi resgatar o bando.
Os detidos foram presos em flagrante e encaminhados à Delegacia Estadual de Investigações Criminais - DEIC (Grupo Antirroubo a Bancos GAB). A Justiça condenou o bando. Argemiro “pai” recebeu a pena de 14 anos e 10 meses de prisão, enquanto o filho recebeu 10 anos e 3 meses pelos crimes de porte de arma de fogo, resistência, associação criminosa e roubo qualificado.
Fuga
Argemiro fugiu do Complexo Penitenciário da Papuda na sexta-feira. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape), a fuga foi constatada por volta das 7h, quando policiais penais faziam vistoria nas celas, como de rotina.
A perícia da Polícia Civil foi acionada para o local da fuga, na tentativa de colher elementos que levem às informações sobre como Argemiro conseguiu serrar as grades da cela.
Qualquer informação sobre o paradeiro de foragidos do sistema penitenciário deve ser repassada à Polícia Penal do DF pelo telefone (61) 99666-6000, à PMDF pelo 190 e à PCDF no 197. A denúncia é feita de forma anônima. As equipes descreveram o preso para auxiliar na captura. Ele tem 1,75m, pele clara, cabelos grisalhos e olhos castanhos.