Clima

Especialistas indicam que 2025 terá temperaturas mais amenas no DF

Depois das altas temperaturas do ano passado, que registrou máxima de 37,5°C e alerta vermelho de umidade na capital, a previsão é de chuvas e de temperaturas mais amenas

A expectativa, segundo especialistas, é de que 2025 deve ser menos quente e mais úmido -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
A expectativa, segundo especialistas, é de que 2025 deve ser menos quente e mais úmido - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O ano de 2024 quebrou recordes de temperatura. No Distrito Federal, além dos números altos no termômetro, foram registrados 167 dias sem chuvas, que renderam aos meses de agosto e setembro emergências cheias nos hospitais, com pacientes queixando-se de dores de cabeça e problemas respiratórios. A expectativa, segundo especialistas, é de que 2025 deve ser menos quente e mais úmido, embora as temperaturas historicamente continuem crescendo no DF e no mundo, devido à crise climática global

Como uma trégua aos candangos, os últimos meses de 2024 registraram chuvas, que continuam no início de 2025. No DF, a primeira semana do ano registrou temperatura máxima de 28°C e céu nebuloso boa parte dos dias. A meteorologista Andrea Ramos explica que enquanto em 2023 e 2024 o país viveu os efeitos do El Niño, é esperado que 2025 sofra os efeitos do fenômeno inverso, o La Niña.

"O El Niño traz o calor, enquanto o La Niña ameniza as temperaturas. Não significa que será frio, mas trará temperaturas mais amenas para essa parte central do país", afirma a especialista, que explica que, embora o Oceano Pacífico esteja marcando temperaturas mais baixas, há cerca de 70% de incidência do La Niña, o que ainda caracteriza uma fase neutra.

"Ainda que o La Niña venha a acontecer, deve ser de intensidade fraca e curta duração. Talvez fique até fevereiro e março e depois voltamos à neutralidade. Por isso temos tido mais chuvas, além das características próprias da estação, uma vez que o verão tem temperaturas mais altas e aumento da umidade", completa.

Os dois fenômenos estão relacionados às temperaturas registradas nas águas do Oceano Pacífico e têm influência não só na temperatura, mas também nos períodos de seca e chuva nas diferentes regiões do país. Enquanto o El Niño causa estiagem na Região Sul e pancadas de chuva no Norte e Nordeste, o La Niña acarreta exatamente o contrário.

"Acredito que o calor deve persistir. Teremos dias quentes, mas também dias mais amenos do que os registrados nos últimos anos. Porém, o calor vai continuar, pois estamos nessa era dos extremos e eu diria que esse é o novo normal", afirma a meteorologista.

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Sustentabilidade

O doutor em Desenvolvimento Sustentável pela UnB Christian Della Giustina conta que, nas cidades, é possível desenvolver ações para que os dias quentes não sejam tão escaldantes. Para ele, é necessário "agir local e pensar global", de forma a refletirmos os impacto das ações, positivas e negativas. "É claro que uma cidade mais arborizada ajuda a diminuir as temperaturas. O sol, ao bater em uma área concretada, gera muito mais calor do que uma área de vegetação. Já o cidadão pode adotar comportamentos que diminuam a emissão de gases causadores do efeito estufa, como utilizar mais transporte público", comenta. 

Giustina explica que há duas formas de lidar com a crise climática, a mitigação e a adaptação. "A mitigação seria a valorização dos parques e áreas verdes, além da recuperação de áreas degradadas", conta.  "A adaptação, por sua vez, refere-se a medidas para se preparar para as mudanças climáticas, como a drenagem pluvial para grandes chuvas e a educação ambiental sobre a questão do lixo nos bueiros, por exemplo", completa.

Transtorno

No dia mais quente de 2024 no Distrito Federal, 5 de outubro, o termômetro marcou 37,5°C que, junto à seca, fez sofrer a população da capital. Naquela semana, a família do servidor público Ademir Picanço teve que interromper o percurso da viagem de carro que fazia de Brasília a Ouro Preto (MG) e esperar o sol se pôr, após ter passado mal dentro do veículo. "Mesmo no carro, com a película térmica, ficamos em agonia. No termômetro dizia que do lado de fora estava 36°C", conta o servidor público. Ele, a esposa, Giane, 44, e o filho, Gabriel, 15, tiveram que pagar meia diária em um hotel enquanto esperavam anoitecer para seguir viagem. "Lembro-me que o chuveiro quente não estava funcionando e foi até bom, porque todo mundo só queria tomar banho frio mesmo."

 


Bruna Pauxis
postado em 09/01/2025 05:55 / atualizado em 09/01/2025 09:05
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