Na linha de frente da defesa da sociedade, os policiais militares e demais integrantes das forças de segurança estão entre os grupos mais suscetíveis a problemas de saúde mental. Constantemente expostos a situações de alto estresse e pressão, esses profissionais enfrentam desafios que impactam diretamente o bem-estar psicológico. Não é raro que o tema da saúde mental dessas categorias norteie debates e motive a busca por soluções.
No Distrito Federal, são feitos, em média, 60 atendimentos diários em psicologia para policiais militares. Em resposta a essa demanda crescente, no ano passado, a alta cúpula da PM decidiu credenciar oito novas clínicas especializadas em saúde mental, após uma série de episódios que reacenderam a discussão sobre o tema.
Para além dos atendimentos psicológicos, essas clínicas somam cerca de 19 consultas de psiquiatria por dia. Segundo dados da corporação, a rede dispõe de 93 psicólogos e 17 psiquiatras para a prestação desse serviço.
Números
Em 14 de janeiro de 2024, o tema da saúde mental na corporação tomou força depois de um trágico episódio. Naquela manhã, o sargento da PM Paulo Pereira de Souza, de 46 anos, atirou em um colega de farda dentro de uma viatura, no Recanto das Emas. Em seguida, Paulo tirou a própria vida.
Um dia depois do ocorrido, a comandante da PMDF, Ana Paula Habka, esteve no CB.Poder, programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília, e destacou que a saúde mental dos policiais era prioridade na gestão. “O nível de estresse mundial é muito grande. Imagine em uma profissão em que lidamos diretamente com muitas situações, e o mais comum são as ruins. Nós lidamos com a criminalidade e vivemos nesse enfrentamento. Isso potencializa o nível de estresse do nosso policial”, disse à época.
Segundo números da PM, entre janeiro e setembro de 2024, foram registrados 884 atendimentos psicológicos e 1.199 atendimentos psiquiátricos na estrutura própria da corporação, superando a quantidade registrada em 2023. Ainda no ano passado, a corporação abriu concurso público para a contratação de três novos psiquiatras. Os profissionais estão em curso de formação.
“A instituição continua promovendo diversas iniciativas, como rodas de conversa que visam prevenir o suicídio e promover a saúde mental. Atualizamos o programa Sentinelas da Vida, que consiste em dois policiais voluntários de cada uma das unidades da PMDF, com vistas a acompanhar policiais que apresentem mudanças comportamentais”, destacou a corporação.
Credenciamentos e acordos
A partir de 13 de janeiro deste ano, estarão em vigor novos contratos com dois laboratórios vinculados à PMDF, após um dos laboratórios não manifestar interesse em renovar seu contrato com a corporação. O vínculo foi encerrado em 31 de dezembro de 2024.
Desde 1º de janeiro deste ano, os militares e seus beneficiários podem ser atendidos no Hospital Daher nos regimes de urgência/emergência, ambulatorial, atendimento eletivo e oncologia, além do Hospital Santa Marta, em Taguatinga.
Além da rede credenciada, a PMDF firmou um acordo de cooperação técnica com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), que cedeu três médicos psiquiatras, e com a Secretaria de Saúde, que disponibilizou uma médica psiquiatra civil.
Também foi realizado um acordo de cooperação com o Serviço Social do Comércio (Sesc-DF), que disponibilizou nove psicólogos e dois psiquiatras, permitindo o início de atendimentos psicológicos na estrutura própria da PMDF a partir de julho de 2024.