Em um intervalo de apenas 10h, sete pessoas do Distrito Federal e do Entorno perderam a vida em acidentes de trânsito. Um dos casos mais chocantes foi a colisão entre um automóvel e uma carreta, que matou quatro pessoas de uma mesma família. No outro, um jovem de apenas 19 anos perdeu a vida ao capotar o veículo. No terceiro caso, um agente da Polícia Civil morreu numa colisão frontal.
Eram 6h10 deste sábado (21/12) quando um automóvel e uma carreta bateram de frente no KM 45 da BR-040, perto de Paracatu (MG). A colisão foi tão forte que a parte da frente do veículo ficou completamente destruída. Dentro dele estavam o casal Lourival de Oliveira Cassiano, 57, e Viviane Ferreira Alves, 35, além de três crianças: uma recém-nascida de 1 mês e dois meninos, Lázaro Ferreira Alves, de 5, e outro de 11 anos. Apenas Lázaro sobreviveu. O cachorro da família, que estava no veículo, também morreu.
Ao Correio, a agente Isabella, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), informou que a carreta seguia sentido Brasília e chegou a arrastar o carro por alguns metros. "Por alguma razão ainda desconhecida, o carro da família entrou na contramão, colidindo com a carreta", disse.
O garotinho de 5 anos ficou preso às ferragens e foi levado para o Hospital Municipal de Paracatu em estado gravíssimo. Horas depois, foi transferido em uma aeronave para o Hospital de Base, em Brasília. O Correio apurou que ele está na Unidade de Terapia Intensiva e é acompanhado por uma equipe multidisciplinar. O menino quebrou as duas pernas e o braço. Passou por três cirurgias e o estado de saúde na noite deste sábado (21/12) era estável.
Uma familiar de Viviane informou que ela e os dois filhos serão sepultados na cidade mineira de Campo Azul, no Norte de Minas, distante 587 km de Belo Horizonte. Já Lourival será enterrado no DF
Dedicação
O casal estava a caminho da casa da mãe de Viviane, em Minas Gerais, onde passaria o Natal. Ele era gerente da rede de supermercados Tatico havia mais de 30 anos, enquanto a esposa era fiscal de caixa havia cerca de 10 anos. Atualmente, os dois trabalhavam em uma unidade da rede em Águas Lindas. No local, o clima era de tristeza. A reportagem apurou que cogitaram não abrir a loja neste sábado (21/12), em função da dor da perda.
Claudio Juvenal, 52, é segurança do mercado há cinco anos e descreveu Lourival como uma pessoa humilde, comunicativa e prestativa. "Tratava todo mundo bem, tanto funcionários quanto clientes. A vida dele era o mercado", comentou. "Foi uma tragédia. Uma perda muito grande para todos, tenho certeza. A lembrança que fica é desse gerente alegre, extrovertido e que ajudava as pessoas", acrescentou Juvenal.
Também fiscal de caixa e melhor amiga de Viviane, Rayane de Sousa, 29, classificou a companheira de jornada como um "ser de luz" e uma pessoa iluminada por Deus. "Era carismática, divertida, contagiava todos à sua volta com sua alegria. Uma amiga incrível, foi muito importante para mim", afirmou.
Rayane disse que Viviane era uma mãe guerreira. "Ela lutou muito para criar os filhos sozinha. O sonho dela era ser mãe de menina e tive a honra de vê-la realizá-lo", revelou. "Fui guardiã do segredo do chá revelação dela, acompanhei tudo de perto, até a luta dela quando a bebê nasceu com um probleminha na língua. Minha amiga estava tão feliz! É uma tragédia, uma perda imensurável. Não tenho palavras", desabafou.
Três mortes em São Sebastião e no Paranoá
Uma pessoa extraordinária. Essas são as palavras usadas por amigos do agente da Polícia Civil do Distrito Federal Robson Pinheiro da Silva Júnior, 38 anos, morto em uma colisão frontal na BR-251, na região de São Sebastião.
O acidente aconteceu às 20h de sexta-feira (20/12) e também matou o motorista do outro carro, de 45 anos, identificado apenas pelas iniciais R.S.C. O policial tinha acabado de sair da delegacia e voltava para casa, no Jardim Botânico. Saiu para o recesso de Natal, que duraria cinco dias. Faria 39 anos no dia 25 de dezembro. Deixa mulher e uma filha de 4 anos.
Delegado chefe-adjunto da 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria), Renato Martins afirmou que a ausência de Robson vai deixar uma saudade imensa como amigo e um vazio no campo profissional. “Robson foi uma pessoa extraordinária, daquelas raras que temos o privilégio de encontrar ao longo da vida. Um profissional brilhante, com a essência da polícia em seu sangue, que desempenhava sua função com integridade, dedicação e excelência”, descreveu.
Robson Júnior era chefe da Seção de Repressão às Drogas (SRD) da 33ª DP. O policial civil Josué Rodrigues trabalhou durante sete anos ao lado dele. “Ele me treinou para eu ser um policial melhor. Fizemos diversas apreensões juntos. Era um cara atuante, honesto e representava o que a carreira pedia dele”.
Policial e amigo de Robson, Mateus Reis, ou Urubuzão — apelido que ganhou no curso de formação e pelo qual Robson sempre o chamava —, trabalhava na sala ao lado. "Sempre que passava pela porta dele, parava para trocar algumas palavras. Sempre admirei seu comprometimento, dedicação e carisma. Não havia uma alma viva que não cedesse ao seu charme. Despeço-me de um amigo amado. Que ele descanse em paz!", disse.
No Paranoá, um jovem, de 19 anos morreu e outros cinco ficaram feridos após o carro em que estavam, um HB20, capotar na DF-001. Quando os bombeiros chegaram, o rapaz estava sem vida e os passageiros, do lado de fora do veículo.
Uma das vítimas, identificada pelas iniciais P.H, estava sem documentação. Os socorristas o encontraram inconsciente e instável e o levaram para o Hospital do Paranoá. As outras pessoas foram atendidas pelos bombeiros orientadas e estáveis, e reclamavam dores em diferentes partes do corpo. F. K. M. S. estava sem documentos. Foi atendido pelas equipes de bombeiros, mas recusou transporte para uma unidade de saúde. D. N. M., 20 anos, estava consciente, orientado e estável. Reclamava de dores no ombro esquerdo e no pescoço. Após o atendimento no protocolo de trauma, foi encaminhado para o Hospital do Paranoá. R. F. S. J., 19 anos, estava consciente, orientado e estável. Apresentava edema na parte frontal da cabeça e escoriações no braço esquerdo. Foi transportado para o Hospital de Base. E. W. F. R., que também não tinha documentação, foi transportado pelo Samu para unidade hospitalar desconhecida. Não há informações sobre o estado de saúde dele.