Protesto

Projeto Vestígios de Noiva protesta contra o feminicídio

A ação chamou a atenção de quem circulava pela estação do Praça do Relógio, em Taguatinga, com vestidos de noiva transformados em obras de arte

Oito mulheres usando vestidos de noiva transformados por artistas visuais de Brasília realizaram, na manhã desta quinta-feira (19/12), uma performance-manifesto contra os casos de feminicídio no Distrito Federal, que contabiliza 24 mortes em 2024. A ação ocorreu no Centro de Taguatinga, com as participantes percorrendo a estação de metrô da Praça do Relógio e as vias centrais, utilizando leques coloridos que, ao serem batidos contra o ar, emitiam sons marcantes para chamar a atenção de pedestres e motoristas.

A performance, que durou uma hora e meia, alcançou cerca de 5 mil pessoas, gerando reações de surpresa e reflexão. “Estava envolvida nas preocupações do dia, e, de repente, vejo oito noivas chamando atenção para o perigo que enfrentamos só por sermos mulheres. O feminicídio é nefasto e está sempre à espreita. Precisamos manter a vigilância”, afirmou a servidora pública Maria da Glória Guimarães, que presenciou o ato.

Concebida e dirigida pelo artista visual e ator Jones Schneider, e com direção artística de Astaruth Lira, a ação teve como propósito ressignificar o vestido de noiva, tradicionalmente associado ao casamento, para destacar signos históricos de opressão, como o mito da virgindade, a repressão sexual, a violência doméstica e a submissão das mulheres.

O desfile contou com a participação de diversas artistas, como Iclélia Maranhão (Os Contos de Fadas São Contos de Fadas), Márcia Costa (Linhas e Fios Poéticos), Ianca Gomes (Baubo), Luara de Paula (Imaginação Bálsamo), Lunares Aires (Sonhos Atados), Clara Camarano (Euforia do Prazer ou a Alforria do Sexo Original), Isabela Gomes (Arriscar), e Evellyn Rodrigues (Hey de Partir).

Entre os destaques, Christiane Contreiras emocionou-se ao ver sua obra Sonhos Atados, que representa uma barriga de gravidez feita com ataduras, vestida pela modelo trans Lunares Aires. Já Luara de Paula desfilou sua criação, simbolizando feridas causadas pela violência, e lamentou os casos de assédio enfrentados pelas participantes durante a ação.

Com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), apoio do Sesi e do Instituto Cidade Céu de Arte, Educação e Cultura, e produção do Criaturas Alaranjadas Núcleo de Criação Continuada, as obras apresentadas estarão em exposição a partir de janeiro, na Sala de Exposições do Centro Cultural do Sesi Taguatinga (QNF 24).

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