As possíveis causas do aumento da incidência de câncer de intestino entre os jovens e como evitar a doença foram assuntos debatidos pelo cirurgião coloproctologista Pedro Henrique Morais durante o programa CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília, desta quinta-feira (19/12). Às jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte, o médico comentou sobre o impacto dos ultraprocessados, a importância da colonoscopia e o uso de bolsas de colostomia.
Para o coloproctologista, o câncer de intestino representa uma ameaça cada vez mais real aos jovens. Ele citou que a Sociedade Americana de Coloproctologia, com base em um estudo, percebeu um crescimento de mais de 300% no número de pacientes jovens com câncer de intestino ao longo de 20 anos. Para evitar a doença, ele explicou que é importante evitar hábitos que facilitam o desenvolvimento de tumores.
"Este ano, inclusive, eu operei minha paciente mais jovem, aos 19 anos, com câncer de intestino, que não tem histórico familiar, nenhuma mutação detectada e que parece ser um tumor causado por estímulo externo, por hábitos de vida", comentou o cirurgião. O caso exemplifica os perigos para os jovens e a necessidade de precaução por meio de uma rotina mais saudável.
Morais acredita que o aumento de casos de câncer em jovens esteja relacionado aos maus hábitos de saúde. "Eles estão se alimentando mal cada vez mais. Não só os jovens, todo mundo. Estão comendo muito ultraprocessados, fast food. Se você pega uma promoção de fast food, com batatinha, sanduíche e refrigerante, tudo ali é altamente cancerígeno. Esses alimentos têm um alto potencial de levar ao câncer de intestino e a outros problemas de saúde também."
O médico citou que diversas substâncias encontradas em alimentos ultraprocessados fazem mal à saúde se consumidos em excesso. É o caso da gordura animal, que pode causar irritação no intestino e levar a uma mutação; dos nitratos presentes em carnes embutidas, processadas e defumadas; e de alguns corantes, como o caramelo presente em refrigerantes, que podem levar a uma mutação cumulativa no intestino.
Colonoscopia
O cirurgião frisou que, ao contrário de outros tipos de câncer, o do intestino pode ser tratado pela colonoscopia. "O rastreio de outras doenças é baseado em fazer exames para tentar encontrar a doença em uma fase inicial e evitar que ela progrida. Já a colonoscopia é um exame tão fantástico que evita o aparecimento do câncer lá na frente", disse. Para Martins, falta mais divulgação sobre o Março Azul Marinho, campanha de conscientização contra o câncer de intestino.
Para ele, o ideal seria que todos realizassem colonoscopias a partir dos 45 anos, como recomendado pelas associações médicas, mas nem sempre há recursos para isso. "No SUS não tem aparelho e disponibilidade para fazer em todo mundo no Brasil todo. O que se pode fazer, e que o Ministério da Saúde preconiza, é fazer outros tipos de rastreio que vão ter uma detecção intermediária, mas que vão conseguir triar alguns pacientes, como o sangue oculto e a retossigmoidoscopia, que é um exame um pouco mais simples", comentou o médico.
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Bolsas de colostomia
Martins explicou que um dos grandes temores dos pacientes em relação ao câncer de intestino é a bolsa de colostomia. Ele destacou que, na maioria dos casos, a bolsa não é necessária, mas que seu uso também não é tão ruim quanto as pessoas imaginam. É necessário quando o corpo não está pronto para colar o intestino. Então, é preciso "colocá-lo para fora" por meio da bolsa.
Na maioria dos casos, a bolsa é temporária, mas ela pode se tornar permanente. "Quando eu coloco uma bolsa terminal do lado esquerdo, a literatura mundial mostra que eu tenho 40% de chance de nunca mais conseguir reverter. E alguns pacientes que têm câncer mais baixo, lá no canal anal, muitas vezes a gente tem que retirar todo aquele trajeto, então ela se torna também definitiva", afirmou o médico.
Apesar das inconveniências, Morais garante que é possível seguir a vida normalmente com o uso da bolsa de colostomia. Quem vai usá-la acaba tendo restrições por conta dos cuidados com a bolsa, mas ela não impede de fazer nada, de acordo com o coloproctologista. "Muitas vezes o preconceito das pessoas e até o receio do próprio paciente o impede de fazer algumas coisas. Mas quem tem bolsa de colostomia pode namorar, dançar, nadar e tudo mais."
Assista o CB.Saúde na íntegra
*Estagiário sob supervisão de Eduardo Pinho
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