Economia

Comércio diz que Natal deve gerar R$ 992 milhões no Distrito Federal

Data é considerada a segunda mais promissora dos últimos oito anos. Fecomércio indica que 85,9% dos consumidores planejam comprar presentes

O Natal de 2024 promete ser o segundo mais promissor dos últimos oito anos, ficando atrás apenas do ano passado. Uma pesquisa da Fecomércio, realizada entre 4 de outubro e 11 de novembro, com 573 entrevistados, revelou que 85,9% dos consumidores planejam comprar presentes neste Natal, um aumento significativo em comparação aos 64,5% registrados no ano anterior. Com a alta no ticket médio e o crescimento na intenção de compras, estima-se que a economia local movimente cerca de R$ 992 milhões, com a possibilidade de um aumento de até 9% nas vendas em relação ao ano passado.

Entre os lojistas, 77% estão otimistas em relação às comemorações deste ano, projetando vendas superiores às do ano passado, enquanto 18,8% esperam manter o mesmo volume, e apenas 4,2% têm perspectivas de queda. Apesar de uma leve redução no índice de otimismo em comparação a anos anteriores, o sentimento positivo ainda prevalece de forma significativa. Segundo dados da instituição, o comércio em 2024 apresentou desempenho mais forte em comparação a 2023. De janeiro a setembro, o setor varejista registrou um crescimento acumulado de 5,5%, enquanto no mesmo período do ano anterior houve uma retração de 0,4%.

Para atender à demanda das festividades e aproveitar o período de maior movimento, 82,1% dos empresários investiram no aumento dos estoques, enquanto 94,9% planejam implementar estratégias para atrair clientes. As ações mais recorrentes incluem promoções (21,47%), divulgações e propagandas (17,91%), diversificação de produtos (17,13%) e vitrines temáticas (15,35%), evidenciando a busca por se destacar no mercado durante a temporada de compras.

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Segundo José Aparecido Freire, presidente do Sistema Fecomércio-DF, esse resultado positivo está ligado aos reajustes salariais nos setores público e privado, que ampliaram a massa salarial, além da redução do desemprego no Distrito Federal. "O setor enfrentou impactos severos durante a pandemia. No entanto, nos últimos anos, o cenário mudou positivamente, culminando em uma recuperação robusta. Esses fatores ampliaram o poder de compra dos clientes. Em 2023, as festividades já registraram resultados muito positivos, marcando o início dessa retomada. Em 2024, consolidamos a recuperação, com a criação de cerca de 4 mil vagas no varejo, de janeiro a setembro, atingindo um recorde histórico no DF, ultrapassando 1 milhão de empregos formais", afirma Aparecido.

Entre os consumidores, o tíquete médio apresentou um aumento de 14,8%, passando de R$ 345,26 em 2023 para R$ 396,67 neste ano. Já para os lojistas, o valor médio esperado para os presentes é de R$ 269,29, o que representa um crescimento de aproximadamente 40,2% em relação ao tíquete médio de 2023, que foi de R$ 192. Quanto aos preços, 76,7% dos lojistas planejam mantê-los nos mesmos patamares do ano passado, enquanto 17,9% avaliam a possibilidade de reajustes. Os principais motivos para esses aumentos são os repasses de custos por parte dos fornecedores (79,4%) e o impacto de elevações nos impostos (17,5%).

Comércio

A empresária Cremilda Zerneri, dona da Cei Norte Decorações, concorda com os dados apresentados na pesquisa. Ela afirma que este fim de ano tem se mostrado muito positivo para quem trabalha no ramo de ornamentos. "Conversando com colegas de todo o Brasil, não apenas em Brasília, percebemos um crescimento significativo nas vendas natalinas, na faixa de 20% ou até mais, dependendo do local. As lojas estão mais movimentadas. É um aumento expressivo; antes vendíamos muitas árvores pequenas, este ano, os clientes estão preferindo árvores maiores e investindo mais em decoração e iluminação. Dá para perceber que os consumidores estão mais entusiasmados, gastando mais e preferindo itens maiores e mais sofisticados. O ticket médio aumentou, e as pessoas estão mais dispostas a investir na magia do Natal", afirma.

A gerente da loja do grupo O Boticário do JK Shopping, Jaqueline Albuquerque, também nota um aumento na movimentação e no fluxo de vendas. "O movimento está melhor do que no ano passado em relação às vendas de Natal. Atualmente, estamos no período da Black Week, que já marca o início das compras natalinas, pois as pessoas adiantam as compras dos presentes para aproveitar os descontos. Comparando com o ano passado, estamos tendo resultados excelentes. As pessoas estão comprando mais, tanto para presentear quanto para uso pessoal", conta.

Por outro lado, o varejista André Duarte diz que não percebeu esse aumento. "As vendas estão muito similares às do ano passado. No entanto, quando consideramos a alta dos preços e outros fatores econômicos, observamos uma queda real de 30% a 35%. Por exemplo, se vendemos R$ 100 mil no ano passado e R$ 110 mil este ano, ao ajustar esses valores pela inflação e pelos aumentos de preço, percebemos que, na prática, vendemos bem menos", explica.

Duarte também afirma que o ticket médio caiu significativamente. "Nossos produtos são voltados para as classes D, E e F, e com o boom das bets (apostas on-line), muitos consumidores destinaram o pouco dinheiro disponível para essas plataformas. Isso impactou diretamente o consumo no nosso segmento de decoração", acrescenta.

Clientes

A advogada Priscila Planelis aproveitou o fim de novembro para fazer as compras de sua decoração de Natal e conta que este ano fará um investimento maior. "Estou bem mais animada para o Natal! Já fiz as primeiras compras e hoje vim buscar o que ainda estava faltando. Comparado ao ano passado, acho que vamos gastar um pouco mais, especialmente com a decoração e também com os presentes, que não deixo de dar para a família. Sobre o comércio, percebo que está bem movimentado. Notei que muitos itens já estão acabando, mesmo antes de dezembro. Quem se antecipou conseguiu encontrar mais variedade", explica.

Em contrapartida, a prestadora de serviços gerais Vanir Rosa, 42,explica que este ano suas expectativas estão um pouco diferentes para o Natal. "As coisas estão muito caras, então vim dar uma olhada e pesquisar os preços antes de decidir o que comprar. Minha ideia é focar em lembrancinhas. Comparado ao ano passado, acho que a situação está ainda pior. Estou comprando menos presentes porque os preços subiram muito, e preciso priorizar outras despesas, como a parcela da minha casa. Por isso, minha meta é gastar até 50 reais por presente, no máximo", diz.

 

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