PREVENÇÃO

Toda atenção para evitar contágio com covid-19 no réveillon

Em períodos de confraternização, como o fim do ano, a disseminação do vírus aumenta, alerta especialista

Ana Cristina percebe um relaxamento nas medidas preventivas -  (crédito: Carlos Silva/CB)
Ana Cristina percebe um relaxamento nas medidas preventivas - (crédito: Carlos Silva/CB)

Com a chegada do fim de ano, os brasilienses costumam se confraternizar para celebrar as conquistas. Esses momentos de convivência e alegria reúnem muitas pessoas, o que acende um alerta para a necessidade de manter as medidas de proteção contra a covid-19. Embora pareça um problema superado, a doença continua presente e exige atenção para evitar novos casos e garantir a saúde de todos.

A capital da República acumula 535 notificações da doença, contabilizadas entre 24 de novembro e 21 do mês passado — período que abarca as últimas quatro semanas epidemiológicas nas quais os casos foram contabilizados. De acordo com o boletim mais recente divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-DF), o Lago Sul lidera a quantidade de casos por 100 mil habitantes desde o início da pandemia, com uma taxa de 60.527,7; seguido de Sobradinho, com 57.091,3, e Park Way, que apresenta índice de 39.621,8.

O infectologista Henrique Lacerda, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Anchieta, alerta que a aceleração da circulação do vírus — dada pela Taxa de Transmissão R(t) em 1,17 — representa especial risco entre pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto. "Embora os casos graves e internações permaneçam baixos devido à vacinação, a baixa adesão às doses de reforço preocupa e contribui para o aumento de novos casos", afirma. Ele destaca que fatores como o surgimento de novas variantes, maior interação social, relaxamento no uso de máscaras e higienização inadequada das mãos agravam a situação. 

Além disso, mudanças sazonais, como o início da temporada de chuvas, podem intensificar a transmissão de vírus respiratórios. "Ambientes fechados e mal ventilados durante períodos chuvosos favorecem a disseminação do vírus", explica Lacerda.

Impacto 

Relatos reforçam os impactos prolongados da doença. Morador de Samambaia, Apoena Farias, 43 anos, relata ter contraído covid-19 seis vezes, duas delas somente este ano. "Mesmo vacinado, tive sequelas graves, como perda de 70% da audição do ouvido direito e lapsos de memória", conta. Para ele, a gravidade da doença é subestimada pela população. "Não é só ficar doente por uma semana. As sequelas são o verdadeiro problema."

Ana Cristina, 23, moradora do Paranoá, nunca teve covid-19, mas percebe um relaxamento nas medidas preventivas. "As pessoas sabem da importância, mas agem como se esquecessem o impacto que a doença já causou. Precisamos de mais campanhas de conscientização", defende. 

infectologista Henrique Lacerda ressalta que o uso de máscaras em locais fechados, evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados são fundamentais para conter a disseminação do vírus. Ele também reforça a importância de ampliar a cobertura vacinal, especialmente com as doses de reforço. "Esses comportamentos reduzem significativamente a transmissão, que ocorre principalmente por gotículas, como em tosse ou espirros", explica.

A moradora de Samambaia Maria de Jesus, 54, mantém o uso de máscaras no transporte público. "De manhã, os ônibus estão lotados e sem ventilação. Muitas pessoas tossem, e isso me preocupa. Então, sigo usando máscara todos os dias", conta.

Grupos vulneráveis, como idosos, pessoas com comorbidades e imunossuprimidos, devem ter atenção redobrada. "A dose de reforço é especialmente recomendada a cada seis meses para imunossuprimidos. Já para pessoas com boa imunidade, a vacinação anual é suficiente, como ocorre com a vacina da influenza", orienta Lacerda.

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Avanços 

Para conter o avanço da doença, a SES-DF implementou novas estratégias de vacinação, seguindo diretrizes do Ministério da Saúde. A vacina contra a covid-19 agora integra o Calendário Nacional de Vacinação para gestantes, idosos e crianças de 6 meses a 4 anos, além de outros grupos prioritários.

Gestantes devem receber uma dose por gestação, enquanto idosos (60 anos ou mais) devem se vacinar a cada seis meses. Para os demais grupos especiais, como indígenas, ribeirinhos, pessoas com comorbidades, trabalhadores da saúde e pessoas em situação de rua, a vacinação será anual, com exceção de imunossuprimidos, que mantêm o intervalo semestral.

Benefícios  

A Secretaria de Saúde também começou a oferecer a vacina da Zalika Farmacêutica no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Aprovada pela Anvisa para maiores de 12 anos, essa vacina se destaca pela alta eficácia contra casos sintomáticos e vantagens logísticas, como maior prazo de validade e facilidade de armazenamento.

Para crianças menores de 12 anos, continua a vacinação com os imunizantes da Pfizer e da Moderna. Crianças de 6 meses a 4 anos que iniciaram o esquema com a vacina da Pfizer receberão três doses, enquanto as que começaram com a da Moderna completarão duas doses.

A secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio, reforça a necessidade de atenção permanente à doença. "A covid-19 ainda causa perdas de vidas no DF. Manter a vacinação em dia é imprescindível", alerta.

Mariana Saraiva
Carlos Silva
postado em 31/12/2024 16:17
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