Na noite de quinta-feira (26/12), moradores do Distrito Federal puderam avistar uma aeronave que sobrevoou os céus da região repetidamente. O sobrevoo, em uma altura menor que a habitual, não era nenhuma operação em monitoramento, mas um voo comercial que precisou circular pelo céu de Brasília após uma falha técnica.
O voo LA3852, da Latam, partiu do Aeroporto Internacional de Brasília por volta de 21h35 com destino a Teresina (PI), mas precisou pousar no mesmo local às 22h21, após 40 minutos sobrevoando o DF. O pouso ocorreu sem intercorrência e os passageiros foram realocados em outro voo, que decolou às 21h desta sexta-feira (27/12).
Em entrevista ao Correio, o perito aeronáutico Daniel Kalazans explicou o motivo da aeronave voar em círculos durante quase uma hora e quais são as medidas de segurança a serem adotadas nesses casos. De acordo com o especialista, um dos objetivos pode ser possibilitar ao piloto identificar qual a pane e tentar corrigir.
Além de tentar identificar a pane, o piloto pode continuar o sobrevoo para gastar combustível e poder pousar. “Toda aeronave tem um peso máximo de decolagem que muitas vezes pode ser diferente do peso o máximo de pouso”, comenta. “Quando essas coisas acontecem, ele fica voando em órbita gastando combustível ou, se tiver um sistema, alijando combustível fora para pousar dentro do peso mínimo”.
Episódio semelhante aconteceu com um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em que estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A aeronave sobrevoou o México durante quatro horas até pousar no mesmo país devido a falhas.
O especialista frisa que uma pane no sistema elétrico pode ser originada por diversos fatores e que é necessária uma investigação pela empresa para entender qual o causador. Entre sistemas que uma pane elétrica pode afetar, estão a iluminação da aeronave, comunicação com a torre de controle e com os passageiros e o próprio painel de navegação do veículo.
Segundo a Latam, a aeronave precisou passar por uma manutenção não programada após o pouso. Kalazans explica que esse procedimento, também chamado de manutenção corretiva, ocorre para reparar um erro que aconteceu de forma imprevisível. Essas ações não substituem as manutenções programadas, feitas preventivamente a partir do histórico do avião.
Para evitar problemas como o do voo LA3852, o melhor antídoto são as manutenções regulares, no entanto, é possível que falhas aconteçam eventualmente. O especialista destaca ainda que o treinamento dos comandantes para os chamados procedimentos de contingência são essenciais. “A assistência prestada pelos controladores e o próprio procedimento do piloto evitou um acidente, então a aeronave pousou com relativa segurança, garantindo aí a segurança aí dos passageiros”, finaliza.