Após uma sessão na última quarta-feira para os operários que fizeram a reforma e convidados, a sala Martins Pena teve a inauguração oficial na noite desta sexta-feira (20/12). Com show de Chitãozinho e Xororó, acompanhados da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, o evento marcou o retorno triunfal de uma das salas mais importantes do aparato cultural de Brasília.
"A população de Brasília ganha mais um presente", afirmou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que disse estar com o coração muito feliz de poder fazer a reabertura ainda dentro da gestão atual. "Um momento simbólico para o Distrito Federal", destacou.
O governador confirmou que a previsão de reabertura completa do Teatro Nacional é de três anos. "A gente espera, nesse prazo, comemorar a reabertura completa do Teatro Nacional, que é um marco da nossa cidade", adiantou. "Não estarei mais no governo quando a obra estiver concluída, mas espero estar na reinauguração, quem quer que seja o governador", completou.
O secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes, adotou um discurso mais emocional. Ele lembrou da infância, quando estudou música no Teatro Nacional, para falar sobre a importância de fazer parte desse momento. "Eu andava por esses corredores", recordou. "Tenho dificuldade de segurar a emoção, porque doía muito passar por aqui e ver esse teatro fechado" contou. "Foi o maior desafio da nossa gestão, não havia um lugar que eu andasse que não me perguntassem sobre o Teatro Nacional", complementou.
A festa de abertura foi organizada em 15 dias. O sistema Sesc teve ação importante para possibilitar atrações culturais. "Vivemos um momento histórico para Brasília. O Teatro Nacional e a sala Martins Pena fazem parte do histórico cultural do Distrito Federal e a Fecomercio e o sistema Sesc não podiam estar de fora", disse José Aparecido, presidente da Fecomercio. "Brasília hoje está sorrindo em poder reabrir o Teatro Nacional", complementou.
Guilherme Machado, presidente do Correio, também comemorou o retorno de um aparato cultural tão importante. "Estar aqui hoje é motivo de grande satisfação e alegria. Acredito que em um curto espaço de tempo tudo estará pronto, mas mesmo com uma só sala já é muito importante. Este teatro é um monumento", comentou.
Quem fez história
Uma das convidadas de honra da noite foi Gisele Santoro, viúva de Cláudio Santoro, que dá nome ao Teatro Nacional. "É indescritível a sensação de estar aqui. O teatro foi inaugurado pelo meu marido e hoje em dia tem o nome dele", exaltou Gisele. "A gente se dedicou muito a essa obra que para nós é uma das coisas mais importantes de Brasília", completou.
Ela aproveitou para reassaltar ainda mais sobre a importância do espaço para a cultura de Brasília. "Toda grande capital do mundo pode se gabar de ter um Teatro Nacional para as grandes produções. Brasília tem este teatro", apontou Gisele. "Estou muito feliz de voltar", finalizou.
Reforma da sala Martins Pena
Inaugurada oficialmente em 1966, a sala Martins Pena tinha capacidade para 407 pessoas e era conhecida pelo seu foyer e painel de Athos Bulcão. O espaço foi escolhido para a primeira etapa da reforma do Teatro Nacional, que foi fechado em 2014 por descumprir normas de segurança.
O objetivo da reforma da sala era a adequação às normas de segurança e instalação de espaços e elevadores para acessibilidade ao teatro. Com perigo de incêndio, o material das cadeiras foi substituído por outro, antichamas, e duas saídas de emergência foram acrescentadas. Para acessibilidade, foram instalados elevadores, banheiros acessíveis e espaços específicos para pessoas com deficiência na plateia. Mais 73 poltronas foram adicionadas na reforma, fazendo com que o espaço tenha capacidade de 480 pessoas.
Quem foi Martins Pena?
Luís Carlos Martins Pena foi um dramaturgo nascido no Rio de Janeiro, em 1815. Ele também foi diplomata e parte da Legação do Brasil em Londres. É conhecido como fundador da comédia de costumes e escreveu cerca de 30 peças no decorrer de sua vida. O dramaturgo é o patrono da cadeira número 29 da Academia Brasileira de Letras e foi escolhido postumamente pelo fundador Artur Azevedo.
Quatro perguntas para Claudio Cohen, maestro da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro
Qual a sensação de voltar para casa com a Orquestra Sinfônica?
É como um retorno para casa após uma longa viagem… A saudade é muito intensa e, no caso, a expectativa dos resultados da reforma empreendida também norteiam fortemente os nossos anseios. Estamos ainda em fase de testes no local, mas as primeiras impressões foram muito positivas.
Como o senhor enxerga a cultura de Brasília com a volta de um local tão tradicional como Teatro Nacional ao circuito?
O Teatro Nacional é um aparelho cultural da máxima relevância, não somente para o DF, mas para o Brasil e o mundo. Ele deve refletir a cultura do nosso país como um todo e também estar aberto para receber as manifestações culturais de outros povos. Nesse sentido, esperamos ver toda essa efervescência cultural incrementada com essa reabertura.
Como se sentiu ao vê-lo povoado mais uma vez?
Foi uma sensação de renascimento! Catarse! Purificação! Um verdadeiro estado de êxtase ao ver o público ali na plateia, e os músicos no palco, intercambiando energias positivas e renovadoras por meio da música.
Uma noite com Chitãozinho e Xororó na Martins Pena para essa reabertura. Qual a magnitude desse retorno?
Chitãozinho e Xororó são artistas icônicos e tem uma ampla experiência atuando com orquestras. Eles representam a cultura regional brasileira e esse cruzamento entre essa linguagem e a da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro traz um traço que é muito significativo, o da convivência e trocas de experiências entre as manifestações culturais diversas, erudita e popular, fortalecendo ainda mais essa característica de Brasília, que é a diversidade. Lembro-me que no dia 21 de abril de 1999 a Orquestra Sinfônica do TNCS realizou um concerto na área externa do Teatro com Chitãozinho e Xororó e foi um grande sucesso.
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