Feminicídio

"Minha vida já era", disse feminicida após asfixiar e matar namorada

Acusado foi conduzido ao hospital após ter uma overdose de remédios, numa tentativa de auto-extermínio. Aos socorristas, pedia também para ser preso. Este é o 23° caso de feminicídio registrado no Distrito Federal em 2024

O caso é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) I, na Asa Sul -  (crédito: Darcianne Diogo/CB/D.A press)
O caso é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) I, na Asa Sul - (crédito: Darcianne Diogo/CB/D.A press)

Izaquiel Pereira da Silva, de 37 anos, é acusado de assassinar por asfixia Keila Cristina Nascimento, 37, na manhã desta segunda-feira (16/12), em um galpão no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Após o crime, ele tentou suicidar-se e, durante o atendimento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), pediu aos socorristas que o "prendessem".

Uma socorrista relatou à polícia que as equipes passaram cerca de 10 minutos convencendo o acusado a não se jogar de uma ponte, momento em que ele chegou a chorar. Durante a conversa, o homem confessou ter estrangulado a companheira, alegando que o motivo era uma traição dela. Eles namoravam há três meses.

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Aos socorristas, ele admitiu ter ingerido medicamentos e repetia frases como: "Pode me prender, pode me prender"; "Não me leve para lá, não quero ver ela"; e "Minha vida já era, vou me matar".

O Correio apurou que o homem consumiu diversos medicamentos, incluindo novalgina e citrato de sildenafila (viagra), com o intuito de auto-extermínio. Ele foi conduzido a um hospital devido à overdose de remédios, onde permanece detido em flagrante, sob escolta policial.

Os investigadores colheram imagens do circuito de segurança da vítima entrando no imóvel e, depois, sem vida, em cima da cama.

Este é o 23° caso de feminicídio registrado no Distrito Federal em 2024. A vítima deixa dois filhos, de um relacionamento anterior, de 15 e 10 anos.

O caso

Izaquiel veio do Nordeste para morar em Brasília e foi abrigado por um conhecido em um galpão do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), onde ele trabalhava e morava. Segundo uma familiar de Keila, que preferiu não se identificar, a mulher conheceu Izaquiel por meio de um amigo em comum. “Não era nada sério. A gente o viu apenas uma vez. Não levantou qualquer suspeita.”

Mas a relação conturbada, de ciúme possessivo por parte do vendedor, logo escancarou para os parentes da vítima o risco que ela corria. Keila chegou a ser sufocada pelo agressor com uma meia com álcool e desmaiou. Despertou minutos depois com vários hematomas pelo rosto. “Ela chegou ao trabalho machucada várias vezes. Quando eu vi, peguei no braço dela e disse que iríamos para a delegacia, mas ela se negou”, relatou a familiar.

A família de Keila nunca aprovou o relacionamento, justamente por perceber o perfil agressivo de Izaquiel. Ainda assim, ela continuou ao lado dele, mesmo diante dos crescentes sinais de perigo. A vítima deixa dois filhos, que moram com outro parente.

Na noite de domingo, Keila avisou à irmã que não dormiria em casa e que, provavelmente, passaria a noite com Izaquiel. A mulher foi encontrada sem vida no galpão no SIA, com sinais de asfixia. Segundo pessoas próximas, houve uma discussão entre o casal.

Após o crime, ele fugiu e foi encontrado numa passarela no Cruzeiro Novo, onde foi impedido pelo CBMDF de cometer suicídio. Durante o atendimento, Izaquiel confessou ter matado a namorada. Ele foi encaminhado ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) para atendimento e, assim que se recuperar, será enviado à carceragem da Polícia Civil (PCDF). O caso é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) I, na Asa Sul.

Onde pedir ajuda

  • Ligue 190: Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Uma viatura é enviada imediatamente até o local. Serviço disponível 24h por dia, todos os dias. Ligação gratuita.
  • Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher, canal da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. Serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, além de reclamações, sugestões e elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento. A denúncia pode ser feita de forma anônima, 24h por dia, todos os dias. Ligação gratuita.
  • Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAM): funcionamento 24 horas por dia, todos os dias.
  • DEAM 1: previne, reprime e investiga os crimes praticados contra a mulher em todo o DF, à exceção de Ceilândia.
    Endereço: EQS 204/205, Asa Sul.
    Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673
    E-mail: deam_sa@pcdf.df.gov.br
  • DEAM 2: previne, reprime e investiga crimes contra a mulher praticados em Ceilândia.
    Endereço: St. M QNM 2, Ceilândia
    Telefones: 3207-7391 / 3207-7408 / 3207-7438
  • Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
    Whatsapp: (61) 99656-5008 - Canal 24h

 

  • Secretaria da Mulher do DF
    Subsecretaria de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres (Subev)
    — Subsecretária: 3330- 3109
    — Assessoria: 3330-3118/3105
    Subsecretaria de Promoção das Mulheres (SUBPM)
    Telefone: 3330-3116 / 3148
    Casa da Mulher Brasileira
    — Recepção, térreo: 3371-2897
    — Acolhimento e Triagem, 1º andar: 3371-2637
    — Empreende Mais Mulher, 2° andar: 3373-1120/ 98199-1146
    — Coordenação da Casa da Mulher Brasileira, 3º andar: 3371-0212
  • Núcleo de Gênero
    Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144, Sede do MPDFT
    Telefones: 3343-6086 e 3343-9625— Defensoria Pública do DF
  • Núcleo de Assistência Jurídica de Defesa da Mulher (Nudem)
    Endereço: Fórum José Júlio Leal Fagundes, Setor de Múltiplas Atividades Sul, Trecho 3, Lotes 4/6, BL 4 Telefones: (061) 3103-1926 / 3103-1928 / 3103-1765
    WhatsApp (61) 999359-0032
    E-mail: najmulher@defensoria.df.gov.br
    http://www.defensoria.df.gov.br/nucleos-de-assistencia-juridica/

Núcleos do Pró-vítima

  • Ceilândia

End.: Shopping Popular de Ceilândia – Espaço na Hora

(61) 9 8314-0620 - Horário: 08:00 às 17:00

  • Guará

End.: Lúcio Costa QELC Alpendre dos Jovens – Lúcio Costa

(61) 9 8314-0619 - Horário 08:00 às 17:00

  • Paranoá

End.: Quadra 05, Conjunto 03, Área Especial D – Parque de Obras

(61) 9 8314-0622 - Horário: 08:00 às 17:00

  • Planaltina

End.: Fórum Desembargador Lúcio Batista Arantes, 1º Andar, Salas 111/114

(61) 9 8314-0611 /3103-2405 - Horário: 12h às 19h

  • Recanto das Emas

End.: Estação da Cidadania – Céu das Artes, Quadra 113, Área Especial 01

(61) 9 8314- 0613 - Horário: 8h às 17h

  • Rodoferroviária

End: Estação Rodoferroviária, Ala Norte, Sala 04 – Brasília/DF

(61) 98314-0626 / 2104-4288 / 4289

  • Itapõa

End.: Praça dos Direitos, Quadra 203 – Del Lago II(61) 9 8314-063208:00 às 17:00

(61) 9 8314-0632 - Horário:08:00 às 17:00

  • Taguatinga

End.: Administração Regional de Taguatinga – Espaço da Mulher – Praça do Relógio

(61) 98314-0631

Site: https://www.sejus.df.gov.br/pro-vitima/

 

Pablo Giovanni
postado em 16/12/2024 22:37 / atualizado em 17/12/2024 00:03
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