DIA DE AZAR?

Quem tem medo da sexta-feira 13? Entenda o significado da data

Entre as origens para as superstições da data está a de que, no livro de Apocalipse, o último da Bíblia, o fim do mundo começa

Maria Efigênia acredita que a sexta-feira 13 é um dia como outro qualquer -  (crédito: Foto: Giovanna Sfalsin/CB/D.A Press)
Maria Efigênia acredita que a sexta-feira 13 é um dia como outro qualquer - (crédito: Foto: Giovanna Sfalsin/CB/D.A Press)

Data associada a superstições, azar e eventos sobrenaturais, a sexta-feira 13 desperta medo e receio em muita gente. Há quem evite passar embaixo de escadas, quebrar espelhos e até abrir o guarda-chuva dentro de casa.

Uma das origens para a superstição é que Jesus teria sido morto em uma sexta-feira após se juntar com os 12 discípulos, formando um grupo de 13 pessoas, na qual o décimo terceiro integrante do evento seria Judas Iscariotes, o traidor. Já a crença pagã considerava a sexta-feira um dia de devoção aos deuses e o número 13 milagroso.

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Para os romanos, o número 12 era considerado perfeito, por simbolizar os deuses do Olimpo. O 13 quebrava a perfeição do antecedente. Além disso, a sexta-feira era o dia da execução dos condenados à morte.

Já no livro de Apocalipse, o último da Bíblia, o fim do mundo começa no capítulo 13. Outros eventos trágicos, como a morte de Abel pelas mãos do irmão Caim e a expulsão de Adão e Eva do paraíso, teriam ocorrido em uma sexta-feira 13.

Na mitologia nórdica, há o conto de que Odin teria convidado 12 divindades para um banquete, deixando seu filho, Loki — conhecido como um deus trapaceiro — de fora da festa. Enfurecido, Loki teria sabotado o jantar e matado um dos convidados, criando a lenda de que a reunião de 13 pessoas sempre traz azar.

Além disso, há quem acredite que véu entre o mundo dos vivos e o dos mortos é mais fino neste dia, facilitando aparições e eventos inexplicáveis. Em Portugal, porém, muitas cidades e vilas celebram a sexta-feira 13, com festas que incluem bruxas, feitiços, teatro e queimadas.

Mas, para além das crenças populares, o dia "assombrado" ganhou fama devido à franquia de filmes de terror Sexta-feira 13, que popularizou a ideia de que é provável que tragédias aconteçam nesse dia.

Para os céticos, vale relembrar alguns eventos trágicos que ocorreram nessa data, como a imposição do AI-5 no Brasil, em 1968; a queda do avião da força aérea uruguaia nos Andes, em 1972; os grandes incêndios florestais na Austrália, em 1939; e o atentado na casa de festas Bataclan, em Paris, em 2015.

Entre as curiosidades envolvendo a data, está a de que a sexta-feira 13 ocorre no mínimo uma vez por ano e no máximo três vezes por ano. Nos Estados Unidos, principalmente, ocorre um fenômeno financeiro chamado “efeito sexta-feira 13” que acontece quando investidores evitam fazer negócios nesse dia por conta de superstição.

Ainda nos EUA, há prédios que não numeram o 13º andar, vão de 12º direto para 14º. Parascavedecatriafobia é o medo irracional da sexta-feira 13, enquanto a triscaidecafobia é a fobia do número 13.

Relatos

Apesar das muitas histórias, crenças e até filmes que reforçam a aura de mistério e azar em torno da sexta-feira 13, nem todos acreditam no peso dessa data. Para alguns, trata-se de um dia comum, sem espaço para superstições ou medos. É o caso de Maria Efigênia Gomes, 64 anos, massoterapeuta, que encara a data com naturalidade. 

“Para mim, a sexta-feira 13 é um dia como outro qualquer. Não vejo motivo para tanto alarde, nem me preocupo com superstições. Às vezes, eu nem me dou conta de que é sexta-feira 13, porque, sinceramente, não faz diferença. Tenho familiares que acreditam nessas coisas, e dizem que tudo pode dar errado nesse dia e é bom até evitar sair de casa, com risco de levar um simples tropeção”, conta a moradora de São Sebastião.

Já Rosana de Jesus Rocha, 35, também massoterapeuta, moradora do Guará, mantém certos hábitos aprendidos na infância, mas sem os relacionar diretamente à data. “Eu nunca deixo o chinelo virado, isso é algo que aprendi desde criança e levo a sério até hoje. Mas, quando se trata da sexta-feira 13, não vejo nada de especial. Para mim, é apenas mais um dia no calendário. O hábito de desvirar o chinelo ficou comigo, mas não tenho superstições específicas para essa data”, diz. 

O que não fazer na sexta-feira 13?

- Cortar unhas ou cabelo;

- Passar embaixo de escadas;

- Deixar cair pentes ou escovas de cabelo;

- Sair em grupos de 13 pessoas;

- Quebrar espelhos;

- Não abrir guarda-chuvas dentro de casa;

- Pisar com o pé esquerdo quando acordar.

Caso algo desse tipo aconteça, os supersticiosos sugerem bater três vezes na madeira para afastar o azar.

 

Letícia Mouhamad
Giovanna Sfalsin*
postado em 13/12/2024 15:16
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