Nesta quarta-feira (11/12), o Instituto Histórico e Geográfico de Brasília (IHG-Brasília) comemora 64 anos de preservação e valorização da história e da cultura do Distrito Federal. A celebração será às 19h, na sede do IHG, localizada na SEPS EQ 703/903, com entrada gratuita.
A comemoração inclui a inauguração da galeria dos ex-presidentes, com destaque para personalidades como Juscelino Kubitschek, fundador e presidente honorário do Instituto, e Júlio Barata, primeiro presidente da entidade. O evento também marca a abertura de uma exposição especial dedicada ao engenheiro Joffre Mozart Parada, pioneiro na construção de Brasília.
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A exposição reúne cerca de 50 itens doados por Thelma Parada, 69 anos, filha do engenheiro Joffre Mozart Parada, como instrumentos de trabalho, documentos, mapas e fotografias, incluindo o primeiro mapa oficial do Distrito Federal. “Esses objetos estavam guardados há anos. Minha mãe, eu e minhas irmãs os preservamos, e, depois de seu falecimento, quis trazê-los para um lugar onde tivessem maior visibilidade”, explica Thelma.
Ela, que seguiu os mesmos passos do pai, compartilhou recordações da infância ao lado dele. “Eu tenho algumas memórias da nossa infância com meu pai. Nós andávamos muito de jeep. Ele era muito tímido, mas também muito vaidoso. Tenho certeza de que ele ia gostar muito do que estão fazendo aqui para ele. A vida dele era o trabalho, e se ele passasse por um lugar que tinha um minério, ele ficava doido, parava na hora”, lembrou.
O presidente do Instituto, Paulo Castelo Branco, destaca a importância de iniciativas como essa. “Estamos resgatando a história de Brasília e das pessoas que efetivamente a criaram. É fundamental trazer à luz figuras como Joffre Parada, que dedicaram suas vidas à construção da nossa capital”, afirma.
Instituto
Criado em 1960 por Juscelino Kubitschek, o Instituto é uma entidade sem fins lucrativos dedicada ao estudo, preservação e divulgação da história e geografia do Distrito Federal. Com um corpo de 120 acadêmicos, promove iniciativas voltadas à valorização do patrimônio cultural e à educação de jovens sobre a história da capital.
Além da exposição, o Instituto apresentará o Projeto Sócio Acadêmico Mirim, voltado para a conscientização de estudantes sobre o patrimônio histórico. “Recebemos mais de 6 mil alunos de escolas públicas e universidades este ano. É um esforço para aproximar as novas gerações da história de Brasília”, afirma Castelo Branco.
A realização da exposição de Joffre Parada durante as celebrações do aniversário do Instituto é uma coincidência simbólica. Além de membro do IHG-Brasília, Joffre foi amigo próximo de Bernardo Sayão, outro pioneiro da construção de Brasília. A relação entre eles reflete a união de esforços que tornou possível a construção da nova capital.
Legado
Nascido em Vianópolis (GO) em 1924, Joffre Mozart Parada foi um engenheiro que dedicou sua vida à realização do sonho de Brasília, tornando-se uma peça chave na construção da nova capital. Com formação em engenharia e uma carreira marcada pela inovação e comprometimento, ele participou diretamente de momentos decisivos na materialização da cidade.
Conhecido como “o homem da régua” por sua precisão técnica, Joffre foi responsável pela demarcação do Plano Piloto e pela criação do Marco Zero de Brasília. Além disso, desempenhou papéis importantes na organização da Cidade Livre, na elaboração dos primeiros mapas do DF e seu trabalho como engenheiro-chefe da Divisão de Topografia Urbana da Novacap. Embora tímido e avesso aos holofotes, foi figura central no projeto de transferência da capital para o Planalto Central.
Apesar de ter enfrentado dificuldades financeiras nos últimos anos, o IHG-Brasília tem recuperado sua relevância graças a parcerias e doações. Segundo o diretor de relações institucionais do Instituto, Jorge Henrique Cartaxo, o acervo é o segundo maior do Distrito Federal e continua crescendo, reafirmando a missão de preservar a memória da capital. “É importante resgatar a compreensão deste espaço, porque Brasília cresceu demais, hoje nós temos muitas cidades-satélites e as pessoas precisam se aproximar da história de Brasília”, aponta.
*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso