ACESSIBILIDADE

Empreendedora social critica falta de representatividade de PcDs nas artes

Mesmo não tendo uma deficiência, a fundadora da Plataforma PcD Protagoniza, Karla Raposo se comoveu e fundou o projeto para oferecer espaços significantes para artistas PcD. Em evento no Correio, ela destaca a importância da representatividade

Mesmo não sendo uma PcD, Karla se comoveu com situações que via, o que lhe inspirou a criar o projeto. -  (crédito: Minervino Júnior/ CB/ D.A Press)
Mesmo não sendo uma PcD, Karla se comoveu com situações que via, o que lhe inspirou a criar o projeto. - (crédito: Minervino Júnior/ CB/ D.A Press)

Durante uma roda de conversa promovida pelo Correio em seu auditório nesta segunda-feira (9/12), a fundadora da Plataforma PcD Protagoniza, Karla Raposo, comentou sobre a falta de representatividade de pessoas com deficiência no meio artístico. Para ela, o que deveria ser uma ajuda acaba dificultando a inclusão genuína, pois, muitas vezes, essa pessoa é vista apenas como um CPF, um item que se precisa ter para o evento ser bem visto, mas que nem sempre tem um papel de destaque ou protagonismo no projeto.

“Comecei o projeto da plataforma justamente por perceber que a inclusão das pessoas com deficiência não acontecia de fato na prática. Muitas vezes, nós, produtores, precisamos incluir essas pessoas para não perder pontos em algumas avaliações. Acontece que a maioria dos produtores vê isso apenas como um critério, um item de checklist para cumprir e garantir a pontuação”, criticou.

Mesmo não sendo uma PcD, Karla se comoveu com situações que via, o que lhe inspirou a criar o projeto, tendo em mente a necessidade de criar um espaço que desse visibilidade às pessoas com deficiência que atuam no mercado cultural.

“Iniciei um processo de estudo e aprendizagem, ainda estou em constante evolução, pois, como mencionei, não tenho experiência direta com deficiência, o que é um desafio para mim, mas estou completamente disposta a aprender e entender”, complementou Karla.

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Ao estudar a legislação brasileira, ela diz ter percebido que, na área da cultura, há muitas garantias para a acessibilidade das pessoas que consomem bens e serviços culturais, mas para aquelas que fazem cultura, as garantias são muito pequenas. ”Quando olho para os 18 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, segundo o IBGE, não faz sentido achar que não existem talentos culturais ou criativos entre elas”, indaga a idealizadora do projeto.

Com isso em mente, ela explica que o objetivo é formar uma comunidade onde pessoas com deficiência, e não apenas elas, possam se conectar, trocar ideias e colaborar para transformar essas interações em projetos concretos. As dificuldades, entretanto, vem da falta de um mecanismo claro e acessível para encontrar pessoas com deficiência qualificadas para ampliar as possibilidades no mercado cultural, algo que ela vem buscando contornar durante a fase inicial do projeto.

Inclusão

Com apoio do Correio Braziliense, a roda de conversa desta segunda (9/12), teve como tema “Inclusão do Profissional PcD na Economia Criativa”. Além de Karla Raposo, participaram do evento nomes de destaque na área, como a artista plástica Amanda Bispo, o artista e produtor cultural Mano Dáblio e a consultora em acessibilidade Alê Capone.

O projeto faz parte da iniciativa da Lente Cultural, com patrocínio do FAC (Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal) e busca qualificar pessoas com deficiência para atuar no setor cultural, além de promover conscientização entre empregadores e colaboradores.

*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti

postado em 09/12/2024 18:28
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