INVESTIGAÇÃO

Donos de supermercado que sonegaram R$ 69,7 milhões são alvo da polícia

De acordo com as investigações, estabelecimento operava com "laranjas" para evitar o pagamento de impostos. Polícia cumpriu mandados de busca e apreensão no DF e na Bahia

Policiais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão no DF e na Bahia -  (crédito: Divulgação/Polícia Civil do Distrito Federal)
Policiais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão no DF e na Bahia - (crédito: Divulgação/Polícia Civil do Distrito Federal)

Policiais civis da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária (DOT/Decor) cumpriram, na manhã desta quinta-feira (5/12), 11 mandados de busca e apreensão em Ceilândia, Vicente Pires, Taguatinga e Porto Seguro (BA). A operação, batizada de Mercado Oculto, visa desarticular um esquema criminoso de sonegação fiscal.

De acordo com as investigações, os alvos da operação pertencem à mesma família, proprietária de um supermercado em Ceilândia. Para ocultar os verdadeiros responsáveis pelo estabelecimento, os suspeitos utilizavam “laranjas” como sócios e até mesmo identidades falsas. Segundo os investigadores, a estratégia buscava evitar responsabilizações fiscais e criminais, além de proteger o patrimônio familiar.

O esquema funcionava da seguinte maneira: o supermercado operava com um CNPJ registrado em nome de terceiros. Os impostos devidos não eram recolhidos e, quando a dívida tributária atingia valores milionários e o estabelecimento passava a ser fiscalizado, o CNPJ era substituído por outro, também registrado em nome de interpostas pessoas. O ciclo se repetia, permitindo a continuidade das práticas ilícitas.

As investigações apontam que o grupo opera dessa forma desde 2014, acumulando uma dívida de R$ 69,7 milhões. Além da sonegação fiscal, há indícios de crimes como uso de documentos falsos, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Gabriel Eduardo, a polícia chegou à fraude após a Secretaria de Fazenda identificar irregularidades. “Descobrimos que uma das sócias de um dos CNPJs era laranja. Investigamos essa pessoa e constatamos que se trata de uma senhora idosa, que trabalha em uma lavoura no interior da Bahia e nunca residiu no Distrito Federal. O que conseguimos desvendar é que, quando havia cobrança de impostos pela secretaria, os suspeitos abriam outro CNPJ, mas nunca no nome deles. Isso se tornou um ciclo”, explicou.

Ainda de acordo com o delegado, a fraude foi realizada pelo menos quatro vezes. Além da senhora residente na Bahia, os suspeitos também registraram um dos CNPJs no nome de um motoboy que prestava serviços ao supermercado. “Apesar desses registros fraudulentos de empresas que nunca operaram no endereço, conseguimos identificar os membros da família que de fato controlavam o mercado. Durante a operação de hoje (ontem), estivemos no estabelecimento e questionamos os funcionários sobre quem eram seus chefes. Eles apontaram os integrantes da família, mas o curioso é que esses proprietários não constavam no quadro societário há mais de 10 anos. Isso demonstra que as irregularidades ocorrem há bastante tempo”, concluiu o delegado.

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Bloqueio milionário

No âmbito da operação, a Justiça determinou o sequestro de R$ 68 milhões, além do bloqueio de 52 veículos, três embarcações e 48 imóveis. Entre os bens apreendidos estão um complexo hoteleiro em Porto Seguro (BA) e o próprio local onde funciona o supermercado investigado.

postado em 05/12/2024 08:21 / atualizado em 05/12/2024 20:50
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