A expansão da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) foi tema do CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta terça-feira (3/12). Às jornalistas Sibele Negromonte e Denise Rothenburg, o diretor-presidente da EBC, Jean Lima, também afirmou que a mudança mais importante nos últimos dois anos foi a separação entre comunicação pública e governamental. Outro tema foi a visibilidade na empresa ao futebol feminino. Jean, que é doutor em história econômica e mestre em história social, disse que o edital que vai destinar R$ 110 milhões para produções audiovisuais será lançado a partir de 10 de dezembro.
Como o senhor avalia as mudanças que ocorreram na EBC, nos últimos dois anos?
A principal orientação do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, quando assumimos a gestão da EBC, foi separar os canais de comunicação pública e governamental. Na administração anterior, essas áreas foram unificadas, o que representava um desrespeito à comunicação pública. É essencial que essa comunicação seja independente, representando a identidade da população e o pluralismo. Já a comunicação governamental tem um papel diferente, focado na divulgação de programas e ações do governo. Finalizamos esse processo de separação em julho do ano passado. Outro ponto importante foi a expansão da Rede Nacional de Comunicação Pública — duplicamos o número de TVs públicas — que, agora, conta com 126 geradoras, por meio de parcerias com universidades e institutos federais. Na área de rádio, ampliamos a rede para 162 operadoras em todo o país, multiplicando por cinco a estrutura anterior. Além disso, implementamos o sistema de participação social, algo fundamental para a comunicação pública. Retomamos os comitês que haviam sido extintos na gestão anterior: Comitê de Programação, que monitora a audiência e os conteúdos exibidos na TV Brasil; Comitê de Controle e Participação Social, formado por representantes de todas as regiões do Brasil, de diferentes faixas etárias, gêneros e questões raciais, garantindo uma visão externa e o controle social da EBC.
Houve também um investimento significativo em conteúdo próprio. Como tem sido esse processo?
Sim, fortalecemos a produção audiovisual brasileira, em parceria com o Ministério da Cultura e a Agência Nacional do Cinema (Ancine). Retomamos o Prodave, programa que incentiva a criação de documentários, filmes e séries nacionais, consolidando a TV Brasil como a vitrine do conteúdo brasileiro. Estamos lançando o edital Seleção TV Brasil, que prevê um investimento de R$ 110 milhões para produções audiovisuais em diversos eixos, entre eles, programação infantil, conteúdos infantojuvenis, séries sobre culinária e turismo, e até uma coprodução para uma telenovela. É importante destacar que somos a única TV aberta no Brasil com uma grade voltada para o público infantil.
Quem pode participar desse edital e como funciona o processo?
O edital contempla diversos eixos, permitindo a participação de produtoras classificadas nos níveis 1 a 5, conforme os critérios da Ancine. Ele será publicado na página selecao.ebc.com.br, a partir de 10 de dezembro, contendo todas as informações necessárias para o processo de seleção.
Quando as produções devem começar?
Após a publicação do edital e a fase de avaliação e seleção, as produções devem começar no segundo semestre do próximo ano. Dependendo do tipo de conteúdo, os prazos de entrega podem variar de um a três anos. Assim, os conteúdos selecionados estarão disponíveis na TV Brasil dentro desse período.
Quem é o público da EBC e suas afiliadas?
A TV Brasil é a quinta emissora aberta com maior audiência no país. Estamos presentes em todo o território nacional, alcançando todas as capitais. Nosso público é majoritariamente composto por pessoas acima de 60 anos, que representam 43% da audiência. Quando somamos aqueles com mais de 50 anos, esse número sobe para 60%. Além disso, 52% do nosso público é masculino, o que contrasta com a composição da população brasileira. Essa predominância masculina se intensificou este ano, provavelmente em razão das transmissões de futebol.
Como a EBC tem se adaptado às novas plataformas digitais?
Adotamos uma estratégia transmídia para integrar TV, rádio e agência às redes sociais. Criamos uma superintendência dedicada a essas plataformas, e os resultados têm sido excelentes. A TV Brasil lidera as interações nas redes sociais do governo federal, com destaque para o programa Sem Censura, que alcançou grande relevância on-line. Essa estratégia nos permite alcançar públicos mais jovens, que consomem conteúdo principalmente em plataformas digitais como YouTube, Instagram e TikTok.
Qual o papel da TV Brasil no futebol?
Somos a "tela do futebol feminino" e transmitimos 190 jogos este ano, incluindo 133 da série B e 56 de futebol feminino. Nosso compromisso é dar visibilidade ao esporte, especialmente ao futebol feminino, que será fortalecido ainda mais com a aproximação da Copa do Mundo de 2027. Também transmitimos jogos da seleção feminina e buscamos parcerias para expandir o alcance dessas iniciativas.
Veja a entrevista
*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso
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