Um dos mais importantes eventos de moda do país, o Desfile Beleza Negra 21ª Edição foi realizado na tarde desta sexta-feira (29/11), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), com apoio do Correio Braziliense. Para celebrar a diversidade e a identidade da cultura afro, o tema deste ano é o afropunk.
A produtora de moda Dai Schmidit, responsável pela realização do projeto, contra que o desfile deste ano traz um estilo sofisticado, voltado para a comunidade periférica. A proposta, também, é mostrar a beleza e a força da população negra. “Deixando, também, uma mensagem para que o Beleza Negra seja um espelho para que as pessoas possam trabalhar sua autoestima”, completa.
Na visão da idealizadora, o evento também nasce com o objetivo de ser um espelho para aqueles que sonham, um dia, se tornarem modelos. Mais que isso, revela a importância de elevar a autoestima e empoderar a população negra. De acordo com ela, momentos como esse são fundamentais não somente em novembro, como ao longo de todo ano. “Nós somos importantes sempre”, acrescenta a produtora de moda.
O styling também é assinado por Raoni Oliveira, que já participa do evento há mais de uma década. “Temos criado uma cena de empoderamento para essa comunidade, essa é a importância primordial”, afirma. Para ele, o Desfile Beleza Negra tem sido um espaço de representatividade, necessário na comunidade negra e periférica, sobretudo em um recorte sobre autoestima em uma indústria que é racista.
Mais do que empoderamento
Inspirado pelo estilo rock n’ roll, o desfile contou com produções exclusivas da estilista Carol Montelo, fundadora do Ateliê Flor do Rock. De acordo com ela, essas referências sempre estiveram presentes na carreira. “São looks que estão nas minhas raízes. Por isso, as expectativas estavam bem altas. Os acessórios são da loja Dark Sabbath, que é uma grande parceira da gente”, explica.
Para a estilista, o Desfile Beleza Negra carrega consigo um objetivo de suma importância para a sociedade: a luta contra o racismo. Mais que isso, contribui para a autoestima da população negra, alcançando um ideal de representatividade e empoderamento. Mostrar que são capazes de alçar voos altos e conquistas importantes é o que faz desse momento algo único e especial.
A moda na vida e nos sonhos
A modelo Gabriella Nicoly, 23 anos, é uma dessas tantas histórias que, sem medo, ousam sonhar. Moradora de Ceilândia, entrou para o mundo da moda há pouco mais de dois anos. Desde então, deseja, para o futuro, ser uma representante brasileira nos mais importantes desfiles internacionais. “Sempre almejei essa profissão, mas nunca tive condições. Depois de participar de um concurso, consegui meu agenciamento com tudo pago.”
O caminho, apesar de especial, tem também dificuldades. Em relação à própria aparência, Gabriella precisou se encontrar como mulher preta, aceitar seu cabelo e o tom de sua pele. Buscou inspirações e tratou logo de acelerar sua correria diária. Além de modelo, é promotora de eventos e fundadora de um projeto chamado de Esperança em Movimento, que atende famílias do Sol Nascente.
Com os pés nascidos no teatro, Rafael Milionario, 23, sempre foi apaixonado pela arte. Entretanto, no meio de tanto afeto, havia uma espacinho especial que nunca tinha experimentado: modelar. Há 8 meses, decidiu que desfilar era um caminho que queria seguir. “Pra mim, tem sido uma jornada de superação e aceitação, porque eu, como homem negro, na minha idade, já sofri muito racismo”, revela. Morador de Santo Antônio do Descoberto, Rafael quer desfilar fora do país e levar, para o mundo afora, as raízes do lugar de onde veio.
Participação especial
O evento contou com o apoio do secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Cláudio Abrantes, que reforça constantemente o compromisso com a inclusão social e a valorização da cultura negra. Além dele, a deputada distrital Dra. Jane Klébia, defensora da igualdade racial e de gênero, é outra grande apoiadora do desfile
Além dos deputados, o Desfile Beleza Negra ainda recebeu o apoio da Associação do Polo de Roupas Íntimas de Sobradinho (Associação Pris), uma organização sem fins lucrativos que promove a inclusão social e a transformação de vidas em vulnerabilidade. Por meio de projetos multidisciplinares, a Pris oferece cursos de formação, oficinas culturais e programas de saúde preventiva, fortalecendo a cidadania e a autonomia.