Sob clima de profunda tristeza, familiares e amigos se despediram de Guilherme Pires dos Santos Silva, 9 anos, na tarde de ontem. O velório, realizado na Capela 3 do Cemitério de Sobradinho, reuniu mais de 350 pessoas, todas emocionadas e marcadas pela tragédia que vitimou o menino. Enquanto a dor da perda é evidente, a Polícia Civil (PCDF) tenta esclarecer as causas do acidente, ocorrido na DF-150, região da Fercal.
O delegado responsável pelo caso, Achilles Benedito, informou que o motorista do caminhão, que ficou ferido, será ouvido nos próximos dias, mas antecipou detalhes aos policiais. "Ele foi entrevistado informalmente enquanto era atendido no hospital e relatou que durante a condução do caminhão, não conseguiu freá-lo e, em uma curva, o veículo tombou", disse.
O caminhão passou por perícia, e a Coopercan, empresa responsável pelo veículo, que estava a serviço da Novacap, foi questionada sobre a manutenção do veículo e sobre a forma como a carga era transportada. Segundo Benedito, ainda é cedo para apontar culpados, mas o motorista pode ser responsabilizado, a depender do resultado da investigação.
"Caso seja demonstrado que alguma conduta dele contribuiu para o acidente e para os resultados dele decorrentes, ele poderá responder, em princípio, pelos crimes de homicídio culposo na condução de veículo automotor (dois a quatro anos de detenção) e de lesão corporal na condução de veículo automotor (seis meses a dois anos de detenção)", explicou o adjunto da 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho 2).
Guilherme Pires dos Santos Silva, de 9 anos, estava na frente da casa da tia, acompanhado do primo de 2 anos, quando o acidente aconteceu, na manhã desta terça-feira. O caminhão caçamba, carregado com areia e rochas grandes, perdeu o freio e tombou em uma curva, e as pedras rolaram em direção às crianças. O menino conseguiu empurrar o carrinho onde estava o bebê, que foi atingido de raspão e levado ao Hospital Regional de Sobradinho. Segundo informações médicas, o bebê passa bem.
O motorista do caminhão, de 36 anos, ficou preso às ferragens e foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros (CBMDF) em estado grave. Ele também foi encaminhado ao Hospital Regional de Sobradinho.
Dor e homenagens
Enquanto a apuração da polícia avança, a família do menino, desolada, se despedia. Durante a cerimônia, a mãe de Guilherme, Eliene Perez, chorava e gritava pela dor da perda. Sobre o caixão do filho, ela deu o último adeus, enquanto apertava com as mãos as flores brancas deixadas por amigos e parentes. "Meu filho era um anjinho. Por que Deus fez isso comigo? Eu te amo. Eu vou te amar para sempre. Não quero ir embora. Deixa eu cuidar dele", murmurava entre lágrimas.
O tio, Josian Pereira, demonstrou tristeza, mas revolta ao falar do caso, que para ele era uma tragédia evitável. "Não é de hoje que cobramos o governo. Os caminhões passam aqui de qualquer jeito. Se alguém perde o freio, não tem para onde jogar o carro. Assim como foi meu sobrinho, poderia ter sido outra criança. Isso não pode ficar assim", cobrou.
Além da família, o professor de futebol de Guilherme, Elicarlos Moreira, 46 anos, destacou o talento do menino. "Guilherme ficou conosco por dois anos. Era um jogador excepcional e uma criança de alegria contagiante. Vivia intensamente. Para nós é como se tivéssemos perdido um filho; e nossos meninos, um irmão", disse emocionado o coordenador da escolinha de futebol Núcleo Base de Futebol G10.
Posicionamento
Em nota, a Novacap lamentou a tragédia e afirmou que o caminhão pertencia à Coopercan, empresa terceirizada que presta serviços à Administração Regional da Fercal. Segundo a estatal, a Coopercan está em contato com os familiares de Guilherme e oferecendo assistência. "A companhia lamenta o incidente e expressa suas sinceras condolências à família", declarou a Novacap. A empresa também aguarda os resultados da perícia para adotar eventuais medidas.
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