O cotidiano da QR 204 de Santa Maria foi quebrado, sábado, com a tristeza pela perda precoce de um dos seus moradores. Eduardo Costa Macedo, de 15 anos, que será sepultado hoje, não resistiu às complicações causadas por uma descarga elétrica que recebeu, nove dias atrás, ao encostar em um poste de luz no Centro Olímpico e Paralímpico da região administrativa. Entre lágrimas, os familiares tentavam encontrar forças para lidar com a morte do adolescente. A Polícia Civil (PCDF) informou que o caso está sendo investigado pela 33ª Delegacia de Polícia (DP).
"Estamos aguardando o laudo pericial e do exame de local. Somente ao final da investigação, será possível apontar se haverá responsabilização e por qual motivo", declarou o encarregado do caso e titular da DP, de Santa Maria, delegado Renato Martins. Segundo ele, o inquérito instaurado apurará as circunstâncias da morte e eventual responsabilidade criminal dos envolvidos que venham a ser apontados com base em depoimentos a serem colhidos esta semana.
De acordo com parentes, o rapaz amava esportes e encontrava no Centro Olímpico, um espaço para diversão e aprendizado. Contam que, no fatídico dia, ele saiu de casa ainda mais animado do que outras vezes. O motivo era a conquista, naquela mesma data — 10 de novembro — do mais recente título do Flamengo, campeão — por 4 a 1 sobre o Atlético Mineiro — da Copa do Brasil. A equipe carioca era o time do coração do menino, que queria ser jogador profissional.
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"Sempre cheio de alegria e sonhos, iluminava nossos dias. Nunca sentimos tristeza porque ele trazia a felicidade para dentro de casa. Obstinado e batalhador, não desistia dos objetivos dele. A imagem que guardaremos é de alguém que nos unia como família", lembrou Luís Gustavo Macedo, 21, irmão da vítima.
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Revolta
A mãe do rapaz, Lene Cavalcanti, 46, se dizia devastada com a morte do filho. "Ainda estou em choque. Não consigo acreditar. Amanhã (no velório), vou vê-lo pela última vez. Meu filho estava cheio de saúde. Saiu de casa só para jogar um pouco e agora está morto", lamentava a mulher.
Lene, auxiliar administrativa, também manifestou revolta com o ocorrido, especialmente por haver sido em um local que ela pensava ser seguro. "Isso não vai ficar esquecido. Quero justiça! Os órgãos governamentais devem cuidar do Centro Olímpico. Cobram impostos e deveriam fazer a manutenção correta. Se eu pago, onde estão meus direitos?", protestou.
Testemunhas contaram que, no dia do acidente, durante a partida no Centro Olímpico, a bola saiu de campo e o jovem foi buscá-la, pulando uma cerca baixa. Porém, ao retornar, encostou em um poste de luz, e foi eletrocutado.
Inicialmente, quem o viu a cena, pensou se tratar de uma brincadeira. "Ninguém deu muita atenção até que um rapaz alertou que meu filho estava recebendo uma descarga elétrica", disse Lene, lembrando o que outros contaram a ela.
Socorristas do Samu foram acionados. Eles realizaram manobras de ressuscitação para estabilizá-lo e encaminhá-lo ao hospital Santa Marta, em Taguatinga.
Apesar dos esforços médicos, o rapaz não resistiu a uma parada cardíaca e morreu. "Ele lutou bravamente até o último momento e foi cercado por todo o amor e carinho que pudemos oferecer", disse Luís Macedo sobre o irmão.
O velório do rapaz está previsto começar hoje, às 9h, no Cemitério do Gama, onde será sepultado às 11h30.
Em nota, a Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal informou que o poste onde ocorreu o acidente não apresentava indícios prévios de problemas, e que realiza manutenções periódicas nos Centros Olímpicos e Paralímpicos. De acordo com a pasta, diante do ocorrido, a empresa responsável pela manutenção foi notificada para resolver a ameaça em Santa Maria e, além disso, vai verificar os postes nos demais 12 centros. O órgão garantiu que está prestando assistência à família do adolescente e reforçou o compromisso de revitalizar os espaços sob sua gestão.
* colaborou Darcianne Diogo