TRAGÉDIA

Homem encontrado morto no Lago Paranoá sonhava em ser sociólogo

Morador de invasão na Asa Norte, Adenor Santos Pereira contou o sonho em documentário de ONG que auxilia pessoas em situação de rua 

Uma Organização não Governamental (ONG) que tem por objetivo auxiliar pessoas em situação de rua publicou, nesta terça-feira (12/11), uma nota lamentando a morte de Adenor Santos Pereira. Morador de uma invasão na Asa Norte, como noticiou o Correio mais cedo, o homem foi encontrado morto no Lago Paranoá na manhã de terça. 

No Instagram, a ONG da Rua afirmou conhecer Adenor há mais de um ano. “Ele sempre recebia as doações e sempre mantivemos um contato super especial e importante com ele durante as saídas”, informou. “Adenor deixa esposa, filhos e sonhos. Nós da ONG da Rua sentimos muito pela trágica morte.” 

A organização afirma estar acompanhando o caso e diz que o episódio violento deixa clara “a ineficiência da política para pessoas em situação de rua do GDF”. Segundo a instituição, “o corpo de Adenor foi encontrado em situação inumana, vivia em condições inumanas, sofria constantes violências e ameaças, e infelizmente seu final não foi diferente”. 

Inteligente e interessado pela sociedade, conforme descrito pela ONG, Adenor, que tinha 35 anos, gostaria de ter cursado sociologia. Em trecho de documentário publicado pela organização, ao ser perguntado de onde veio essa vontade, ele diz que gostaria de “entender mais o que a pessoa passa, o que a pessoa sente”. 

“É muito fácil as pessoas só julgarem, mas (elas) não sentam para saber como é que é a vida daquela pessoa, o comportamento daquela pessoa”, continua. “Eles mesmo falam que o homem não é mau por natureza, que é a sociedade que o corrompe.” 

Em publicação de outra ONG, a BSB Invisível, Adenor, que vivia em situação de rua desde os nove anos de idade, contou sobre a vida que levava. Queria mesmo era que o governo prestasse mais atenção na nossa existência e fizesse algo eficiente para ajudar a nos tirar dessa situação, porque só vai se prolongando, passando de geração pra geração”, desabafa. “Queria ao menos ajuda para tirar meus filhos daqui (...). Agora que está de dia, movimentado, é tranquilo. Mas de noite a situação muda. É muito perigoso, vem gente de todo jeito. Como criar os filhos nessas condições?  

O corpo de Adenor foi encontrado nu na manhã desta terça-feira, com as mãos e o pescoço amarrados a uma pedra, a 70 metros da margem do Lago Paranoá. Ele teria sido morto cerca de 48 horas antes. A 5ª Delegacia de Polícia investiga o caso. 

“Mais uma vez, de forma trágica, esperamos que as pessoas consigam ver que: todos têm sonhos, vontades, planos”, finaliza a publicação da ONG da Rua, que promete continuar procurando por respostas.

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