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O empenho de estudantes em busca da nota mil no Enem em Redação

A prova é uma das que candidatos a vagas em universidades públicas têm entre as mais difíceis O Correio obteve dicas de professores e alunos

Uma das provas mais aguardadas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — que em 2024 se realizará este domingo e no mesmo dia da próxima semana — é a redação. Ela vale mil pontos e corresponde a 20% da nota. O Correio conversou com professores, que deram dicas para atingir a nota máxima e com estudantes, que falaram sobre a preparação para escrever o texto que talvez será um dos mais importante de suas vidas.

Como o tema sobre o qual se pedirá para que os candidatos escrevam é revelado somente no dia do exame, eles se preparam informando-se sobre atualidades e analisando várias assuntos.

Yamila Araújo, 17 anos, aluna do Centro de Ensino Médio Setor Oeste, considera que "a redação é uma caixinha de surpresas. Temos de estar preparados". E para superar esse teste, ela tem uma estratégia a fim de aprender a desenvolver um bom texto e ser aprovada no curso que deseja. "Estudo analisando as redações que tiraram nota mil. É uma forma de nos ajudar a fazer um texto com coesão e coerência", revela a jovem, que quer cursar relações internacionais.

O educador Rafael Riemma — mentor da plataforma de redação do Seriös — considera o método de Yamila adequado. "Permite observar como ideias são organizadas, argumentos são construídos, intervenções são propostas e desmistifica a ideia de que redações 'nota 1000' são perfeitas e sem pontos de melhoria", avalia.

Riemma ressalta ser importante praticar a redação com eixos temáticos variados. "Temas anteriores do Enem nunca se repetem", alerta. "Nesse tipo de prova, menos é mais. Isso ajuda a entender o que é exigido em cada competência", avisa.

Atenção

Os examinadores da redação do Enem analisam, em tese, cinco pontos: norma culta, não fugir do tema proposto, argumentação, coesão e proposta de intervenção (deduções do candidato). O material entregue sempre é avaliado por dois ou três corretores.

Com o nervosismo no momento da prova, o estudante pode acabar cometendo erros graves. Segundo Riemma, os deslizes mais comuns são a falta de clareza na argumentação e a superficialidade na análise dos temas. "Muitos alunos acabam repetindo ideias, sem aprofundá-las ou apresentam uma proposta de intervenção vaga, que não soluciona o problema de forma concreta. Além disso, desvios gramaticais, problemas de coesão e falta de conexão entre os parágrafos são falhas frequentes. Outro erro comum é fugir do tema, o que pode levar à nota zero", esclarece.

O professor Pedro Mol, por sua vez, destaca os três critérios que considera fundamentais e que não são levados em conta por alguns candidatos. "Tenha bastante cuidado com a letra, ela precisa ser legível. Para ser considerada uma redação, o texto não pode ter menos de sete linhas. Fugir do tema ou do gênero proposto, dissertativo argumentativo, também é erro que zera a prova", orienta o docente.

O especialista em ensino de redação considera que além do trio de fundamentos para fazer uma boa redação, é importante que o estudante esteja atento a algumas orientações fundamentais. "O aluno deve ler com atenção os textos motivadores e a proposta temática. Após isso, ele deve fazer um rascunho e, em seguida, é recomendado que faça outras questões da prova para poder 'se afastar' um pouco do texto. Depois, o aluno deve revisar o rascunho, ver se abordou os assuntos que planejou e passar a redação a limpo", sugere Mol.

"A redação é a única parte da prova que não é de múltipla escolha, por isso, é um momento importante para observar a clareza e a organização dos pensamentos do candidato", analisa o educador. Ele acrescenta que: "É essencial que o aluno apresente informações externas, ou seja, o repertório sociocultural, demonstrando que tem um conhecimento amplo sobre o tema. Por fim, é necessário apresentar uma proposta de intervenção que contribua para a resolução ou amenização dos problemas abordados no texto".

Prática

Aécio Abreu, 17, está finalizando o ensino médio, mas já fez o Enem duas vezes, como treineiro, quando estava no primeiro e no segundo anos do curso. "Eu fiz questão de me inscrever em um cursinho on-line só de redação para caprichar na minha. Nosso professor aqui na escola está sempre dando sugestões de tema para estudarmos em casa. Tenho escrito muitas redações", afirma.

Michel Leonardo, 17, por sua vez, pretende estudar ciências da computação. Com facilidade, segundo ele, para as matérias da área de ciências exatas, o rapaz diz saber da importância da redação para conquistar a nota necessária para o curso que deseja. Para isso, conta que tem escrito, pelo menos, uma redação por semana. Ele revela que: "Estou fazendo um cursinho on-line que disponibiliza professores para corrigirem as redações com os mesmos critérios do Enem. Eles apontam onde podemos melhorar, tanto em caráter gramatical quanto em de coesão dos argumentos".

Palpites

Entre as apostas do professor Rafael Riemma para os temas que poderão ser cobrados este ano, cita: inteligência artificial e sua regulamentação; mudanças climáticas e seus impactos; saúde mental no Brasil; inclusão de pessoas com deficiência; evasão escolar e direito à educação; segurança alimentar e transtornos alimentares; buylling e violência nas escolas; desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais; impactos das redes sociais na comunicação e na saúde mental e desafios para o enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes. Em síntese, assuntos bastante aborados pela imprensa.

Reforço no transporte

A Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal, para atender os candidatos do Enem, serão reforçará com mais veículos as linhas de ônibus que passam pelas instituições de ensino onde as provas serão aplicadas. Esse aumento começará duas horas antes do início (13h30) e duas horas após o término (19h). A pasta ressalta que a medida será em todos os dias das provas.