Com a chegada do período de chuvas, os motoristas do Distrito Federal enfrentam um cenário comum e preocupante: ruas e avenidas repletas de buracos, causados pelo desgaste do asfalto com o acúmulo de água. Isso aumenta o risco de acidentes e gera prejuízos financeiros para os condutores, que acabam danificando pneus, rodas e outras partes dos veículos, ao passarem pelas crateras nas vias. Para quem precisa enfrentar as ruas todos os dias, a rotina se torna um verdadeiro desafio.
A equipe de reportagem do Correio percorreu regiões administrativas, como Taguatinga Sul, Águas Claras e Estrutural, e constatou o impacto das fortes chuvas sobre as vias públicas. Na Avenida Areal, em Taguatinga Sul, a situação é alarmante, pequenos buracos aumentaram muito de tamanho, comprometendo o tráfego e expondo motoristas a riscos de acidentes e prejuízos financeiros. Em Águas Claras, na Avenida Vereda da Cruz e no Setor Leste da Estrutural, o desgaste do asfalto também é visível, com fissuras que dificultam a circulação segura. As crateras se espalham ao longo das vias, agravadas pelo acúmulo de água e pela erosão.
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Edmilson Evangelista, 52 anos, especializado em alinhamento, balanceamento e troca de pneus, trabalha há quatro anos em um centro automotivo em Taguatinga Sul. Ele conta que o movimento aumenta sempre que as chuvas começam. "Duas a três pessoas por dia vêm aqui porque o pneu furou ou rasgou", diz. "Nesse período de chuva, é sempre assim. É um perigo, né? E causa um estrago. Na avenida do Areal , o buraco começou pequeno e agora já está enorme", acrescenta.
Para Antônio José de Jesus, 31, foi ainda pior. Morador de Taguatinga e funcionário de uma empresa de tecnologia, ele viveu o susto de ter a roda do carro amassada ao cair em um buraco encoberto pela chuva na Estrutural. "Estava chovendo e não consegui ver, por conta da pista molhada. Na hora, achei que não tinha acontecido nada, mas, depois, quando desci do carro, vi que a parte interna da roda estava amassada", relembra. Como ele possui um carro esportivo, o conserto foi mais caro. "O gasto foi alto, em torno de uns R$ 400", lamenta. Segundo ele, o quadro no Setor Oeste da Estrutural é crítico: "Morei anos lá. É muito esburacado. Acho que nem se colocarem quilos de concreto resolve", diz.
O trabalhador autônomo Vicente de Paula Souza, 63, confirma os transtornos recorrentes enfrentados por quem depende das ruas para se locomover e trabalhar. "É assim como você está vendo, ainda mais nessa época de chuva, o asfalto cede e as ruas ficam cheias de buracos. É sempre assim", reclama o morador da Estrutural.
Causas
O engenheiro Pedro Favato afirma que nem sempre esses buracos aparecem por má qualidade do asfalto. Ele explica que a causa não é a ação da chuva, mas a penetração de água na estrutura do pavimento que existe embaixo do asfalto. "Nós temos uma estrutura do pavimento, onde o asfalto é a parte final e embaixo nós temos a base, sub-base e subleito. Então, se a água consegue penetrar nessa estrutura, com os carros passando e com umidade embaixo, o asfalto estoura, porque o material perde compactação. Não é má qualidade do asfalto. É a água que penetrou dentro da estrutura do pavimento", detalha o engenheiro.
Pedro vê duas situações onde isso ocorre com mais frequência. Uma é quando um asfalto novo é afetado porque a umidade do material da estrutura do pavimento que fica embaixo dele estava alta ou houve má compactação na execução. Outra é um trecho mais antigo, que recebe muito trânsito, cargas pesadas, onde não houve mudança para pavimento rígido — vai apresentar mais manifestações patológicas, facilitando a penetração da água na estrutura do pavimento para baixo do asfalto, abrindo buracos. Para evitar isso, Favato recomenda que seja feita a manutenção preventiva.
Restauração
Walquiria Marra, engenheira da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), explica que a empresa trabalha insistentemente nos consertos, com seis equipes próprias, em parceria com as que atuam nas regiões administrativas. A Novacap aplica, em média, cerca de 60 toneladas/dia de massa asfáltica para tapar buracos. Também são distribuídos materiais para os polos e administrações realizarem os serviços.
As administrações regionais de Águas Claras, de Taguatinga e do Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (cidades do Automóvel e Estrutural) informam que, com a Novacap, intensificaram as operações de tapa-buraco nas vias mais afetadas, aproveitando as janelas de clima seco. São aplicadas mais de oito toneladas de asfalto por dia para assegurar a trafegabilidade e a segurança nas ruas.
Além disso, também garantem que as equipes de infraestrutura estão dedicadas a monitorar áreas críticas e a realizar reparos emergenciais. Afirmam, ainda, que foi feita a manutenção preventiva, com medidas como o recapeamento de trechos críticos e reforço da drenagem em áreas onde o acúmulo de água é frequente.
Reclamações podem ser feitas por meio dos canais de atendimento das administrações, disponíveis em seus sites; na Ouvidoria do Governo do Distrito Federal — telefone 162; ou presencialmente em uma das unidades de ouvidoria existentes em órgãos do GDF.
Estagiários sob supervisão
de Malcia Afonso