Investigação

Júri de ex-distrital acusado de mandar matar jovem será em fevereiro de 2025

Ex-parlamentar Carlos Pereira Xavier, o "Adão Xavier", já foi condenado pelo crime, mas a Justiça anulou sentença por novas provas serem anexadas no processo. Adão foi preso neste ano, quando crime completou 20 anos, mas foi libertado em setembro

Sentença anterior foi anulada em setembro e, agora, novo julgamento ocorrerá apenas em fevereiro de 2025 -  (crédito: Arquivo/CB/DA Press)
Sentença anterior foi anulada em setembro e, agora, novo julgamento ocorrerá apenas em fevereiro de 2025 - (crédito: Arquivo/CB/DA Press)

O Tribunal do Júri do Recanto das Emas marcou para 19 de fevereiro de 2025 o julgamento do ex-deputado distrital Carlos Pereira Xavier, o “Adão Xavier”. O ex-parlamentar é acusado de mandar matar Ewerton da Rocha Ferreira, de 16 anos, em março de 2004. O crime completou 20 anos em 2024.

Em setembro, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) anulou o julgamento de Adão, que havia sido condenado a 15 anos de prisão em 2014, por ter encomendado a morte do adolescente. O jovem teve um relacionamento com a ex-mulher do político, o que teria despertado a fúria que o levou a contratar um criminoso para executar o garoto, com um tiro na cabeça, atrás de uma parada de ônibus no Recanto das Emas.

O caso retorna à estaca zero por conta de um depoimento de um policial civil. O agente Adamastor Castro e Lino de Andrade Júnior disse que percebeu à época da morte de Ewerton uma movimentação para dar celeridade à conclusão do caso. O crime inicialmente foi tipificado como latrocínio praticado por Leandro Duarte, que, no decorrer da apuração, afirmou ter sido contratado por Xavier para matar Ewerton. O executor foi condenado e cumpre pena.

Adamastor disse que a tipificação foi alterada para homicídio em decorrência de questões políticas e econômicas. Ele afirmou que houve uma contaminação porque havia interesse do suplente de Xavier, Wilson Lima, de assumir a vaga na Câmara Legislativa (CLDF) aberta com a cassação do mandato do deputado por conta da repercussão do crime na opinião pública. Essa questão teria influenciado o rumo das investigações.

Segundo a defesa de Xavier, o delegado Mário Gomes, responsável pelo caso, passou a exercer influência na política local. Foi administrador regional da Estrutural e posteriormente chefe da Coordenação de Segurança da Câmara Legislativa. A esposa dele, Regina Macedo de Carvalho, foi contratada para a assessoria de Wilson Lima, deputado que herdou o mandato com a cassação de Xavier.

Toda essa trama relatada pelo advogado de Xavier, Sergio Antonino Fonseca, acabou convencendo os desembargadores da Câmara Criminal. A decisão foi unânime.

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Prisão

Adão foi preso em fevereiro deste ano em Brazlândia, após cumprimento de um mandado de prisão em aberto. Quando o TJDFT anulou a sentença anterior, decidiu pela liberdade do político, que está fora do Complexo Penitenciário da Papuda desde setembro.

Para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Adão é responsável por encomendar a morte do jovem. Entretanto, a defesa do político terá em mãos um grande trunfo: o procurador de justiça Mário Pérez de Araújo, que representou o MPDFT na revisão criminal, emitiu um parecer favorável à anulação da decisão dos jurados, em júri ocorrido há 10 anos.

A condenação já havia transitado em julgado. "Forçosa a conclusão de que a revisão criminal em análise deve ser julgada procedente, para que Carlos Xavier seja absolvido ou, se diversamente for entendido, seja submetido a novo julgamento em sessão plenária pelo Conselho de Sentença", afirmou Pérez em sua manifestação.

Por conta do caso, pouco tempo após o crime, a Câmara Legislativa decidiu cassar o então deputado, sendo o primeiro da história da Casa.

 

postado em 28/11/2024 20:59
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