O Tribunal do Júri do Recanto das Emas marcou para 19 de fevereiro de 2025 o julgamento do ex-deputado distrital Carlos Pereira Xavier, o “Adão Xavier”. O ex-parlamentar é acusado de mandar matar Ewerton da Rocha Ferreira, de 16 anos, em março de 2004. O crime completou 20 anos em 2024.
Em setembro, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) anulou o julgamento de Adão, que havia sido condenado a 15 anos de prisão em 2014, por ter encomendado a morte do adolescente. O jovem teve um relacionamento com a ex-mulher do político, o que teria despertado a fúria que o levou a contratar um criminoso para executar o garoto, com um tiro na cabeça, atrás de uma parada de ônibus no Recanto das Emas.
O caso retorna à estaca zero por conta de um depoimento de um policial civil. O agente Adamastor Castro e Lino de Andrade Júnior disse que percebeu à época da morte de Ewerton uma movimentação para dar celeridade à conclusão do caso. O crime inicialmente foi tipificado como latrocínio praticado por Leandro Duarte, que, no decorrer da apuração, afirmou ter sido contratado por Xavier para matar Ewerton. O executor foi condenado e cumpre pena.
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Adamastor disse que a tipificação foi alterada para homicídio em decorrência de questões políticas e econômicas. Ele afirmou que houve uma contaminação porque havia interesse do suplente de Xavier, Wilson Lima, de assumir a vaga na Câmara Legislativa (CLDF) aberta com a cassação do mandato do deputado por conta da repercussão do crime na opinião pública. Essa questão teria influenciado o rumo das investigações.
Segundo a defesa de Xavier, o delegado Mário Gomes, responsável pelo caso, passou a exercer influência na política local. Foi administrador regional da Estrutural e posteriormente chefe da Coordenação de Segurança da Câmara Legislativa. A esposa dele, Regina Macedo de Carvalho, foi contratada para a assessoria de Wilson Lima, deputado que herdou o mandato com a cassação de Xavier.
Toda essa trama relatada pelo advogado de Xavier, Sergio Antonino Fonseca, acabou convencendo os desembargadores da Câmara Criminal. A decisão foi unânime.
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Prisão
Adão foi preso em fevereiro deste ano em Brazlândia, após cumprimento de um mandado de prisão em aberto. Quando o TJDFT anulou a sentença anterior, decidiu pela liberdade do político, que está fora do Complexo Penitenciário da Papuda desde setembro.
Para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Adão é responsável por encomendar a morte do jovem. Entretanto, a defesa do político terá em mãos um grande trunfo: o procurador de justiça Mário Pérez de Araújo, que representou o MPDFT na revisão criminal, emitiu um parecer favorável à anulação da decisão dos jurados, em júri ocorrido há 10 anos.
A condenação já havia transitado em julgado. "Forçosa a conclusão de que a revisão criminal em análise deve ser julgada procedente, para que Carlos Xavier seja absolvido ou, se diversamente for entendido, seja submetido a novo julgamento em sessão plenária pelo Conselho de Sentença", afirmou Pérez em sua manifestação.
Por conta do caso, pouco tempo após o crime, a Câmara Legislativa decidiu cassar o então deputado, sendo o primeiro da história da Casa.