Mais antigo que a própria capital, o Jardim Zoológico de Brasília foi inaugurado em 1957. De lá para cá, desenvolve ações de educação ambiental e conservação da fauna brasileira. Um exemplo é o programa de reprodução em cativeiro que, ativo desde a fundação do espaço, contribui para a preservação de animais ameaçados de extinção, além de fortalecer pesquisas científicas acerca do tema.
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Somente neste ano, ocorreram 13 nascimentos, entre lobos-guará, emas, araras, macacos e tartarugas. "Há animais em extinção que, hoje, só existem em zoológicos. Com os nascimentos no Zoo de Brasília, mantemos essas espécies vivas para que as gerações futuras as conheçam e as estudem", contou o diretor-presidente do Zoológico, Wallison Couto. Segundo ele, neste ano houve um aumento de 20% nas reproduções, em comparação a 2023.
A expectativa é de que, nos próximos dois anos, alguns desses animais comecem a ser reintroduzidos na natureza. "Todos os filhotes permanecem na instituição e passam por avaliações, que futuramente vão determinar se há condições de sobreviverem fora deste espaço", explicou Couto, adiantando que o lobo-guará deve ser a espécie pioneira a ser reinserida na natureza.
Atenta aos períodos reprodutivos dos animais, a equipe do Zoo percebeu que, no caso dos lobos-guarás, seria mais adequado isolar o recinto para que o casal Mônica e Zangado tivesse mais "privacidade". Uma vez confortáveis, eles acasalaram e, em junho, nasceram duas fêmeas da espécie. "Mônica é uma mãe superprotetora e está sempre atenta à segurança das filhotes", comentou uma das tratadoras do local.
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Classificado como vulnerável pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o animal símbolo do Cerrado está ameaçado de extinção devido a fatores como destruição de habitat, caça, atropelamentos e doenças decorrentes do contato com cães domésticos.
Desafios e melhorias
Para fortalecer o programa de reprodução em cativeiro, os profissionais do zoológico precisaram lidar, por muito tempo, com adversidades que incluíam recintos com estruturas muito antigas e falta de recursos para garantir a alimentação adequada dos filhotes. Recentemente, porém, uma série de reformas tem adequado melhor o espaço às necessidades dos novos moradores.
"Em abril, inauguramos um novo micário, que abriga micos-leões-dourados, micos-leões-de-cara-dourada, macacos-da-noite e sauins de coleira. Modernizamos o recinto das ariranhas, ampliando as áreas de mergulho e melhoramos seu design, favorecendo a interação social. Também incluímos, no recinto dos cervídeos (cervo-dama, Cervo-do-pantanal, Cervo-nobre, Veado-catingueiro) e um tanque especialmente projetado para abrigar o cervo-do-pantanal", exemplificou Couto. Agora, o objetivo é buscar novos equipamentos para melhorar os berçários.
Destaque
O Zoológico de Brasília é destaque nacional com o programa de reprodução em cativeiro. "Contamos com uma equipe multidisciplinar, que inclui zootecnistas, biólogos e veterinários, além de tratadores com mais de vinte anos de zoo, o que permite um acompanhamento detalhado dos animais", ressalta Wallison Couto.
De acordo com o diretor-presidente da instituição, os recintos são planejados com uma ambientação adequada para cada espécie, visando deixar o espaço mais parecido com o habitat dos bichos. "Assim, com um ambiente adequado, os animais se sentem mais confortáveis e aptos para se reproduzir", acrescenta.
Também há intercâmbios de animais devido a parcerias com outras instituições, processo que permite, por exemplo, transferir mamíferos de um zoológico para outro quando não houver parceiros para reprodução naquele local. "Neste mês, uma equipe com conhecimentos avançados veio de um zoológico de Puebla, no México, para dar um curso sobre a reprodução de elefantes, a fim de que possamos progredir na junção de Chocolate e Belinha, elefantes do nosso zoo", disse Couto.
A gestação de elefantes leva, em média, 18 meses e, por serem animais de grande porte, é necessária uma avaliação detalhada de seus comportamentos, condicionamentos e adequações ao recinto. As emas, por outro lado, têm gestações que levam cerca de dois meses. Uma curiosidade sobre a ave é que a responsabilidade de chocar o ovo e cuidar dos filhos fica apenas por conta do macho. Em setembro, o zoo deu boas-vindas a sete novas emas.
Cuidados especiais
Filhotes recusados pelas mães precisam ser cuidados no berçário da instituição, que conta com profissionais responsáveis por alimentá-los e garantir sua segurança. Foi o caso do macaco-aranha Abu, nascido em agosto. A espécie também está em risco de extinção, devido a fatores como desmatamentos, caça e tráfico.
Quem também está no berçário recebendo cuidados especiais são duas araras-da-testa-vermelha, nascidas em setembro e filhas de Dalila e Salvador, casal que vive no zoo e que tem sido parte de um programa de reprodução monitorada. A chegada dos filhotes foi fruto de incubação artificial, a fim de garantir que as aves se desenvolvam bem, visto que são espécies raras e criticamente ameaçadas de extinção.
O nascimento das ararinhas foi seguido de exames, pesagem e monitoramento constantes, uma vez que elas ainda são altamente dependentes dos cuidados da equipe do zoológico. O processo de crescimento é lento e exige atenção, por isso a dedicação dos profissionais tem sido integral. Com menos de mil indivíduos na natureza, a arara-da-testa-vermelha é uma espécie exótica, que vive nas montanhas da Bolívia.
Outros nascimentos recentes no Zoológico de Brasília são do tamanduá-mirim Amendoim, que completou um ano este mês e, independente, já vive em seu próprio recinto; de uma tartaruga-tigre-d'água, nascida em julho e de um macaco bugio-de-mãos-ruivas, o Café, que vive no mesmo recinto que seus pais, Bel e Lipe, e seus irmãos adolescentes.
Duas jacutingas, aves que habitam a Mata Atlântica, também estão prestes a completar um ano. Os filhotes de Bela e Fera estão fora da visitação pública, para um monitoramento mais próximo e seguro da equipe do zoo, espécie ameaçada de extinção.
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