Economia

No semáforo também se ganha dinheiro

Conheça histórias de pessoas que ocupam o semáforo vendendo produtos ou pedindo doações

Para sustentar os cinco filhos, Girlanda pede nos sinais -  (crédito: Luiz Fellipe Alves/CB)
Para sustentar os cinco filhos, Girlanda pede nos sinais - (crédito: Luiz Fellipe Alves/CB)

Por falta de oportunidades de emprego, pessoas recorrem a métodos alternativos para levar o sustento para casa. A situação se agravou após a pandemia e uma das alternativas encontradas é comercializar produtos e, em outros casos mais extremos, pedir ajuda financeira nos semáforos. O Correio percorreu parte da W3 Norte, uma das avenidas mais movimentadas do Plano Piloto, e conheceu histórias de algumas dessas pessoas — e até famílias — que tentam uma fonte de renda quando os carros param no sinal vermelho. 

Marcelo da Silva, 25 anos, morador de Taguatinga, tira o sustento da família vendendo doces na W3 Norte. À reportagem, ele relatou que encontrou na venda ambulante uma forma de ajudar nas contas de casa. “Quando perdi meu emprego na pandemia, fiquei desesperado. Foi então que vi um vídeo ensinando algumas técnicas para comercializar nas ruas e conseguir algum dinheiro. A partir daí, comecei a comprar algumas balas para vender”, contou o jovem. 

O caso de Marcelo não é único. Em vários semáforos é possível encontrar histórias parecidas. Leandro Soares, 39, também começou a comercializar produtos depois de perder o emprego na pandemia. “Eu trabalhava na área de restaurantes. Depois da crise da pandemia, fui demitido e resolvi vir para as ruas. Comecei vendendo água, depois aprendi a vender doces e passei a vender panos de prato e sacos de lixo. Aí deu certo”, contou.

"Não volto para CLT"

Leandro afirmou que voltar para a CLT não é uma opção: “Não tenho vontade de voltar para o trabalho fixo. Na CLT eu recebia um salário mínimo; como autônomo, eu ganho mais. Minha diária antes era de R$ 40 e hoje tem dia que eu faço mais de R$ 100”. Com o dinheiro que consegue vendendo no semáforo, Leandro sustenta a esposa e dois filhos gêmeos. 

Durante os quatro anos que está no mesmo lugar, Leandro se sente realizado pela mudança na vida profissional. "Aqui é mais tranquilo, sem chefe gritando com você, sem sofrer humilhação. No final de semana eu não trabalho, coloco a esposa e os filhos no carro e a gente vai pescar no lago. Vejo mais vantagens aqui. Muita gente prefere vender na rodoviária, por causa do movimento, mas eu prefiro aqui. Tenho meu ponto que é tranquilo e minha clientela", completou Leandro.

Via PIX

Nem sempre é possível comercializar produtos, já que é necessário dinheiro para investir. É o caso de Girlanda Gomes, 33, que também perdeu o emprego na pandemia. Grávida do quinto filho, ela, que trabalhava como camareira, relatou ao Correio a dificuldade que tem para conseguir dinheiro para a família. “Quando eu tenho dinheiro, eu compro alguma coisa para vender. Aí quando eu não tenho, como agora, venho para os sinais pedir”, observou Girlanda, que circula entre os carros com uma placa pedindo doação de cesta básica, roupinhas de bebê e dinheiro via PIX.

*Estagiário sob a supervisão da redação


 

postado em 25/11/2024 18:13 / atualizado em 25/11/2024 20:05
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