Quase cinco anos depois, um crime ocorrido em meio a uma guerra entre gangues, que tirou de forma covarde a vida do estudante Sharley Ângelo Andrade Sirqueira, 14 anos, assassinado a tiros em 29 de novembro de 2019, teve um desfecho nesta sexta-feira (22/11) com a condenação dos responsáveis pelo homicídio que chocou o DF na época. Três pessoas, incluindo o mandante, o atirador e uma comparsa foram condenadas a mais de 87 anos de reclusão.
No dia do crime, Sharley estava sentado no meio-fio da porta da casa de uma vizinha, no Sol Nascente. O adolescente estava acompanhado de Fernando Pinho Beijamin, ex-cunhado, e aguardava a chegada da vizinha para pegar latinhas na residência. De repente, três pessoas se aproximaram de carro. Os ocupantes do veículo eram Kevin Araújo da Paz, a namorada dele, Ingrid Ferreira Lima, e o melhor amigo, Matheus da Silva de Oliveira.
Os três estavam em um Corsa Classic e tinham como objetivo tirar a vida de Fernando Pinho. A motivação? Uma guerra antiga por tráfico de drogas que culminou numa matança desenfreada a partir de julho de 2019.
Execuções
A Polícia Civil (PCDF) conseguiu fazer um cruzamento de informações que levasse às reais motivações do homicídio de Sharley e da tentativa contra Fernando. O conflito entre os grupos inimigos começou a partir da morte de um jovem chamado Gabriel Poncio de Souza, morto por Kevin e Rosangela de Freitas, segundo relatório policial.
O cunhado de Gabriel prometeu vingança pela morte do familiar e dias depois, ainda em julho de 2019, Rosangela foi encontrada morta dentro de um bar, na QNN 19. Testemunhas da época relataram que amigos de infância de Gabriel, incluindo Fernando Pinho, teriam sido os autores do homicídio de Rosangela.
No documento policial consta, ainda, que Fernando teria ido ao encontro de Kevin e tentado efetuar disparos de arma de fogo contra Kevin em frente a uma distribuidora, mas a arma falhou. A tentativa culminou em um plano de vingança articulado por Kevin junto à namorada e a Matheus.
Plano e condenação
Os três assassinos usaram uma arma de fogo calibre .40 para matar Fernando. O alvo, segundo a polícia, não era Sharley. O menor, na verdade, teria sido usado como “escudo” por Fernando. Sharley foi executado com sete tiros nas costas e na nuca, enquanto Fernando foi alvejado nas pernas e sobreviveu.
A Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri de Ceilândia obteve a condenação dos três envolvidos. Kevin Araújo, que coordenou o crime, recebeu pena de 39 anos e 6 meses de reclusão. Matheus, autor dos disparos, foi condenado a 31 anos e 7 meses. Ingrid Ferreira Lima, que prestou apoio ao grupo e acompanhou a execução, foi condenada a 16 anos e 4 meses.
O julgamento teve início na manhã de quinta-feira (21/11) e se estendeu até a madrugada de sexta-feira. A sessão durou mais de 16 horas.
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