Os dois moradores do Distrito Federal que estavam presos desde a última sexta-feira (15/11) no aeroporto Internacional La Aurora, na Guatemala, foram liberados a voltarem para casa na madrugada desta quinta-feira (21/11). O engenheiro de software João Vitor de Souza, morador de Águas Claras, e o estudante Lucas Alves, de Taguatinga, ambos de 25 anos, foram impedidos de entrar no país durante o procedimento de imigração, quando as equipes alegarem haver inconsistências nas informações apresentadas pelos jovens. Os outros dois amigos que acompanhavam João Vitor e Lucas, Estênio Ramalho, também do DF, e Mateus Fontenele, que embarcou em João Pessoa (PB), conseguiram entrar no país
Ao Correio, Lucas contou que foram acordados às pressas na madrugada desta quinta-feira (21/11), por volta das 4h. "Conseguimos um voo de volta ao Brasil. Estamos retornando agora. Foi tudo muito rápido", disse.
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Segundo os jovens, a viagem foi planejada pelos amigos com antecedência, para que pudessem passar as férias juntos, mas o roteiro foi modificado logo que desembarcaram na Guatemala. "Não conseguimos nem sair do aeroporto porque fomos inadmitidos a entrar no país. O maior problema não foi sermos barrados, a gente sempre soube que isso poderia acontecer, mas a questão é que, depois disso, a gente foi mandado para uma sala e agora estamos sem notícias nenhuma do voo de volta; a imigração diz que a responsabilidade é da Copa Airlines, a companhia aérea, mas não temos nenhuma resposta", disse.
"Local é nojento"
"A única declaração explícita que eles deram foi inconsistência nas informações, o que a gente não entendeu, porque as perguntas básicas são as mesmas e as nossas respostas eram as mesmas dos nossos amigos. Até mesmo a documentação das reservas, porque íamos para os mesmos lugares e passeios, os voos de ida e volta eram os mesmos e a quantidade de dinheiro também", apontou Lucas.
Os jovens dormiram em uma sala ao lado de outras pessoas que também foram impedidas de entrar no país, incluindo crianças. Lucas descreveu o local como "completamente insalubre". "A gente dorme aqui, temos acesso ao banheiro, mas não temos como tomar banho. Eles dão alimentação e água, mas o local é nojento, cheio de barata, os colchões ficam no chão, as beliches são quebradas, há um mau cheiro e a gente nem sabe há quanto tempo o espaço foi limpo." O estudante contou que as pessoas que dormem na sala é que limpam o local para a situação ficar menos deplorável.
"Estamos ficando desesperados"
Lucas disse que procuraram ajuda da equipe de imigração do aeroporto onde estão, mas foram informados de que a volta para casa depende da autorização da companhia aérea, a Copa Airlines. Em contrapartida, a empresa disse ao aeroporto, conforme repassaram aos jovens, que está com problema de superlotação nos voos com destino ao Brasil e, por isso, não consegue trazê-los. "Eles alegam superlotação, mas a gente viu no aplicativo e no site que dá para comprar a passagem. Nossos pais já confirmaram essa possibilidade na Copa Airlines no aeroporto de Brasília. Os funcionários informaram que há 20 acessos disponíveis para o voo com destino ao Brasil, checamos as vagas no aplicativo e no site. Mesmo assim, eles não nos autorizam a voltar."
Lucas também alegou que não receberam ajuda da representação brasileira no pais nos primeiros três dias em que permaneceram na sala do aeroporto. "A gente mandava mensagem para eles, mas eles diziam que não podiam fazer nada, somente avisar as autoridades locais", relatou. Segundo ele, depois que o caso tomou proporção nas mídias e nas redes sociais, houve um contato da embaixada com a imigração, pessoalmente. A imigração reiterou que depende da companhia aérea.
João Vitor e Lucas conseguiram contato com a companhia no Panamá, por meio de ligação. Eles afirmam que gravaram toda a conversa, em que o funcionário da própria empresa disse que nunca viu uma situação semelhante anteriormente. "Ele disse que geralmente as pessoas voltam no mesmo dia ou no dia seguinte, no mais tardar." O Correio Braziliense tentou contato com a Copa Airlines, mas não obteve respostas até o momento.
"Hoje, entrei em contato com um advogado e passei o telefone dele para minha mãe. Ele é de Brasília e está nos auxiliando pelo WhatsApp. O nosso intuito agora é conseguir, pelo menos, uma liminar na Justiça", declarou Lucas.
Veja imagens do local em que os jovens estão: