ENTREVISTA

"Nosso papel é defender o Estado", afirma presidente eleito da OAB-DF

Ao CB.Poder, Paulo Maurício Braz, o Poli, presidente eleito da OAB-DF, afirmou, ao comentar sobre atentados à democracia, que a entidade será o fiel da balança

Presidente eleito da OAB-DF, Poli fala sobre as prioridades da entidade ao CB.Poder -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Presidente eleito da OAB-DF, Poli fala sobre as prioridades da entidade ao CB.Poder - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

O papel da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Distrito Federal, em relação aos atos antidemocráticos, como o 8 de janeiro e o atentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), foi destacado por Paulo Maurício Braz Siqueira, o Poli, presidente eleito da entidade, em entrevista ao CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília. Na entrevista conduzida pelas jornalistas Adriana Bernardes e Denise Rothenburg, Poli adiantou que a formação da jovem advocacia é a principal prioridade. Outra questão na pauta é o endividamento que afeta advogados.

Era uma vitória esperada, as pesquisas mostravam isso. O senhor ainda estava incerto antes das eleições?

Tinha bons indicativos nas pesquisas, mas campanhas são sempre assim: é preciso esperar a urna abrir para ter certeza da vitória. Trabalhamos muito para isso.

Como fica a relação com o governador Ibaneis Rocha (MDB) depois da sua vitória, considerando que ele fez campanha para outro candidato?

Vamos seguir com a mesma independência que tivemos nos últimos seis anos. Fomos eleitos com esse mote, inclusive. Seremos parceiros dos bons projetos, como fomos na Advocacia Dativa (programa de acesso à Justiça e fomento à atividade de advogados iniciantes), que saiu da OAB e foi aprovado na Câmara Legislativa. Mas seremos firmes e cobraremos as instituições, de forma geral, não apenas o Governo do Distrito Federal (GDF), para que se respeite a Constituição, as leis, e para que a sociedade alcance o que espera em saúde, transporte, educação, além de garantir que a advocacia seja respeitada.

Entre as promessas de campanha que o senhor fez, qual é a que dá para cumprir primeiro?

A formação da jovem advocacia é a nossa prioridade zero, porque a gente tem muitos colegas chegando com conhecimento teórico, mas precisando muito do nosso apoio para aprender a parte prática. Então, a formação continuada com a nossa Escola do Amanhã, com a nossa Agência de Desenvolvimento da Advocacia e o Primeiro Meu Escritório — terá ênfase em tudo isso desde 1º de janeiro, além de melhorar os projetos que estamos realizando hoje. E, depois disso, pensar na estrutura física, para que proporcionemos à advocacia uma sala para atender a seus clientes e realizar audiências. E pensar também bastante na questão dos grandes endividados, que, nesta campanha, percebemos ser um problema grave da sociedade em geral, mas que afeta especialmente a advocacia.

O senhor já tem levantamento de quantos dos 55 mil advogados que existem no Distrito Federal estão nesse processo de endividamento?

A gente vai fazer o levantamento exatamente nesse núcleo, para que façamos um estudo dessa situação, oferecendo apoio a eles com orientação, analisando como conseguimos ajudá-los e, principalmente, trabalhando com acesso a crédito, por meio de parcerias que a OAB pode proporcionar, para auxiliarmos essas pessoas. Porque, no final das contas, estamos falando de saúde física e mental. A pessoa precisa ter condições de trabalho. E uma pessoa endividada e fora das condições normais não consegue estar apta para desenvolver bem a carreira.

Uma das propostas de campanha da sua chapa é a defesa da democracia e das instituições. Recentemente, tivemos ataques ao Supremo Tribunal Federal, a tentativa de colocar uma bomba em um caminhão de combustível no aeroporto, os atos de 8 de janeiro, entre outros. Qual será o papel da OAB-DF em sua gestão diante dessas situações?

A primeira coisa é cobrar das instituições que defendam os nossos prédios públicos, a democracia e todos os seus aspectos. Seremos o fiel da balança para mostrarmos que não pode haver excessos partidários e radicalismo. A OAB é um centro de estudos e de discussões para defender a Constituição, de forma geral. Seremos bastante fiscalizadores e firmes com as instituições em geral, como a polícia e o Ministério Público, cobrando que quem atente contra qualquer prédio público, instituição ou à democracia, responda duramente dentro da lei, com o devido processo legal, mas com firmeza. A OAB terá um papel fundamental, pois há muito partidarismo e posições que fogem do interesse público. Nosso papel é defender o Estado, não um governo.

Veja a entrevista:

*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso

 

postado em 19/11/2024 03:00
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