Obituário

Brasília se despede de Paulo Iolovitch, artista que coloriu a capital

Em cerimônia intimista, familiares e amigos destacaram o legado de Azul, como também era chamado. Além de ser conhecido por participar de exposições, ele ganhou notoriedade ao percorrer bares e restaurantes com suas telas debaixo de baixo

Despedida ocorreu na manhã desta segunda-feira (18/11) -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Despedida ocorreu na manhã desta segunda-feira (18/11) - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

"Paulo trouxe vida para Brasília. Falamos que aqui não há esquinas, mas sua arte estava em 'todas as equinas' da capital. Ele levou arte para as ruas". Assim descreveu a produtora e artista plástica Liana Farias, 41 anos, ao ser questionada sobre o legado do reconhecido artista plástico Paulo Iolovitch, que faleceu aos 88 anos no último domingo (17/11). Ele foi velado na manhã desta segunda-feira (18/11), em uma cerimônia intimista no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. 

Liana Farias foi uma das responsáveis por produzir o documentário Grafite Ambulante, que trata da obra do pintor. O curta-metragem, que mergulha na intimidade de Iolovitch, registra o impacto de seu trabalho criativo no cotidiano de Brasília, mostrando que a arte pode ser simples sem deixar de ser bela e valiosa. "Foi nos bares que o conheci, descobrindo sua genialidade", completou a produtora. 

Paulista de nascimento e brasiliense de coração, Azul, como Paulo também era conhecido, chegou em Brasília em 1962. Veio atrás de um grande amor e ficou, ganhando notoriedade ao percorrer bares e restaurantes com suas telas debaixo do braço. O roteiro incluía o Bar Brasília, Mercado Municipal e Beirute. Seu trabalho chama atenção pelas cores fortes e pela liberdade de não se apegar a um único estilo. 

  • Despedida ocorreu na manhã desta segunda (18)
    Despedida ocorreu na manhã desta segunda (18) Ed Alves/CB/D.A Press
  • Despedida ocorreu na manhã desta segunda (18)
    Despedida ocorreu na manhã desta segunda (18) Ed Alves/CB/D.A Press
  • Liana Faria destacou a genialidade Iolovitch.
    Liana Faria destacou a genialidade Iolovitch. "Deixa um legado para Brasília" Ed Alves/CB/D.A Press

O legado do pintor influenciou vários outros artistas na capital, como Nelson Maravalhas, 68, professor do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). "Conheci Paulo há cerca de 50 anos e já me surpreendi com seu trabalho, me inspirei. Diferentemente de outros artistas, já reconhecidos, que vieram para Brasília, ele (Paulo), iniciou e desenvolveu sua carreira aqui, tornando-se pioneiro na região", comentou.  

Paulo Iolovitch faleceu de causas naturais e sofria com demência, devido à idade avançada. Nos últimos seis anos, conviveu com a doença de Parkinson, que limitou seus movimentos e sua produção artística. Ele deixa dois filhos, um neto e uma legião de fãs.

postado em 18/11/2024 13:10 / atualizado em 18/11/2024 15:28
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