"Paulo trouxe vida para Brasília. Falamos que aqui não há esquinas, mas sua arte estava em 'todas as equinas' da capital. Ele levou arte para as ruas". Assim descreveu a produtora e artista plástica Liana Farias, 41 anos, ao ser questionada sobre o legado do reconhecido artista plástico Paulo Iolovitch, que faleceu aos 88 anos no último domingo (17/11). Ele foi velado na manhã desta segunda-feira (18/11), em uma cerimônia intimista no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Liana Farias foi uma das responsáveis por produzir o documentário Grafite Ambulante, que trata da obra do pintor. O curta-metragem, que mergulha na intimidade de Iolovitch, registra o impacto de seu trabalho criativo no cotidiano de Brasília, mostrando que a arte pode ser simples sem deixar de ser bela e valiosa. "Foi nos bares que o conheci, descobrindo sua genialidade", completou a produtora.
Paulista de nascimento e brasiliense de coração, Azul, como Paulo também era conhecido, chegou em Brasília em 1962. Veio atrás de um grande amor e ficou, ganhando notoriedade ao percorrer bares e restaurantes com suas telas debaixo do braço. O roteiro incluía o Bar Brasília, Mercado Municipal e Beirute. Seu trabalho chama atenção pelas cores fortes e pela liberdade de não se apegar a um único estilo.
O legado do pintor influenciou vários outros artistas na capital, como Nelson Maravalhas, 68, professor do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB). "Conheci Paulo há cerca de 50 anos e já me surpreendi com seu trabalho, me inspirei. Diferentemente de outros artistas, já reconhecidos, que vieram para Brasília, ele (Paulo), iniciou e desenvolveu sua carreira aqui, tornando-se pioneiro na região", comentou.
Paulo Iolovitch faleceu de causas naturais e sofria com demência, devido à idade avançada. Nos últimos seis anos, conviveu com a doença de Parkinson, que limitou seus movimentos e sua produção artística. Ele deixa dois filhos, um neto e uma legião de fãs.