Luto

Enterro da 20ª vítima de feminicídio é marcado por comoção e revolta

Parentes e amigos de Maria Mayanara Lopes, 21 anos, relataram que querem justiça pela morte da jovem. Suspeito de cometer o crime está foragido

A mãe da jovem chegou a entrar em desespero e chorava alto durante o velório -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
A mãe da jovem chegou a entrar em desespero e chorava alto durante o velório - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

O corpo de Maria Mayanara Lopes Ribeiro, 21 anos, foi enterrado na tarde deste sábado (16/11), em Santo Antônio do Descoberto (GO), sob forte comoção de parentes e conhecidos da vítima, que foi morta a facadas na última quinta-feira (14/11).

A mãe da jovem chegou a entrar em desespero e chorava alto durante o velório. No momento do sepultamento, ela acariciou a cabeça da filha. “O que vou falar para os seus filhos? Como alguém faz uma maldade dessas, meu Deus?”, questionou.

Nenhum dos presentes no enterro de Maria Mayara quis se identificar, por estarem com medo de Daniel Silva Vitor, 43, suspeito de cometer o crime. Eles relataram que os filhos de Maria, de 1 e 3 anos de idade, vão ficar na casa de um tio da vítima.

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“Quando passa alguma coisa na TV, o mais novo fala que o ‘tio Daniel matou mainha’. É muito triste”, afirmou um familiar. “Queremos justiça. Foi uma covardia muito grande, ainda mais por ter acontecido na frente de três crianças”, acrescentou.

Ameaças

O irmão da vítima, que preferiu não se identificar, afirmou que o casal estava junto há seis meses, num relacionamento marcado por brigas constantes e comportamento possessivo do agressor. A família era contrária à relação e sabia que ele tinha um mandado de prisão em aberto.

Ele contou que Daniel ameaçava todos de morte. Este seria o motivo principal para que a jovem não tivesse feito nenhum boletim de ocorrência ou entrado com pedido de medida protetiva contra Daniel.

Ainda segundo ele, a mãe da vítima só apareceu no enterro pois disseram que a polícia estaria no local para fazer a segurança. “Todos estão revoltados. Não só a família, mas todo mundo que conhecia ela”, comentou.

Ciúmes

Amiga próxima da vítima disse que, quando ela estava sozinha, era uma pessoa sorridente, mas, quando o Daniel estava por perto, Maria Mayara fingia que não conhecia ninguém. “Nunca vi ele ser violento com as crianças, mas dava para perceber que ele era muito ciumento. Sempre tinha outro homem por perto, ele agia de uma forma completamente diferente”, detalhou.

Sobre o velório, ela disse que o clima era de desolação. “Tive que sair porque (o clima) está muito pesado. A mãe e a avó da Maria estão inconsoláveis”, relatou.

Nascida em Tangará, no Rio Grande do Norte, Maria Mayanara havia se mudado para o assentamento, onde conheceu o autor do crime, que mantinha um barraco na região. A vítima foi assassinada com golpes de faca no rosto e no pescoço pelo companheiro, em Samambaia Norte. O homem ainda não foi localizado e é considerado foragido da polícia.

postado em 16/11/2024 16:49
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