No mês dedicado ao combate contra o câncer de mama, o Correio Braziliense promoveu o evento Câncer de mama: uma rede de cuidados. O encontro, mediado pelas jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte, teve o objetivo de debater sobre a doença e alertar a população, principalmente as mulheres, sobre a importância do diagnóstico precoce. A secretária de Saúde do Distrito Federal, Lucilene Florêncio, abriu as discussões.
"Temos um caminho, que é trabalhar o diagnóstico precoce, e é nele que nos ancoramos para termos uma possibilidade de cura de até 95%", afirmou. A gestora disse que, no Distrito Federal, há 14 mulheres aguardando pela cirurgia de câncer de mama na rede pública. Ela trouxe informações acerca do trabalho da pasta para atender às pacientes, ampliar o serviço e zerar essa fila de espera. "Temos que nos unir", enfatizou Lucilene. "São mulheres brasileiras e a gente, em cada local, precisa ter uma assistência. Chegar cedo e rápido e cuidar", afirmou.
Das 14 mulheres na fila, quatro estão em situação mais crítica, de acordo com a secretária de Saúde. "O câncer de mama corrobora com 11% de todos os cânceres no mundo. É preciso falar do autoexame, da ultrassonografia e do exame padrão ouro, que é a mamografia. A nossa busca constante é para complementar a radioterapia e ampliar o centro de quimioterapia", detalhou. Lucilene espera sanar essa fila até o fim do ano. Outra meta é que a pasta otimize os consultórios de oncologia, para que as pacientes tenham planos terapêuticos desenhados e que sejam atendidos.
O presidente do Correio Braziliense, Guilherme Machado, ressaltou a importância do que foi dito pela secretária de Saúde, destacando as iniciativas da rede pública. "São coisas fundamentais e estão no sistema público, de graça", observou. "Daí, é possível ver a importância de se ter um evento como esse, anualmente, para mostrar as novas tecnologias disponíveis e o que o sistema de saúde público, principalmente, está disponibilizando para a prevenção do câncer de mama", completou Machado.
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Prevenção
O primeiro painel abordou o tema Diagnóstico e fatores de risco. Abrindo os trabalhos, a mastologista do Hospital de Base Carolina de Miranda destacou que, somente no DF, existem 585 mil mulheres na faixa de idade do rastreamento mamográfico — realizado em pacientes assintomáticos —, que é dos 40 aos 74 anos. "Em média, são realizados oito mil exames por ano, o que é muito pouco para a quantidade de pacientes que precisam ser rastreadas", lamentou. "Com isso, a gente vê que o desafio é muito grande. Por isso, temos que tratar como problema de saúde pública", acrescentou a especialista.
Carolina de Miranda lembrou que, em 2023, foi lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o desafio global contra o câncer de mama. "Ele traz três pilares: fazer diagnóstico precoce; diminuir o intervalo entre diagnóstico/início do tratamento; e manter as mulheres no tratamento até o fim. O interessante é que essas vertentes são coisas que podem ser utilizadas na saúde pública do país", assinalou.
A mastologista também apontou que a doença é multifatorial. Por isso, é importante conhecer os fatores de risco. "A idade é o principal fator de risco para o câncer de mama. Mulheres acima de 50 anos estão mais sujeitas a desenvolver a doença", explicou. "Temos alguns trabalhos científicos, desenvolvidos no Hospital de Base, em que o pico de incidência de câncer de mama na nossa realidade está dentro dos 54 anos", informou a médica.
Alimentação
Em seguida, Gianna Rosa, supervisora de Nutrição do Hospital Daher e especialista em nutrição oncológica, falou sobre hábitos saudáveis no combate ao câncer de mama, como alimentação, hidratação, sono e exercício físico. "Todos esses fatores nos ajudam a evitar o risco de câncer. Pequenas mudanças, como fazer uma caminhada de dez minutos ou trocar um lanche ultraprocessado por uma fruta, fazem a diferença", ressaltou.
A especialista detalhou que todos os alimentos ultraprocessados estão ligados a uma metabolização mais pesada para o corpo. "São substâncias químicas, então, é como se estivéssemos tomando grandes quantidades de remédio todos os dias, o que pode sobrecarregar o fígado e os rins", alertou.
De acordo com Gianna, quanto mais natural for o alimento, melhor para o organismo. "Temos que pensar na simplicidade de antigamente, como comer mandioca, frutas, carnes magras. É sempre mais saudável do que consumir produtos industrializados", opinou. "Não existe um alimento específico que, se eu comer, vai prevenir uma doença, é preciso variar os alimentos dentro da dieta", acrescentou a nutricionista.
Conhecero próprio corpo
A oncologista do Hospital Anchieta, com atuação em tumores femininos, Rafaela Costa, destacou que o câncer de mama é, de fato, um problema de saúde pública. "Atualmente, ele está quase igual ao risco cardiovascular. Só que existe a prevenção. Por isso, não é preciso ficar tratando a doença o tempo todo, sendo que temos métodos de prevenção em saúde", opinou. "A conscientização é essencial para que a gente reduza, inclusive, o número de pacientes tratados na rede pública de saúde", observou.
Rafaela ressaltou que as mulheres precisam buscar o médico regularmente. "Mais do que isso, é necessário ter o autocuidado. As mulheres precisam conhecer o próprio corpo, para buscar qualquer alteração (na mama), relatar ao médico e ter o diagnóstico precoce", argumentou. "Isso faz as chances de cura crescerem bastante, ficando acima dos 90%, impactando não só na mortalidade, mas diminuindo a quantidade de tratamentos oferecidos para essas mulheres, deixando o tratamento menos oneroso para quem tem a doença", avaliou a oncologista.
Colo de útero
Além do câncer de mama, Rafaela Costa ressaltou que, neste ano, em especial, o Ministério da Saúde incluiu na campanha do Outubro Rosa o câncer de colo de útero. "Ele é um dos tumores que mais acometem mulheres, sendo a terceira causa de câncer", relatou. "É uma doença altamente prevenível, por meio da vacina contra o HPV, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS)", complementou.
A oncologista enfatizou que é preciso reforçar o autocuidado, buscar os métodos de prevenção em saúde, além de lembrar às mulheres que ir ao médico regularmente e fazer os exames de rastreamento salvam vidas. "Estamos falando de intervenções que podem curar, podem impactar a vida dessas mulheres. Por isso, é preciso trazer informações de qualidade sobre esses assuntos", reforçou.
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