A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) celebrou seu bicentenário de fundação no país, nesta quarta-feira (16/10), com uma sessão solene na Câmara dos Deputados. As pastoras Silvia Genz e Patrícia Bauer falaram da história da instituição — iniciada com a chegada ao território nacional, em 1824, de imigrantes europeus que frequentavam tempos luteranos —, ao Podcast do Correio. Ela foi entrevistada pelas jornalistas Mila Ferreira e Liana Sabo. As religiosas destacaram que as comemorações de dois séculos de existência da IECLB incluem a realização de um encontro, até domingo (20), no templo localizado na Asa Sul, na entrequadra 405/406.
Sílvia e Patrícia explicaram que os luteranos se distinguem de outras denominações cristãs, principalmente da Igreja Católica, por suas crenças originadas na Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero no Século 16. Entre outras singularidades está a rejeição à obediência ao papado no Vaticano.
As pastoras também manifestaram preocupação com a diminuição, ano após ano, do número de fiéis nos cultos de sua igreja na capital federal. Por esse motivo, decidiu-se trazer as festividades do bicentenário para o DF, ao invés de realizá-las na sede em Porto Alegre (RS). Segundo elas. a falta de conexão com os jovens e o afastamento da IECLB de debater questões sociais e culturais contribuem para a diminuição do interesse dos fiéis.
Sílvia comenta que a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil está adotando medidas para combater essa fuga. "Para reverter essa tendência, é essencial promover um ambiente acolhedor e envolvente, onde os jovens se sintam valorizados e ouvidos", disse. Ela acrescentou que também se está flexibilizando a oferta de postos de liderança em sua congregação para os mais novos.
"Papéis de liderança na igreja devem ser dados aos jovens para garantir a continuidade e a relevância da comunidade de fé. Eles são a igreja de agora, não apenas do futuro. Sua inclusão em posições de liderança permite que expressem suas ideias e talentos. Além disso, ao assumir responsabilidades, os jovens desenvolvem habilidades essenciais, como liderança e trabalho em equipe, preparando-os para desafios futuros", explicou.
Gêneros
A pastora também afirmou que a IECLB valoriza homens e mulheres de igual forma, reconhecendo suas capacidades, opiniões, trabalho e contribuições valiosíssimas para a Igreja. Ambos, tanto homens quanto mulheres, são considerados líderes e provedores em diferentes contextos, compartilhando igualmente as responsabilidades. O papel feminino não é restrito ao apoio e cuidado, mas envolve também liderança, enquanto o masculino também exerce funções de cuidado e suporte. Essa é a interpretação religiosa que a IECLB promove e acredita.
Como primeira mulher a presidir a IECLB, Silvia, contudo, entende que sua experiência contribui para inspirar outras adultas, jovens e meninas a se envolverem ativamente na congregação e na sociedade. "É necessário valorizar as competências e o conhecimento das mulheres. Essa inclusão é um passo importante para combater a violência de gênero e promover uma convivência mais equitativa", pontuou.
Patrícia, por sua vez, relembrou como Jesus amou e valorizou as mulheres chegando, conforme as sagradas escrituras que o descrevem para os cristãos, a desafiar normas sociais da época em que viveu. "Ele interagiu com mulheres de diferentes contextos, como a da passagem religiosa da samaritana no poço, demonstrando empatia e oferecendo nova identidade. E Maria Madalena, escolhida para ser a primeira a testemunhar a ressurreição de Cristo. Assim, Jesus não apenas valorizou as mulheres, mas também as colocou no centro de sua missão", explicou.
Ela expressou seu desejo de ver a IECLB mais inclusiva e representativa, onde todas as pessoas possam se sentir acolhidas, independentemente de sua origem ou identidade. E considerou que a Igreja Luterana deve se reafirmar como uma instituição brasileira, aberta à diversidade e comprometida com o diálogo e a convivência pacífica entre todos os seus membros.
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